domingo, 17 de julho de 2016

Palpite



O Dicionário Houaiss define o vocábulo “palpite” da seguinte forma: dito ou opinião de intrometido ou ignorante no assunto.
Existe uma peça teatral chamada “A Prima Dona”. É uma peça que fala do mundo do Teatro de Revista e a história se passa em torno de uma vedete em decadência, mas se acha a prima dona do teatro. No meio do texto uma das personagens diz à vedete que o povo não gostaria de tal cena. A vedete enfurecida responde: Povo essa massa ignorante e sem cultura? E o texto segue.
O texto segue, mas o assunto fica. Vale a pena relembrar um frase de Voltaire: Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la.
Costuma-se dizer que uma pessoa com modos rude, truculenta, obtusa é uma ignorante. Até dizem que o povo é ignorante. O que o povo não sabe, o que significa ignorante. Ignorante é quem ignora, isto é, não sabe, não tem conhecimento. Entretanto, dão palpite, fazem comentário sem respaldo. Sobretudo nas questões da administração pública.
Tramita na Câmara de Vereadores de Birigui um projeto de redução do número de vereadores. O argumento principal para sustentar este projeto é a crise econômica e o propósito é diminuir custos. Será que é o número de vereadores que mantém os custos neste patamar elevado que está? Contabilidade primária e elementar: para diminuir custos, o primeiro passo é eliminar despesas desnecessárias. Representatividade de vários segmentos da sociedade não é desnecessário. Menos vereadores acarreta menos representatividade e facilita as trocas de favores, fomentando a corrupção, que existe.
A Câmara tem um quadro de funcionários para atender as necessidades dos vereadores. Qual a necessidade de assessores para cada vereador? Há necessidade de transmitir as sessões por rádio e televisão, se a Câmara pode disponibilizar, em seu site, a transmissão ao vivo pela Internet? Existem muitas outras despesas desnecessárias.
Um grupo de pessoas, certamente bem intencionados, promoveram vídeos com o propósito de convencer as pessoas e os vereadores a reduzir o número de cadeira para onze. As pessoas, que preferem uma maior representatividade, aceitam a redução por acreditar que seja um começo nas necessárias reformas. Entretanto, é um começo equivocado, pois o ideal é iniciar as reformas pelas prioridades.
Pontos de partida para uma reforma efetiva existem inúmeros. Talvez deva-se começar com o Regimento Interno. O formato das sessões. O protocolo formal que se dá para dar nome a uma rua, praça ou avenida é extenso. Frequentemente, não há conteúdo biográfico dos futuros patronos destes logradouros, para ser exposto em plenário, dando até a impressão de constrangimento aos familiares. Todas as pessoas têm os seus valores, os quais são muito mais valorizados pela família. Em algumas ocasiões estes homenageados não gozam de simpatia da sociedade, mas o protocolo diz que tem que haver a explanação dos dados biográficos. Resultado sessão longa e assuntos importantes não são discutidos, porque os segmentos da sessão tem os minutos cronometrados e limitados. Por que não extinguir este procedimento?
Por que não extinguir o cargo de assessores? Reduzir custos é assim. Deixar de gastar com o que não é necessário. Outro item para ser levado em conta: o valor da remuneração dos vereadores. Vereador não é profissão. Sou partidário que o vereador deva receber apenas um salário mínimo a título de ressarcimento, pelo deslocamento de sua residência à Câmara.
Para finalizar, o que penso ser o mais importante: Reduzir efetivamente o orçamento anual da Câmara de Vereadores.