domingo, 29 de janeiro de 2012

Código


Tem código para tudo neste mundo. Ninguém mais se lembra do Código Morse, que foi no passado o meio de comunicação rápido para enviar mensagens. Não é mais usado, mas continua existindo. Clubes de rádio-amador trocam mensagens por este recurso da comunicação.

O Código Morse deixou de ser usado pelo avanço tecnológico, que está trazendo muitos benefícios para sociedade. Aquela faixa com barra paralelas na vertical de larguras diferentes, que só podem ser lidas por máquinas de leitura óptica, é uma mensagem codificada. Quanta facilidade trouxe, para os operadores de caixa em supermercados, o código de barras.

Nos primeiros anos de nossas existências começamos a ouvir e tentar entender uma comunicação verbal. Inicialmente só ouvimos. Depois passamos a nos expressar neste código que se chama idioma. Passamos os primeiros anos nos comunicando, mas sem entender outro código, que é a representação gráfica de cada fonema.

O alfabeto é um código que representa graficamente o som que os falantes produzem. Alfabetizar é saber identificar os sinais e ler. Infelizmente nem todas as pessoas conseguem entender o que está escrito. Quantas vezes ouvimos a expressão: isto é grego para mim. A expressão se refere quanto estamos diante de um texto ou algum código que desconhecemos. Embora eu conheça o alfabeto grego, sou completamente analfabeto. Consigo ler, mas não entendo nada.

Alguém já leu o Código do Consumidor? É provável que ele sirva para alguma coisa. Um amigo comprou um medicamento. Notando que comprou o remédio errado voltou à farmácia de uma cooperativa de médicos e foi informado que a farmácia não troca remédios e nem devolve o dinheiro. O Código do Consumidor vai proteger quem? Será que o PROCON, que é mantido pela prefeitura tem instalações adequadas para atender a população? O povo facilmente ludibriado vota, mas o capital dos empresários é que sustenta as campanhas políticas.

Lendo uma crônica do Millor Fernandes me lembrei de um código, que são sei se existe algum exemplar impresso. O Código de Honra só é usado por pessoas honradas. Na crônica Millor diz que os militares são incompetentes. Ficaram vinte e dois anos no poder. Construíram as usinas de Jupiá, Ilha Solteira, Itaipu, Tucuruí. Além destas obras construíram a ponte Rio/Niterói, metrô em São Paulo, Rio de Janeiro e em outras cidades. Criaram o INPS, IAPAS, EMBRATEL, TELEBRÁS e PROALCOOL. MOBRAL foi um movimento que ensinou milhões de pessoas a ler e escrever. Antes dos militares terem criado o FUNRURAL os lavradores, peões e agricultores não tinham amparo na velhice. O trabalho no campo requer vigor. Na velhice aos camponeses só restavam dois caminhos: ficar a mercê dos cuidados dos familiares ou pedir esmola nas cidades.

Na crônica Millor Fernandes enumera muitas outras obras e atos que os militares executaram naqueles vinte e dois anos que ficaram no poder e termina dizendo: “Além disso, nenhum desses militares conseguiu ficar rico. Eta incompetência.”.

Quanta diferença! Rasgaram o Código de Honra. Pessoas que estão no poder a pouco mais de dez anos ficaram ricos neste período. No início do primeiro mandato do Sr. Luiz Inácio a polícia indiciou políticos por corrupção e por outros crimes. Não foram julgados por estarem ricos ou por influência política no seio da Justiça? O fato é que se justiça for feita, o presidente sindicalista poderá ser responsabilizado. Desde que o Código de Honra seja recomposto.

A competência que faltou aos militares está sobrando nas pessoas que estão no poder. Sobretudo no âmbito municipal.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Virtude

Às vezes a vida é um manso lago azul sem ondas e sem espumas. Outras vezes é um mar fremente. Palavras retiradas do soneto de Júlio Salusse. Neste soneto o autor se refere à vida a dois. Tem como personagens um casal de cisne. Um amor eterno que pode passar por turbulência, mas jamais um abandona o outro. Após a morte de um cisne, o outro nunca mais canta, nem sozinho nada, nem nada nunca ao lado de outro cisne. Em síntese é isto. Cisne é o nome do soneto.

Assim também deveria ser o casamento das pessoas com a virtude. Diz o dito popular: Não basta ser honesto. É preciso deixar transparecer esta virtude chamada honestidade.

Nunca ouvi dizer que um presidente da república ou um prefeito tenha aberto investigações sobre possíveis irregularidades do governo anterior. Talvez porque não existia irregularidade. Talvez para dar continuidade à corrupção e à bandalheira.

Não faltam manchetes nos principais jornais sobre escândalos nas três instâncias do Poder Executivo e Legislativo. O grande campeão de denúncias continua sendo os dirigentes do Planalto Central. Em âmbito regional os prefeitos são os dirigentes que ocupam as manchetes. Nem sempre na primeira página.

O povo costuma dizer algumas frases de cunho popular, mas não tem a sabedoria de um ditado popular. Um destes ditos: achado não é roubado. É roubado sim, pois o objeto pertence a que o perdeu. O correto é entregá-lo à Polícia.

Outro dito: Todo homem tem o direito de errar. Ninguém tem o direito de errar. Os indivíduos humanos são passíveis de erro, mas não o direito. Se tivessem direito de errar não poderia haver punição.

O primeiro grande escândalo, que ocupou as primeiras páginas dos jornais, envolvendo o Poder Judiciário foi do juiz Nicolau dos Santos Neto. Popularmente chamado de Lalau. Como se sabe o juiz e o ex-senador Luis Estevão desviou milhões de reais durante o período de construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.

Infelizmente, membros do Poder Judiciário estão ocupando as manchetes. “Juízes de Minas são acusados de favorecer colegas”. Manchete da Folha de São Paulo em 10 de janeiro de 2012. Favorecimento é o mesmo que ficar com o achado e não acreditar que é roubado.

“O ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal beneficiou a si próprio ao paralisar inspeção.”. Esta manchete refere-se ao fato do ministro estar entre os magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo que receberam pagamento, que estavam sob investigação do Conselho Nacional de Justiça.

“Lewandowski na flauta” é outra manchete. O ministro é revisor do processo do mensalão. Em dezembro, ele disse que nem havia começado a ler os autos e levaria meses e meses para preparar seu voto sobre o caso. A declaração pegou mal, já que a demora só interessa a petistas e mensaleiros, que tentam empurrar a decisão para 2013, conforme matéria do jornalista Fábio Portela.

Não dá para negar que, ao povo brasileiro falta muita cultura. O povo discute nos botequins o resultado dos jogos de futebol. Neste período do ano inflama as discussões do que pode acontecer no BBB. Em resumo, o povo sabe o que a televisão informa. O que a imprensa escrita relata e denuncia só as pessoas esclarecidas leem.

“Poe na virtude, filha querida de tua vida todo primor. Não dês à sorte, que tanto ilude sem a virtude algum valor.” (Domingos de Barros).

Se a virtude não acompanhar os magistrados, a esperança por justiça feita desaparece. Então a única coisa a fazer é tocar um tango argentino, como diria Manuel Bandeira em seu poema “Pneumotórax”.