Com a proibição de
jovem trabalhar, que o Estatuto da Infância e da Adolescência ousa chamar de
criança, a figura do aprendiz quase desapareceu. A figura do aprendiz de ofício
desapareceu. Outro aprendiz apareceu. O aprendiz de bandido, de traficante, de
usuário de drogas, de péssimo aluno.
É raro encontrar uma
notícia sobre pais que espancam seus filhos. Vez por outra aparece. Nesta
semana ocorreu um fato interessante. Uma professora sugeriu aos pais de um
aluno, que demonstra em sala de aula falta de educação, que deveria ter
recebido desde o berço, mesmo sendo hiperativo, uma palmada mesmo que fosse com
uma varinha fina, seria um bom remédio. Remédio é amargo, mas cura. Aconteceu o
contrário. Ao aluno mau educado, que atrapalha a aula, nada aconteceu. À
professora que tem sua aula atrapalhada pelo aluno foi suspensa.
Não sei se mudou. Na
Polícia Militar tem algo semelhante. Se um policial mata um bandido, ele é
recolhido. Se um bandido mata um policial, os defensores dos direitos humanos
saem a campo para defendê-lo. O que mais estarrece: a mídia dá cobertura.
É uma opinião de boa
parte da sociedade, que trabalho para jovem é um aprendizado e os afasta do
mundo infame e das más companhias. Trabalhar é uma terapia muito melhor das
terapias que as entidades de inclusão social oferecem.
Muitos empresários do
ramo de calçados começaram suas carreiras como aprendizes de sapateiro. Do
tempo que o sapateiro colocava as taxinhas na boca para agilizar o trabalho de
pregar a sola ao cabedal. O sucesso destes empresários foi começar no chão da
fábrica. O mesmo aconteceu com os comerciantes. Começaram como empacotador da
loja, depois promovido a vendedor e o sucesso empresarial veio em seguida.
Para vencer na vida não
precisa ser proprietário da empresa ou do empreendimento. Quantas pessoas
começaram a trabalhar como ajudante e chegaram ao cargo de gerente, nos mais
diversificados ramos, comércio, indústria e prestação de serviços?
Assim é a vida, tanto
profissionalmente como na sociedade, uma estrutura piramidal. Na base a maioria
do povo, no ápice o gerente ou o líder.
Neste final de semana
terminou o prazo para os partidos políticos realizarem suas convenções. Os
candidatos foram escolhidos. Serão inscritos para concorrer às eleições e em
breve começa a campanha.
Parece normal, e
legalmente é, mas não deveria ser normal. Nenhum candidato passou pelo crivo de
ter sido um aprendiz. Embora não haja chão de fábrica para chegar a vereador ou
prefeito, algum critério deveria existir para que a população não cometesse erros
por eleger pessoas despreparas para representar o povo, porém aptas para tirar
proveito que o cargo oferece. Alguns dentro da norma estabelecida. Outros
formando quadrilhas.
A ideia da pirâmide
social deveria ser o modelo para um novo tipo de representantes políticos. Por
que nós temos que votar em um candidato, que só ficamos sabendo de sua
existência pela publicidade que a campanha eleitoreira oferece?
Nas campanhas, os
princípios de ética e moral são esquecidos. Adversários se unem para chegar ao
poder. Se tivéssemos memória, nos lembraríamos das trocas de insultos entre os
dois maiores líderes do Partido dos Trabalhadores e Partido Progressista. Na
próxima eleição estarão no mesmo palanque.
Não há aprendiz para o
ofício de vereador ou prefeito. Depois de eleitos, há mestres para lhes ensinar
outras tarefas ex-ofício: A subserviência.