sábado, 30 de junho de 2012

Aprendiz


Com a proibição de jovem trabalhar, que o Estatuto da Infância e da Adolescência ousa chamar de criança, a figura do aprendiz quase desapareceu. A figura do aprendiz de ofício desapareceu. Outro aprendiz apareceu. O aprendiz de bandido, de traficante, de usuário de drogas, de péssimo aluno.
É raro encontrar uma notícia sobre pais que espancam seus filhos. Vez por outra aparece. Nesta semana ocorreu um fato interessante. Uma professora sugeriu aos pais de um aluno, que demonstra em sala de aula falta de educação, que deveria ter recebido desde o berço, mesmo sendo hiperativo, uma palmada mesmo que fosse com uma varinha fina, seria um bom remédio. Remédio é amargo, mas cura. Aconteceu o contrário. Ao aluno mau educado, que atrapalha a aula, nada aconteceu. À professora que tem sua aula atrapalhada pelo aluno foi suspensa.

Não sei se mudou. Na Polícia Militar tem algo semelhante. Se um policial mata um bandido, ele é recolhido. Se um bandido mata um policial, os defensores dos direitos humanos saem a campo para defendê-lo. O que mais estarrece: a mídia dá cobertura.
É uma opinião de boa parte da sociedade, que trabalho para jovem é um aprendizado e os afasta do mundo infame e das más companhias. Trabalhar é uma terapia muito melhor das terapias que as entidades de inclusão social oferecem.

Muitos empresários do ramo de calçados começaram suas carreiras como aprendizes de sapateiro. Do tempo que o sapateiro colocava as taxinhas na boca para agilizar o trabalho de pregar a sola ao cabedal. O sucesso destes empresários foi começar no chão da fábrica. O mesmo aconteceu com os comerciantes. Começaram como empacotador da loja, depois promovido a vendedor e o sucesso empresarial veio em seguida.
Para vencer na vida não precisa ser proprietário da empresa ou do empreendimento. Quantas pessoas começaram a trabalhar como ajudante e chegaram ao cargo de gerente, nos mais diversificados ramos, comércio, indústria e prestação de serviços?

Assim é a vida, tanto profissionalmente como na sociedade, uma estrutura piramidal. Na base a maioria do povo, no ápice o gerente ou o líder.
Neste final de semana terminou o prazo para os partidos políticos realizarem suas convenções. Os candidatos foram escolhidos. Serão inscritos para concorrer às eleições e em breve começa a campanha.

Parece normal, e legalmente é, mas não deveria ser normal. Nenhum candidato passou pelo crivo de ter sido um aprendiz. Embora não haja chão de fábrica para chegar a vereador ou prefeito, algum critério deveria existir para que a população não cometesse erros por eleger pessoas despreparas para representar o povo, porém aptas para tirar proveito que o cargo oferece. Alguns dentro da norma estabelecida. Outros formando quadrilhas.
A ideia da pirâmide social deveria ser o modelo para um novo tipo de representantes políticos. Por que nós temos que votar em um candidato, que só ficamos sabendo de sua existência pela publicidade que a campanha eleitoreira oferece?

Nas campanhas, os princípios de ética e moral são esquecidos. Adversários se unem para chegar ao poder. Se tivéssemos memória, nos lembraríamos das trocas de insultos entre os dois maiores líderes do Partido dos Trabalhadores e Partido Progressista. Na próxima eleição estarão no mesmo palanque.
Não há aprendiz para o ofício de vereador ou prefeito. Depois de eleitos, há mestres para lhes ensinar outras tarefas ex-ofício: A subserviência.

domingo, 17 de junho de 2012

Filigrana


Filigrana são particularidades sem importância ou de valor insignificante.
Algumas expressões retratam muito bem uma situação. Enxugar gelo. Tendo em vista que falta educação de berço, o povo suja as ruas com papeis e todo tipo de sujeira. O varredor de rua limpa e meia hora depois ela já está suja novamente. Este mesmo povo vota.

O trabalho da Polícia também é assim. Prende o bandido e não demora muito tempo ele já esta na rua cometendo outro crime. Novamente a Polícia o prende e novamente ele vai para a rua cometer outro crime e tudo se repete. Felizmente a Polícia não se cansa de repetir o mesmo ato inúmeras vezes com o mesmo bandido.
Outro profissional que sofre desta síndrome é o Juiz de Direito. Como cidadão, ele tem convicção de que o bandido deveria ficar preso, mas como sua função é promover a justiça segundo a lei, o delinquente é posto em liberdade inúmeras vezes.

De certa forma, o jornalista está entre estes profissionais que enxugam gelo, denunciando todos os dias atos de corrupção, assaltos, roubos, furtos e uma infinidade de acontecimentos que ferem a lei. Algumas vezes a Polícia toma conhecimento e age. Raramente o Ministério Público toma as devidas providências tendo como fonte de informação notícias da imprensa. Razões devem existir.
Enxugar gelo é um sacerdócio. Repetir a execução de um trabalho e não perder o ânimo é sem dúvida uma vocação. A Polícia Civil e a Polícia Federal faz um trabalho que a população só fica sabendo quando a imprensa publica os atos das investigações. As que chamam mais a atenção são as investigações sobre corrupção. É para desanimar quando advogados utilizam de filigranas para desqualificar provas contra pessoas, ditas importantes, corruptas e corruptoras.

O Artigo Quinto da Constituição Federal diz: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. O inciso segundo diz: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. E reserva também o direito de não produzir provas contra si.
É prerrogativa da Polícia Federal investigar crimes de corrupção. Evidentemente que toda investigação dever ser sigilosa, por motivos óbvios. Para nós, leigos no direito, é patético utilizar desta artimanha de procurar finos fios que entrelaçam as investigações para desqualificar provas. Nenhuma Polícia fica bisbilhotando a vida de cidadãos honestos. Só de bandidos.

Corrupção é tema de manchetes em quase todos os jornais. E por falar em corrupção as eleições estão chegando. Junto com pleito também está chegando as transgressões da Lei Eleitoral. Alguns aspirantes a candidato já estão em campanha. A Justiça Eleitoral já multou alguns. Multar não seria pouco? Ideal seria torná-los inelegíveis? Quem transgride as normas não dever ser um representante do povo. Ou será preciso que um cidadão honesto entre com um processo na Justiça Eleitoral, com seus próprios recursos, para que a lei seja cumprida e correndo o risco de ser ameaçado e perseguido?
Ameaça e perseguição já está se tornando uma rotina contra jornalista em nossa região. O Inciso Quarto do Artigo Quinto da Constituição Federal diz: é livre a manifestação de pensamento. O jornalista informa à população o fato ocorrido.

Quando a notícia envolve “Coronéis da Política”, estes déspotas não contratam advogados para defendê-los, fazem ameaças a jornalistas e radialistas. Utilizam de filigrana. Aquelas particularidades sem importância ou de valor insignificante para tentar desqualificar o valor da imprensa.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Arrastão


Liberdade de expressão é bom. Tão bom que falar o que pensa pode ser uma arma. É com palavras que a imprensa eleva uma pessoa ao patamar de ídolo e com palavras a destrona.
Particularmente, não gosto da expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Talvez por admirar o “Século das Luzes” e ser um possível discípulo dos iluministas. Muitas reformas ocorreram na sociedade e nos Estados tendo como ponto de partida o Iluminismo. Os iluministas tinham posições contrárias às doutrinas da Igreja e ao Estado, mas nunca pretenderam extinguir estas duas organizações, pois há pessoas que precisam ser tutelados.

O povo, por ser tutelado, não pode ter a voz que tudo decide. Os iluministas aceitam a opinião popular, mas não aceitam ignorantes no poder. Como o iluminismo é fundamentado na razão, nada mais lógico do que estabelecer uma pirâmide onde no topo estarão as pessoas preparadas para governar.
O jornalista quando sai a campo houve a voz do povo. Este povo, que acorda todas as manhãs para trabalhar e conseguir o sustento da família, não está preocupado com o desfecho da CPIM do Cachoeira. Tem preocupação com o arrastão.

Arrastão? Não se trata daquela rede que puxa os peixes para a orla, mas dos bandos que assaltam residências, prédios e condomínios sem a menor preocupação de serem rechaçados pela segurança interna ou presos pela Polícia.
Mesmo não tendo informação e cultura adequada, o povo usa a razão segundo suas necessidades. É neste segmento que entra a terrível e talvez benéfica expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Nas ruas o povo tem saudade da ditadura. Nas entrevistas sobre o período militar, que foi a última ditadura, as pessoas não mencionam perseguições políticas. O povo ignora posições políticas. O povo quer tutela. Quer sair pela manhã para trabalhar e não ser assaltado. Voltar para casa e não encontrar sua casa furtada. O povo tem saudade do período que a Polícia era autoridade e os bandidos eram tratados com tal.

De certa forma estamos vivendo numa ditadura. A ditadura dos desmandos. No Brasil não se chega ao poder por capacidade intelectual ou conhecimento de administração da coisa pública, mas por fraudes eleitorais. Os publicitários vendem os candidatos e os eleitores compram. Neste processo os eleitores compram gatos por lebres.
O maior exemplo está no Palácio do Planalto. O ex-presidente, que foi blindado pela quadrilha do Mensalão, ainda não foi indiciado, mas seus dias estão contados. Tal qual atitudes tomadas por Joseph Stálin, que reescreveu a história do comunismo na União Soviética eliminando os crimes cometidos por ele e por seus asseclas, o apedeuta está tentando apagar da história do Brasil o pior período da suposta democracia que estamos vivendo. Para ele o Mensalão é invenção da imprensa.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade expressão criada por Jean Jacques Rousseau, não estabeleceu o caos ou a anarquia e sim a organização do Estado. Deveres e obrigações para o povo e para os dirigentes.
Até quando o povo ficará sob o domínio destes agentes políticos que estão no poder e das quadrilhas que lhes dão sustentação, utilizando da corrupção e do tráfico de influência?

Este cartel não é um acontecimento único que floresceu no Planalto Central. São cartéis municipalizados. Prefeitos corruptos e vereadores que acobertam. Assim é a vida política no país dos impostos, onde não há segurança, hospitais e escolas precários.
Arrastão. Estão arrastando para o bueiro a dignidade do povo brasileiro, se é que este povo tem, pois quem elege os agentes políticos é este mesmo povo.