sábado, 27 de dezembro de 2008

Natividade

Tudo nasce. Somente a noite morre. A luz que vem do leste faz as trevas sucumbir. Nasce o dia. Da mesma forma, a noite nasce, fazendo o dia mergulhar na imensidão das trevas. A noite ilumina o poeta a escrever um poema, e sonhar que um grande amor vai nascer. É na noite que as serenatas eram realizadas. É na noite que o corpo repousa.

O que seria do mercado se não houvesse a publicidade? A publicidade é tão essencial para as vendas que às vezes ela se torna uma propaganda. A publicidade pode transformar um simples produto num campeão de vendas. É o caso da natividade de Jesus.
Tomando como base as posições dos astros, um astrônomo quer provar que Jesus nasceu em julho e não em dezembro. Segundo suas explicações, em julho daquele ano Vênus e Júpiter se sobrepuseram e provocou um efeito visual de uma grande estrela no céu nunca vista. Por outro lado o astrônomo pode ter lido Esdras, Jeremias e Lucas, que relatam que pastores cuidavam dos rebanhos ao relento. Prática que não podia ser realizada no inverno.

Se nasceu no inverno ou no verão, pouco importa. O fato é que Jesus tem sido a luz que ilumina o caminho de muita gente. E também pouco importa se nasceu ou não. A publicidade de seu nascimento virou propaganda. Em dezembro os povos pagãos celebravam o nascimento do filho de uma virgem. Que era um Deus.

Paralelamente a este lado místico, existe o presente de natal. Toda criança espera o dia de natal para ganhar um presente. Neste dia as crianças bem comportadas ganham presentes. Um pouco da tradição se perdeu. Todas as crianças ganham presentes. Mesmo as que tenham tido mau comportamento. O simbolismo se perdeu. As crianças deixaram de ser educadas.

Sempre nasce um sonho na noite de natal. Não precisa ser criança. Neste natal ganhei um conjunto de ferramentas. Profissionalmente não serve para nada, mas esperei a vida toda para ganhá-las. Natividade é isto. Ver um sonho nascer.

Da mesma forma que o sol nasce, nós nascemos todos os dias. Toda manhã acordamos com a luz que vem do oriente. Quando pequenos fomos conduzidos pelas mãos de nossos pais. Depois, como pais, conduzimos os passos de nossos filhos. A natividade só se completa quando nada mais temos a acrescentar. A não ser dar palpites gratuitos.

Tudo nasce. Somente a noite morre. A sábia luz que vem do oriente faz as trevas sucumbir. Nasce o dia. Da mesma forma que o dia, a noite nasce, fazendo-o mergulhar na imensidão das trevas. A noite de natal é diferente. Ela é iluminada pelas luzes e pelo espírito da natividade.

A última noite de natal estava quase acabando. Como nascemos todos os dias com o sol, minha tia não quis mais nascer aqui. No final da noite, quando a luz do oriente estava chegando, ela seguiu o caminho iluminado que a conduziu para o plano espiritual do oriente eterno.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Penalidade

Dá para tirar ensinamento de tudo que está a nossa volta. Até da maior fonte de corrupção do Brasil e do mundo. Tira-se ensinamento do futebol. É possível.

Numa partida de futebol existe uma pessoa que dirige a partida. Tem poderes ilimitados. Em campo suas decisões são incontestáveis. Esta pessoa é o árbitro de futebol. Num piscar de olhos ele tem que analisar o delito cometido pelo jogador. Verificar no regulamento qual foi este delito. Em seguida aplicar a penalidade.

O juiz de direito tem que seguir o código de processo disso, código de processo daquilo. Juntar uma oitiva. Se for o caso, deprecar para outra comarca algum ato processual. Para ser árbitro de futebol não precisa ser nada. O fato é que o árbitro decide em instantes. O juiz decide quando for possível. O que mais entristece é que os magistrados são reféns. Nada podem fazer a não ser cumprir a lei.

Semana passada li uma manchete da Folha de São Paulo muito interessante: 43% das pessoas entrevistadas concordam em parte ou totalmente com a frase “bandido bom é bandido morto”.
Esta pesquisa foi paga pelo governo federal. Notaram que a pesquisa foi contratada pelo governo federal? Pois bem, esta não é a opinião da maioria das pessoas que eu conheço e com as quais tenho mantido diálogo sobre a criminalidade em nossa região. O povo vibra quando o árbitro marca um pênalti. Penalidade máxima no futebol. Exceto os defensores dos direitos humanos, a esmagadora maioria gostaria que a pena máxima, a de morte, fosse aplicada.
Não sei quanto tempo faz. Recebi um e-mail muito interessante. Atiradores do Canadá foram contratados para eliminar terroristas que montavam guarda nas montanhas do Afeganistão.
Guardada as devidas proporções, algo semelhante aos bandidos que montam guarda nos morros do Rio de Janeiro. A olho nu não era possível ver o terrorista em seu posto. Só após o estampido que se via o corpo voando de seu abrigo após ser atingido pelo projétil da arma letal.

Faz pouco tempo. Recebi um e-mail muito mais interessante. Trata-se de como negociar com seqüestradores. Não consegui perceber em que país as cenas foram gravadas, mas a polícia tratava bandido como bandido. Todas as vidas são importantes, mas a vida de um cidadão honesto vale mais. Para salvar a vítima a polícia atirava para matar. O bandido morreu e o refém ficou livre.
Esperar o que de um bandido? Cordialidade ao assaltar? Do jogador de futebol dever-se-ia esperar cordialidade. Afinal para eles futebol é trabalho. Não é laser. O que se vê nos estádios são atos de violência para parar uma jogada do adversário. Pouco importa ao agressor se o seu colega vai ficar inutilizado para o resto da vida. Em determinadas partidas, não parecer ser de jogadores de futebol e sim de gladiadores.

Provavelmente esta violência tem sua origem nos treinamentos. Em recente entrevista para a TV um treinador disse que fazer falta é um recurso para não perder a partida. Embora o árbitro tenha aplicado a penalidade, o agressor saiu beneficiado.

Fora dos gramados os costumes são semelhantes aos aplicados numa partida de futebol. O povo dá ouvido a treinadores de comportamentos. Tirar vantagem para si em detrimento de outros é o mesmo que matar uma jogada. Há uma vantagem para quem cometeu o delito. Não existe nenhum árbitro para aplicar a penalidade. A regra da vantagem no futebol, se inverteu nas normas de comportamento social. Honestidade não é mais uma virtude a ser exibida pelas pessoas de bem. Lembram das palavras do Rui Barbosa? Os administradores públicos deveriam observar a regra da vantagem do futebol. Às vezes um ato pode ser legal, mas é imoral. É o caso dos precatórios de Birigui.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mistérios

Como existem mistérios na organização da sociedade. Mistério pode ser um dogma religioso, como exemplo a Santíssima Trindade. Mistérios também é o encanto de linda mulher. Conhecimento reservado a iniciados também é mistério.

A estrutura do governo federal também é um mistério. Por que ter vinte e três ministérios, oito secretarias, cujos secretários têm status de ministros e seis outros órgãos, onde os chefes também têm status de ministros?

É hora de corta na própria carne. Não é mais época das vacas gordas. O pasto está secando. Esta chegando uma tempestade, mas não a água que salva a lavoura. É uma tempestade que pode destruir a lavoura. A crise internacional não chegou aos olhos do Presidente da República, segundo suas declarações.

Esta frase não é minha, mas também não sei de quem é: otimista é o indivíduo que ignora os fatos. O Presidente é ignorante ou está querendo tapar o sol com a peneira? Pois bem, mesmo negando para a mídia que o Brasil está imune à crise internacional, o governo já investiu cerca de duzentos e cinqüenta milhões para conter a crise. Estes recursos não foram liberados diretamente. Referem-se, entre outras ações diminuição da alíquota do depósito compulsórios dos bancos para com o Banco Central.

Talvez não haja crise no Planalto Central, para que não se corte na própria carne os gastos desnecessários. Por que tantos ministérios? Todos sabem que os ministérios desnecessários foram criados para abrigar apadrinhados e arrecadar fundos para o partido. É uma maneira legal de desviar recursos públicos. Para causa socialista, defendida com armas no passado, ou para os cobres da Suíça.

O povo não é otimista e nem é ignorante. O povo não tem opinião. Segue o líder. Seja ele quem for. Segue Jesus somente durante a missa dominical ou nos cultos das inúmeras igrejas evangélicas. Dá voto de confiança ao Presidente e apóia o Prefeito.

O Brasil é o país dos impostos. Para conter a crise, e evitar o desaquecimento da economia, o governo zerou o imposto sobre produtos industrializados para carros populares. E diminuiu pela metade outros tipos de carros. Será que o imposto sobre arroz e feijão também vai abaixar? Não vai. O povo compra arroz e feijão haja crise ou não. E tem mais um fator. Metalúrgico não produz arroz e feijão.

Realmente não há crise no governo. As organizações não governamentais continuam funcionando normalmente. Funcionar normalmente para estas organizações, é continuar recebendo recursos do governo. Uma destas organizações é a Confederação das Mulheres do Brasil. Só este ano esta organização recebeu mais de dois milhões de reais. Embora a presidente desta confederação não more em Paçagarda, ela é amiga do rei. Por outro lado existem organizações não governamentais que não são amigas do rei e nem do prefeito. Estas não recebem recursos. Só processos na Justiça e ameaças de morte.

Estamos em crise ou não? Está para ser aprovada uma proposta de emenda constitucional, pelo Congresso Nacional. Haverá aumento do número de vereadores em Birigüi. E em Araçatuba também. É bom ou é ruim.

Será ótimo. Haverá mais pessoas dando palpites pelo mesmo preço. O orçamento da Câmara de Vereadores não é proporcional ao número de vereadores. Outro fator. Subornar seis vereadores é mais fácil do que subornar nove. A não ser que não haja crise por aqui. Como não há no Palácio do Planalto.

É um mistério que nenhum mago consegue desvendar. O salário dos funcionários é calculado conforme a produção. Seja na indústria ou no comércio. Mas quem decide é o patrão. Não é o caso dos vereadores e deputados. Eles próprios decidem quanto dever ganhar. E o salário de seus assessores também.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Décadas

Há décadas, que a Rua do Perímetro não existe mais. Como o nome diz, esta rua era a fronteira do universo urbano com o infinito mundo rural. Mundo que abrigava em seu seio lavouras de café, algodão, milho, amendoim, arroz, feijão e pasto para o gado. Sem contar com o galinheiro e o mangueirão. Frangos, galinhas poedeiras e porcos. Todos tratados com milho. A roça sempre foi farta em nossa cidade.

O nome da rua até poderia continua sendo o mesmo. O que não foi possível permanecer naquela rua foi o perímetro urbano. Ele se deslocou e invadiu terras de cultura. Os bois tiveram que pastar em outras pastagens.

O marco, entretanto, ficou. Na Praça João XXIII permanece preservado o bebedor. Em décadas passadas a tração era animal. Charretes, carrinhos e montarias eram os meios de transporte. Quem chegava em nossa cidade, encontrava o bebedor para saciar a sede de sua montaria. E ali se saciava para o caminho de volta.

Meu avô tinha carro de boi. Daqueles que canta. Além do bebedor da Rua do Perímetro, os bois também bebiam água no bebedor da Rua Roberto Clarck. Este não existe mais. Quanto havia desfiles de festas juninas, o carro vinha da fazenda para abrilhantar a festa. Marcante e Combate eram os nomes deles. Os bois eram mansos, mas seus chifres tinham quase um metro. Para que os bois não prestassem atenção no povo, que assistiam o desfile, Joaquim Lourenço, peão e moço de confiança de meu avô, caminhava à frente, para guiá-los. O arraial era pequeno. Tudo acontecia no centro da cidade.

Décadas se passaram. O perímetro não é mais o mesmo. A cidade cresceu. Cada bairro tem o seu arraial. O infinito mundo do campo continua com suas plantações e suas pastagens. A agricultura foi o berço do nosso progresso. Deste berço de ouro floresceu, no universo urbano, as indústrias.
O produto que classifica nossa cidade como industrial, é o sapato. Sapato masculino, feminino e o infantil. Sapato não é mais sapato. Nossas indústrias produzem calçados. O sapato artesanal deu lugar ao triunfo da indústria calçadista.

O perímetro não está mais na linha do horizonte. Ultrapassou fronteiras. Nossos produtos são encontrados em todo território nacional. E em terras internacionais também.

Não existe cidade industrial que produza um produto só. O pólo industrial de nossa cidade é diversificado. Outros segmentos da indústria constituem as colunas que sustentam nossa economia, dando equilíbrio financeiro à administração pública. Indústrias moveleiras e metalúrgicas formam o tripé com o calçado.

Produzimos freios para aeronaves leves, escapamentos para motos e para aeronaves também.
Fabricamos matrizes para fabricação de solas injetadas. Nossa cidade é uma matriz que formata sonhos.

Não existe indústria sem o comércio. E novamente, o perímetro central, que delimitava a área comercial, foi ultrapassado. As antigas residências estão cedendo lugar ao comércio, que cresce como cresceu a indústria. E tem uma característica ímpar. Felizmente não temos Shopping Center. O comércio segue suas regras. Oferecer ao consumidor o melhor produto pelo menor preço. Em 7 de dezembro de 2011 celebraremos dez décadas de construção de uma cidade alicerçada no trabalho. Trabalho que teve seu início com Nicolau da Silva Nunes, que entre outro foi acompanhado por Francisco Romero, Lucas Scarpin, Ricardo Del Neri, João Galo e Francisco Galindo de Castro. Que é o patrono da Rua do Perímetro

sábado, 6 de dezembro de 2008

Execração

Algumas pessoas acreditam que é uma qualidade. Outras pensam o contrário. O povo brasileiro ri por qualquer palhaçada. Ri de si próprio. Prato cheio para autores anônimos que criam anedotas de todo tipo. Anedotas de governantes é um tema presente em quase todas as rodas de bate papo. Jesus não escapou.

Todo cristão deve conhecer a parábola da Madalena. Não é que fizeram uma anedota sobre esta parábola. Estava Jesus naquela praça, lá na terra dele, com a Madalena no meio da multidão. O povo querendo julgar, condenar e executar a pena. O povo como sempre, desde a mais remota época, segue um líder. Neste caso não era Jesus. A pena era apedrejar a Madalena. Símbolo do pecado. Jesus teceu seus argumentos e disse: atire a primeira pedra quem nunca errou. Neste instante a Madalena levou uma pedrada na testa do tamanho de meio tijolo. Jesus indignado perguntou ao atirador: você nunca errou? A resposta foi curta e grossa: desta distância não.

Dá para tirar ensinamento da parábola e da anedota. Execrar significa detestar, amaldiçoar, desejar mal a alguém ou a si próprio. Religiosamente significa deixar de ser puro. Madalena pecou ou criaram uma pecadora?

Naquele tempo não havia imprensa. Tirando ensinamento da anedota, o atirador parece com alguns jornalistas sensacionalistas. Atiram pedras sem o menor pudor. A imprensa é isto mesmo. A verdade tem que ser exposta. Doa a quem doer. Inclusive nela própria. O que não deveria acontecer, é o jornalista escrever uma matéria como se fosse uma crônica. Existe jornalista que acusa, julga, condena e executa a pena, sem que o acusado tenha sido indiciado. Sorte da Madalena. Naquela época não havia televisão. Na imprensa escrita é preciso ler e imaginar o que o autor escreveu. Na televisão não precisa imaginar.

A mídia condenou Thales Ferri Schoedl. Se fosse uma Madalena qualquer, a notícia não saia nem em jornalecos popularescos, mas tratava-se de um Promotor de Justiça. O Promotor não foi absolvido porque seus advogados fizeram uma boa defesa. Ele foi absolvido pelo testemunho das pessoas que presenciaram o fato. Contra um fato não há argumento. Criar argumento para vender jornal não é politicamente correto.

Não li em nenhum jornal e nem vi em nenhuma emissora de TV o testemunho das pessoas que presenciaram o fato. O Promotor se identificou e esta identificação serviu de chacota. O bando de jovens perguntou se ele era promotor de baladas. O Promotor virou as costas e saiu acompanhado de sua namorada. O Bando seguiu o casal dizendo insultos. O Promotor, embora armado, fugiu do grupo, que gritava: mata, mata. Correu cerca de cem metros, quando foi alcançado. Nenhum jornal publicou o fato como o fato ocorreu.

Existe uma diferença significativa entre escrever um artigo e escrever uma matéria. O artigo pode ter tendências. O autor de um artigo, de uma crônica pode dar sua opinião sobre um fato. O artigo não é notícia. É o ponto de vista do autor. A notícia é diferente. É um fato acontecido que deve ser levado ao conhecimento da sociedade. Sem tendências.

Como a sociedade é, de certa forma, influenciada pela mídia, sobretudo a televisiva, aceitou a acusação, o julgamento, a condenação que a mídia deu ao caso. Felizmente a Justiça não vê televisão e não sofre influência da imprensa escrita. O veredicto foi outro, mas a mídia novamente tentou jogar uma cortina de fumaça. Alguns jornalistas puseram as palavras na boca do povo: foi um julgamento corporativista.

Quando vamos ter uma imprensa livre e imparcial?