sábado, 27 de setembro de 2008

Príncipe

O Príncipe não é eleito. Ele nasce para ser Rei. No caso do Brasil, um século depois, os dois príncipes não perdem em nada para nenhum presidente ou prefeito.

Um Príncipe não herda o trono, mas quem chega ao trono é o príncipe e sem ser eleito.

A voz do povo não é a voz de Deus. O povo elegeu um prefeito. No seu primeiro ano de mandato foi condenado por improbidade administrativa. Sete anos e meio depois foi cumprida a sentença. Isto não é justiça. É desrespeito ao Promotor e ao Juiz.

A prefeita não foi eleita. Ela herdou o trono. E como se fosse um dos príncipes brasileiros tomou decisões fundamentais para o bem da administração.

O Presidente da República, que foi eleito, também tomou uma decisão esta semana. Mandou um projeto para a Câmara dos Deputados criando 3070 novos cargos. Os eleitos são assim. Para se manterem no poder criam cargos para seus apadrinhados e porque não dizer asseclas. Assecla pode ser uma pessoa sequaz ou um prosélito. Sequaz é integrante de bando. Bando pode ser um grupo de pessoas ou animais, mas quando se refere a pessoas, pensa-se em quadrilha. Prosélito é uma vira casaca. Pessoa que mudou de opinião para seguir uma doutrina ou um líder por conveniência ou interesse.

A Prefeita demitiu inúmeros asseclas. Quem tem que trabalhar no serviço público é o funcionário. Qual a razão para que os prefeitos nomeiem suas esposas para as Secretarias de Ações Sociais? Assistente social é quem entende de serviço social. A Prefeita assim fez. Nomeou uma profissional de carreira para o cargo.

Além de demitir asseclas, a prefeita mandou um projeto para a Câmara de Vereadores para diminuir o número de cargos de confiança. O município deixará de gastar R$ 67.000,00 por mês com gente que nada acrescenta à administração municipal. Em termos de grandeza daria para construir três casas por mês. Construir habitação não é obrigação da prefeitura. Há serviços públicos prioritários. Administração pública é isto. Não pode gastar dinheiro com caprichos pessoais. Nem dar emprego a asseclas. Também não deve promover funcionários em época de eleições.

Muitos afirmam que leram a obra de Maquiavel. Poucos fazem citação sobre ela. Provavelmente leram somente os títulos de cada capítulo e se julgam um maquiavélico.

Maquiavel escreveu sobre as pessoas que chegam ao poder através do crime. Que crime poderia ocorrer no ano de 1513? Atualmente existe. Numa cidade aqui perto mais de uma eleição foi anulada por crime eleitoral. Que vergonha. Se leram Maquiavel, não entenderam nada.

Os terroristas que se opuseram ao regime militar, supostos intelectuais, leram só o título: os fins justificam os meios. Perderam na guerrilha, mas conseguiram uma Constituição que lhes deram muito poder. Ganham eleições e se mantém subjugando pobres, ignorantes e desavergonhados, que recebem esmolas do Estado.

Estes pobres, ignorantes e desavergonhados nunca lutarão por um emprego e por um justo salário, porque nunca lerão nenhuma página do que escreveu Maquiavel.

A obra de Maquiavel não é um manual de guerrilha para tomar o poder e nele permanecer. É uma obra para o povo. Tanto para um povo republicano ou monarquista. Saber lidar com o poder que o Príncipe tem. Mas ninguém lê.

Não sei se a prefeita leu Maquiavel. Suas decisões e determinações indicam que o tesouro público não pode ser tocado. O principado deve ser preservado. Medidas neste sentido foram tomadas. Só faltou a masmorra. Será que o povo não vai enxergar ou será preciso chamar Diógenes com sua lanterna para achar um voto honesto?

Em algumas cidades não tem ocorrido seriedade com a coisa pública.

domingo, 21 de setembro de 2008

Reclame

Você pode reclamar, mas não adianta nada. Você vai ter que assistir inúmeros reclames no rádio e na televisão pagos com o dinheiro, que você suou para ganhar. Eleição só serve para aquecer o mercado publicitário. Até profissionais que não são publicitários ganham dinheiro fazendo reclames sobre o candidato ou partido, em tempo de eleição.

O termo reclame não é mais usado para designar uma peça publicitária. Só no bordão do Faustão: depois dos reclames do plim plim vem aí a maior atração de todos os tempos. Mesmo que seja um ilustre desconhecido. Na eleição também é assim: vem aí o melhor candidato de todos os tempos com propostas para solucionar todos os problemas da cidade.

Existe agência de publicidade, que por princípios éticos, normalmente não faz campanhas publicitárias para candidatos. A razão é simples: nem sempre é possível vender a imagem do candidato. Sobretudo pelo fato de que a maioria dos candidatos tem o nível cultural e intelectual abaixo do mínimo necessário e do publicitário. E nem todo publicitário consegue abaixar o seu nível para conviver alguns meses ao lado de tais pessoas.

Escrever artigos, crônicas é bom. O autor expressa o seu ponto de vista. Não é jornalismo. Sobretudo jornalismo investigativo. Felizmente o Ministério Público lê artigos e crônicas, e em casos pertinentes tomam as devidas providências. A Polícia poderia fazer o mesmo. Investigar irregularidades, mesmo que não tenha havido denúncia. Desculpe. Má proposta. O policial pode ser preso por cumprir seu dever, ou afastado do cargo. O pessoal dos direitos humanos pode não gostar, e eles tem acento no Planalto Central do Brasil.

Que o supermercado “A” faça reclame de seus preços para que o consumidor faça comparação com os preços do Supermercado “B” e compre os produtos com melhor preço é normal e saudável para a economia doméstica. É assim que funciona a lei da oferta e procura.

Todo mundo sabe que a Petrobrás tem o monopólio de extração e refino do petróleo, embora existam os contratos de risco, por que ela faz reclame de seu produto se não é possível comprar petróleo em outra empresa?

O mesmo se aplica à SABESP. Na cidade de São Paulo é possível comprar água encanada de algum outro fornecedor que não seja a SABESP? E o esgoto? É possível puxar a descarga e jogar em algum cano que não seja o da SABESP?

Existe agência de publicidade que não fazem campanhas publicitárias para candidatos nem reclames para empresas estatais. Nem para o governo.

Por que os governos das três esferas gastam dinheiro público com publicidade? A Prefeitura vende o que? A Presidência da República vende o que?
Reclame. O dinheiro da Prefeitura e da Presidência da República usado para pagar a publicidade é retirado da receita advinda dos impostos que o povo paga.

Reclame também das eleições. A cada intervalo da programação da televisão uma moça, ou uma personagem grávida, explica o quanto é importante votar e como votar. Para que tais reclames? Se o desinformado cidadão não sabe escolher seu candidato também não saberá votar. Se há um “voluntário”, convocado pela Justiça Eleitoral, na seção para atender e auxiliar o eleitor, por que reclame em todos os intervalos das programações da televisão? Não precisa de publicidade. Esta publicidade, desnecessária, pode ser fonte de renda para alguém. Alguém que está tirando proveito do erário público.

Reclame. Você não pagou somente a publicidade do governo. Quem pagou os reclames do supermercado A foi você e da Petrobrás também. A publicidade está no preço do produto que você e eu compramos. Nós financiamos tudo. Publicidade do governo, que em certos casos torna-se propaganda. Financiamos a compra da casa própria e do carro. Quem pode paga escola para que seu filho tenha boa instrução. Quem não pode matricula seu filho na escola pública. Quem pode paga plano de saúde. O povo usa o Sistema Único de Saúde. Eles não pagam e nem financiam nada. Eles desfrutam de tudo. Quem são eles? Os eleitos.

Todos têm liberdade de expressão. O candidato pode falar o que quiser. Por que nós temos que pagar para ouvir promessas que o candidato faz, mas que não poderá cumprir porque não é competência do cargo que pleiteia? Como todos têm direito de expressão, por que não chamar os candidatos ignorantes à luz da razão?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Egrégora

Consciência coletiva existe? Os estudiosos acreditam que sim.

Faz tempo que não vejo nenhum filme ou vídeo sobre o fundo do mar. Em águas cristalinas víamos cardumes de peixes miúdos. Todos seguiam a mesma direção. Se à esquerda surgisse um perigo, todos, ao mesmo tempo, fugiam para a direita. Este ato instantâneo de tomar uma decisão pode ser chamado de Egrégora? Seria uma consciência coletiva fugir de um perigo iminente? Não sou psicólogo nem biólogo, mas acredito que seja um instinto animal. Coisa que os humanos não têm. Que pena.

Seria Egrégora um conjunto de pensamentos? Será que os pensamentos emitem ondas eletromagnéticas? Ondas eletromagnéticas entram em ressonância. E ressonância só acontece quando a freqüência é a mesma.

Muita gente pensa que os muros de Jericó caíram porque o Senhor ordenou, mas ninguém se lembra que os soldados ficaram marchando ao redor da cidade até que os muros caíssem. A freqüência dos passos dos soldados entrou em ressonância com a freqüência da muralha e ela desmoronou. É infantil acreditar que o Senhor protege alguém. Existem Leis. A Lei é o alicerce da consciência.

Esta consciência coletiva, se existe ou não, ela pode ser negativa ou positiva.

O governo baixou a Lei Seca. Provavelmente para inibir o coletivo de motoristas, que não observar as normas de trânsito, após beber bebidas alcoólicas. Foi veiculada a informação que os acidentes no trânsito diminuiu. Entretanto, a imprensa tem noticiado que os acidentes com motoristas sóbrios continuam ocorrendo de forma drástica. Dá para imaginar, que o pano de fundo desta medida é o aumento de receita e demonstrar força. Não para inibir os acidentes. Neste caso não se aplicou a consciência positiva de evitar acidentes. A consciência negativa se evidenciou. A certeza de que não haverá punição, encoraja o motorista a ultrapassar em locais proibidos para tirar vantagens e chegar mais cedo ao seu destino.

Boi preto anda com boi preto e boi branco anda com boi branco. O ditado é popular, mas as pessoas da mesma índole e de mesmos costumes se agrupam. Quem faz a seleção dos freqüentadores de um barzinho, de uma lanchonete ou de um restaurante? Ninguém. Parece que existe uma onda eletromagnética que entra em ressonância nos cérebros e as pessoas semelhantes se agrupam.

Como explicar o agrupamento de pessoas que tem em comum o pára-quedismo como esporte? De onde Machado de Assis obteve a iluminada pretensão de agrupar imortais? Pretensão que Araçatuba também teve. Poucas pessoas fazem parte de Associações de Letras.

O lado negativo e podre da consciência negativa vem do poder constituído. O político é espelho da sociedade. É nele que o povo tem a esperança de que sua vontade seja executada.

Políticos cometem crimes. São processados e condenados, mas não vão para as masmorras. O lado podre e pobre da consciência opta pelo crime. Seus líderes não são presos. Eles também não serão. E não são porque a Lei os protege.

A maioria esmagadora das pessoas não cometeram e nem cometerão crimes. Esta é uma Egrégora positiva. Advém de boas religiões, de sociedades de estudos, da sua própria cultura, da Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz, da Maçonaria e de uma fonte que prefiro dizer que é a Mente Cósmica. Ondas eletromagnéticas que vêm de algum lugar trazendo ensinamentos. Ensinamento que algumas pessoas têm, e que ninguém sabe de onde veio.

Egrégora negativa está ativa. Esta consciência continua recrutando jovens para a droga, para o vício e para o crime organizado. A alameda dos erros e dos vícios é linda e florida. A alameda da virtude também. Ornamentada com rosas e espinhos. Mais espinhos do que rosas.

domingo, 7 de setembro de 2008

Vingança

Quando começou a novela das oito, que começa perto das nove, a minha favorita era a Flora. Por razões óbvias. É loira e de olhos azuis. Depois que conheci a loira mudei de lado. Agora a minha favorita é a Donatela. Embora não seja loira, quero vingança.

Vingança na literatura e nas novelas é um bom entretenimento. No livro é mais interessante, porque cada um cria a seu próprio cenário. Na novela é mais cômodo. O diretor cria o cenário e nós só assistimos. Maior vantagem: não sai sangue.

A vingança na vida real é diferente. Diz-se que a vingança tem gosto de sangue. Nem sempre este sangue tem o gosto que o Conde tanto gosta de beber. É o Ranço, o rancor, a mágoa, a inveja. Está fora de moda lavar a honra com sangue.

A vingança tem várias vertentes. Uma senhora da cidade de Birigui vingou a morte de sua mãe. Encaminhou uma carta ao radialista Paulo Brito relatando o que ocorrera no período que sua mãe ficou hospitalizada. A carta não vai trazer a vida para sua mãe, nem vai tirar sangue de ninguém, mas a honra foi lavada. O povo ficou sabendo que o SUS é um susto, como ela disse em seu relato.

A vingança tem o lado negativo, mas também tem o lado positivo. O lado negativo é fazer justiça com suas próprias mãos. Mesmo que a Justiça não seja justa, não é o cidadão prejudicado que vai executá-la. Temos leis, embora dúbias, que devem ser obedecidas. Até a lei seca, uma aberração do governo Luiz Inácio, deve ser obedecida. O lado positivo é a luta para reverter uma situação.
Não há vingança maior para um corinthiano ver seu time golear a equipe do Palmeiras, ou torcer para que ele também volte para a segunda divisão. Não sai sangue e é salutar. Exceções feitas às torcidas organizadas, que mais parecem fazer parte de facções do crime organizado do que de torcedores de esportes. Neste ponto vem a vingança de pais ajuizados. Pais ajuizados deixaram de levar seus filhos a estádios para assistir uma partida de futebol. Não é uma bela vingança?

Em política também há vingança. Inimigos partidários se unem para obter vitória e vingarem de derrotas em pleitos passados. Nestas uniões de partidos as doutrinas são esquecidas. O propósito é a vingança. Derrotar o inimigo unindo-se a ex-inimingos.

O povo, ora o povo, faz jus a sua mediocridade. Eu e todas as pessoas votamos porque é obrigado votar. Se não votar há vingança por parte do Estado. E se não fosse obrigado? Como seria o resultado das eleições?

Acabar com a obrigatoriedade de votar é um tiro no pé, mas é minha vingança contra a atual Lei Eleitoral.

No dia 4 de dezembro de 2004 escrevi um artigo que se chamava “Dois terços”. O foco do texto é a campanha que todos os candidatos fazem. Todos os candidatos alicerçam suas campanhas dizendo que é preciso mudar. Em Birigüi tem um candidato que não quer mudar. O candidato quer continuar no caminho que ele acreditar ser o certo.

Iniciei o artigo dizendo que seria preciso rezar todos os dias dois terços para que realmente houvesse mudança na administração da prefeitura, porque proposta de mudança não ocorreu nem com a eleição do Sr. Luiz Inácio. Quanto mais numa prefeitura, cuja administração é cheia de apadrinhados. Para alguns houve mudanças, para outros só trocaram as coleiras.

Os dois terços não eram somente as preces. Dois terços dos eleitores não votaram no vencedor. Pergunta para não ser respondida: Está certo a maioria perder?

Precisamos mobilizar toda a sociedade civil organizada, para promover uma vingança contra esta lei, que de democrática ela não tem nada. A opinião da maioria deve prevalecer.

Já imaginaram se o voto nulo fosse concorrente? Não há vingança maior contra a hipocrisia.