O
Estado surgiu para servir à Sociedade. Para organizá-la foi preciso estabelecer
normas. Todos os dias normas e mais normas são criadas. Atualmente as normas
são estabelecidas por leis, concebidas e aprovadas em fóruns competentes. Em nosso
país este fórum é o Congresso Nacional. Acima dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário existe outro poder. O Poder Econômico. O Poder
Econômico é exercido pelo empresariado, responsável pela Riqueza da Nação.
Nossos
representantes no Congresso Nacional são eleitos por sufrágio universal, cujas
regras são estabelecidas por eles próprios. Aqui repousa a omissão e talvez
irresponsabilidade do empresariado. Nenhum produto vem do Congresso. Todos os
produtos vêm do campo, das fábricas, do comércio, das empresas prestadoras de
serviço, dos profissionais liberais, enfim, do trabalho.
Acredita-se
que, todas as campanhas políticas sejam financiadas pelo empresariado. O
empresário, como Pilatos, lava as mãos, uma vez que, impostos, encargos
sociais, custos operacionais, mão de obra estão no valor de venda do produto,
ficando, então, livres de quaisquer ônus. Resta ao empresário apenas arrecadar
e recolher aos cofres públicos através dos impostos, taxas ou tributos.
Onde
está o pecado? O pecado é que, mesmo sabendo que quanto menor o preço, maior o
consumo, nada fazem para baixar os custos. A maior parcela do custo de produção
são os impostos e encargos sociais. Encargos e impostos são normas
estabelecidas pelo governo e nascem no Congresso, cujas campanhas são
financiadas pelo empresariado.
Os
Senhores Feudais e os Senhores de Engenho ditavam as normas. A Revolução
Francesa quebrou alguns paradigmas e de certa forma o povo passou a ser ouvido.
Os Senhores Feudais se foram. Os atuais Senhores de Engenho são os Senhores da
Produção. Nada mais nada menos que o empresariado.
Os
Senhores de Engenho tinham seus servos, que deixaram de sê-los naquele dia
treze. Hoje, os servos são os Senhores da Produção. Produzem, mas não mandam. Os
Senhores da Produção são servos dos Senhores do Congresso, que não produzem,
porém mandam.
Alguns
empresários tiraram proveito por décadas, por terem financiado campanhas
eleitorais. Como todos sabem, por atos de corrupção, a Operação Lava Jato está
tentando limpar esta lama da política brasileira.
A
Revista Realidade recebeu e-mail de um empresário, que pode ser o ponto de
partida para uma reforma significativa na estrutura política. Diz o texto: “Muito
interessante essas reformas que os “interessados” fazem. Seria o mesmo que eu
pedir aos nossos funcionários que elaborem as normas das condições de trabalho
que eles desejam, tais como: horário, salário, direitos, etc. Está na hora de
fazermos um movimento exigindo que as reformas sejam como o povo deseja. O
ideal seria que o Poder Executivo continuasse com direito a uma reeleição, mas
o Legislativo não, pois assim acabaríamos com o político profissional. Acredito
que muitos cidadãos de bem dariam quatro anos de contribuição servindo ao seu
país. Mas o que vemos hoje é o político se servindo do seu país.”.
A
maioria dos meus artigos foi escrita tendo com tema a corrupção, os desmandos,
a falta de prioridade nos gastos do dinheiro público. Recentemente escrevi um
artigo sobre reforma que é uma verdadeira utopia. Político não faz reforma que
venha a prejudicá-lo.
Quando
a pintura das casas começa a desbotar ou aparentar sinais do tempo, aplicam-se
algumas camadas de tinta para ficar com cara nova. Outras vezes o estado de
conservação é tão ruim que a única solução é uma reforma. E quem faz a reforma
é o pedreiro, não é o dono. É alguém de fora. Para reformar a casa da política
tem chamar alguém de fora.