Para quem acredita que
o mundo foi criado. Estava lá o Senhor, naquele tempo, a criar o universo. No
planeta Terra criou os continentes e os oceanos. Ao criar os Estados Unidos
determinou que, periodicamente, houvesse furacão em determinadas regiões do
país. Para a Rússia, inverno rigoroso na Sibéria. Para o Japão reservou
terremotos e tsunamis. Distribuiu fenômenos naturais por toda parte e por fim
criou o Brasil. Um paraíso. Nada de furacão, neve, terremoto ou tsunami. O
Arcanjo, que estava ali do lado do Senhor, incomodado com a proteção dado ao
Brasil, perguntou: por que o Senhor não pôs nenhum fenômeno natural ali?
Apontando para o território brasileiro. Naquele dia o Senhor estava mal
humorado. Olhou para o Arcanjo e disse: nem vou te responder.
O povo brasileiro é um
povo esquisito. O vocábulo “esquisito” tem vários significados. Algo ou
pensamento difícil de entender é um destes significados. Não sei se é falta de
instrução, pois nosso sistema de educação é precário. Talvez seja a índole de
um povo sem cultura e sem memória.
Por causa de um aumento
de vinte centavos nas passagens de ônibus, desencadeou-se uma onda de protestos
por quase todo o país. Até mesmo em cidades onde não houve aumento, algumas
pessoas foram para as ruas.
Povo na rua não é bom.
Fica pior quando não há liderança. Sem liderança cada participante pode tomar a
decisão que mais lhe aprouver. Condição que dá a liberdade para agir do jeito que
quiser. Desta forma não há revolução. Há revolta, que gera baderna. Não pensem
que estas revoltas forçarão os políticos a modificarem suas condutas.
Partindo do movimento
passe livre, outras reivindicações foram acrescentadas aos protestos de rua.
Estes protestos podem ser explicados utilizando a terceira lei de Newton. “A
toda ação corresponde a uma reação, de mesmo módulo, mesma direção e sentido
contrário”. Está lei explica porque um corpo fica estático. Só é possível
deslocar um carro com motor desligado se todos aplicarem sua força no mesmo
sentido. Para frente ou para trás. Se várias pessoas aplicarem suas forças individualmente
na direção e sentido que achar que é melhor, o carro não se deslocará.
Dá a impressão que a
sociedade percebeu que o Estado brasileiro está enfermo e precisa de
medicamento. Nas passeatas cada um leva a sua receita escritas em cartazes. Não
há muita repercussão na mídia, mas nas redes sociais a todo instante alguém
posta fotos dos cartazes com as devidas receitas. Algumas sérias, outras
cômicas e algumas totalmente ridículas.
Voltando a falar das
esquisitices deste povo que mora num paraíso e continuando dentro da pauta das
passeatas, de manhã este povo contesta os altos custos que o governo esta
gastando com a construção e reforma dos estádios para a Copa da FIFA e pede
prioridade à construção de hospitais. À tarde este mesmo povo lota os estádios
para assistir os jogos da Copa das Confederações.
Algumas doenças não
apresentam sintomas. Chegam silenciosas não incomodando o paciente. Quando são
descobertas nem sempre há o que fazer. O povo na rua, sem liderança, não
percebeu que o Brasil está enfermo. A doença não é nenhuma, que nas passeatas,
os participantes mostram em seus cartazes. Trata-se do aparelhamento do Estado
preparando para um golpe branco. Quando o povo der conta, já estará implantada
a republiqueta bolivariana do Brasil. Tal qual na Venezuela e outros países
aliados a Cuba.
Tudo que esta
acontecendo é surreal. Palavra que vem do surrealismo. Movimento que valoriza
ao máximo o irracional e a incoerência.