segunda-feira, 15 de abril de 2013

Câmbio

Ler isoladamente a palavra câmbio, logo nos lembramos daquele mecanismo que troca a marca dos carros e se chama câmbio exatamente por isto. Executa trocas. De pronto, raramente vamos associar câmbio ao comércio, mas foi desta forma que tudo começou.
Lá no começo da atual sociedade de humanos não existia dinheiro. A primeira forma de comércio foi a troca de mercadorias. Fico imaginando como se avaliava a mercadoria. Como trocar banana por melancia? Não demorou muito e os comerciantes encontraram um padrão para realizar as trocas. Será que o primeiro padrão para trocar banana por melancia foi o peso?
Depois de tantos padrões estabelecidos para trocar mercadorias a sociedade chegou à moeda. Exceto a comunidade européia, infelizmente cada país tem a sua. Infelizmente porque este fator ora ajuda ora atrapalha o comércio entre as nações.
Juridicamente não existe mais o comerciante. Aquele pessoal do Planalto Central efetuou modificações extinguindo a categoria dos comerciantes, mas para o povo o comerciante continua atrás dos balcões oferecendo o melhor produto pelo menor preço. Nem sempre. Às vezes a oferta e procura favorece o comerciante. Aumento de preço sem uma justificativa técnica.
Saudade é recordar um acontecimento que nos causou bons momentos ou condutas em épocas passadas. Venda era aquele estabelecimento comercial que vendia secos e molhados. Secos e molhados? Será que a juventude sabe o que se vendia nelas?
Tradicionalmente os portugueses são excelentes comerciantes e quando se entrava numa Venda quase sempre era o Sr Manuel que atrás do balcão nos dizia: pois não. Os fregueses não tinham acesso à mercadoria. Era o balconista que pesava o arroz, feijão, bacalhau, sardinha em lata, óleo de algodão, vinagre, vinho, etc. Secos e molhados.

O comércio vem evoluindo desde os primórdios. Que me desculpem os feirantes, mas a feira-livre não tem nada a ver com a Venda do Sr Manuel nem com o Mercado Municipal de São Paulo. Os mercados foram criados pelos municípios, mesmo assim a feira-livre continua firme e forte, mas sem o tino de um bom comerciante.
Birigui também tem um mercado municipal. Foi uma iniciativa do prefeito Renato Cordeiro, que teve o privilégio de celebrar o cinqüentenário de nossa cidade. A construção do mercado municipal e da rodoviária teve a parceria de dois empreendedores: Gilberto Caparica e Francisco Sanches Paschoal. O Mercado Municipal de Birigui poderia ser um marco para o comércio birigüiense, como é o de São Paulo, mas está abandonado. Parte da memória de Birigui está se apagando com o abandono deste patrimônio.

Por outro lado, a memória da cidade foi restaurada. A Associação Comercial de Birigui restaurou o prédio do Birigui Clube. Quem passa pela Av. Governador Pedro de Toledo e olha para o prédio, certamente se lembra dos bons bailes do Birigui Clube. O comerciante sabe que são os olhos que compram. Quem sabe o próximo alvo seja o Mercado Municipal. O comércio trocando dinheiro por cultura.
Comércio não é só vender produtos e mercadorias. É uma simbiose entre vendedores e consumidores. É também uma parceria onde os dois lados se satisfazem. Isto se chama Câmbio. Uma troca onde não há vencedores.

Eleições não é comércio. Pela regra, opondo-se ao comércio, sempre há um vencedor. Ideal seria se houvesse uma simbiose entre eleitores e candidatos. Uma escolha sem disputas. Como a disputa ficou acirrada nas últimas eleições, o grupo que estava no poder e não podia perdê-lo, resolveu garantir a vitória “comprando” votos. O caso foi denunciado e a Justiça tomou as devidas providências.
Para o povo nada mudou. Embora haja prefeito interino, continuamos na mesma. Saúde precária e aparelhamento da prefeitura. Birigui desistiu de sediar os Jogos Regionais. E para fechar uma dívida imensa como herança.

É preciso cambiar tudo. Precisamos pensar em mudar o mecanismo para escolha de nossos dirigentes públicos.

domingo, 7 de abril de 2013

Quarenta - Parte II



A história termina com a morte de todos os ladrões e Ali Babá ficou com o tesouro roubado e com boa posição social. Não foi preso e nem indiciado.

Oficialmente não são quarenta ministérios no atual governo federal. Entretanto, podemos dizer que existem quarenta, porque há um ministro sem pasta, sem salário pago legalmente pelo erário público. Trata-se do obscuro e oculto ministro da propaganda.

Quando um governante cria uma pasta destinada à propaganda, bom sinal não é. Propaganda é uma coisa, publicidade é outra. Publicidade induz as pessoas a comprar sal, por exemplo, porque serve para temperar os alimentos. Propaganda é convencer as pessoas que sal é doce. É isto que está acontecendo.

O governo da Dona Presidente mantém um “Ministério da Propaganda”. Com a propaganda por trás do governo, ninguém vai acreditar que as coisas não estão bem. O povo tem a pele endurecida pela escassez de recursos. Se não tem remédio, toma chá. Se não tem comida, toma água temperada com sal e cebola, como se sopa fosse.

Os governantes gastam dinheiro público. Dinheiro público é o Tesouro do Povo. Gastá-lo de maneira indevida é o mesmo que Ali Babá fez.

sábado, 6 de abril de 2013

Quarenta


Quarenta é um número enigmático. Às vezes misterioso outras vezes obscuro.
Jesus passou quarenta dias no deserto. Segundo o Novo Testamento este retiro foi para preparar-se para a suposta missão a ele destinada.
Três vezes quarenta é a idade que Moisés morreu e o Senhor não lhe deu à graça de entrar na Terra Prometida, após vaguear durante quarenta anos no deserto, após a fuga da escravidão no Egito.
O comportamento do povo era tão ruim que Deus ficou desgostoso e pensou em destruir o mundo por causa da perversidade humana. Ninguém prestava, mas o Senhor lembrou-se de um homem justo e honesto. Esta história o mundo judaico-cristão conhece. Noé construiu a arca e preservou as espécies.
Ali Babá e os Quarenta Ladrões é um conto que faz parte do livro “As Mil e uma Noites”. Esta história se passa na Arábia, antes de Maomé.
Sempre que se fala em Ali Babá, o primeiro pensamento é relacioná-lo como chefe dos quarenta ladrões. Ele não era o chefe e nem era ladrão. Ali Babá era um lenhador árabe e honesto. Um dia no meio da mata onde ele cortava as árvores, para seu sustento, ele encontrou uma caverna. Aquela gruta tinha a porta mágica, como todos sabem. Lá dentro o tesouro que os quarenta ladrões roubaram.
Até a este ponto nada de errado como a conduta de Ali Babá, mas também é neste ponto que começa o lado errado na vida dele. Assim que os ladrões saíram, ele pronunciou aquela palavra mágica, entrou na caverna e levou parte do tesouro. Talvez ele tenha pensado que achado não é roubado, mas é.
Seu irmão, Cassin, que era rico, questionou esta riqueza inesperada. Ali Babá contou a seu irmão tudo sobre a caverna. Cassin foi até a caverna pegar um pouco do tesouro. Empolgado em pegar mais e mais, esqueceu a aquela palavra usada para abrir e fechar a porta. Não conseguiu sair. Os ladrões chegaram e o mataram. Ali Babá resgatou o corpo e lhe deu o devido funeral, mas passou a ser perseguido pelos quarenta ladrões.
A história termina com a morte de todos os ladrões e Ali Babá ficou com o tesouro roubado e com boa posição social. Não foi preso e nem indiciado.
Na utopia do socialismo e comunismo algo semelhante acontece. Também acontece no cotidiano das pessoas. Em nível estadual ou federal pouco dá para enxergar. Uma cortina de fumaça virtual impede que vejamos os escândalos e a distribuição de cargos, muitos deles criados somente para atender a clientela dos partidos. Criar despesas desnecessárias na administração pública é o mesmo que Ali Babá fez. Apropriar-se do tesouro que deveria estar à disposição das necessidades da maioria do povo pobre e sem cultura. Povo pobre e sem cultura nunca reage. E os governantes sabem disto.
Quando um governante cria uma pasta destinada à propaganda, bom sinal não é. Propaganda é uma coisa, publicidade é outra. Publicidade induz as pessoas a comprar sal, por exemplo, porque serve para temperar os alimentos. Propaganda é convencer as pessoas que sal é doce. É isto que está acontecendo, em quase todos os segmentos da administração pública.
O povo tem a pele endurecida pela escassez de recursos. Se não tem remédio, toma chá. Se não tem comida, toma água temperada com sal e cebola, como se sopa fosse.
A Justiça existe. Não para os Ali Babás de nossos dias. Não estou me referindo ao escândalo do mensalão. Até o momento um verdadeiro fiasco. As sentenças do STF não serviram para nada. O Ali Babá nem indiciado foi e os quarenta indiciados, por supostas irregularidades, saíram praticamente ilesos. Refiro-me aos Ali Babás dos municípios e os mais de quarenta ladrões, que não foram mortos e vivem como sultões.
A ocasião faz o furto, o ladrão nasce feito. Frase de Machado de Assis.