domingo, 7 de setembro de 2008

Vingança

Quando começou a novela das oito, que começa perto das nove, a minha favorita era a Flora. Por razões óbvias. É loira e de olhos azuis. Depois que conheci a loira mudei de lado. Agora a minha favorita é a Donatela. Embora não seja loira, quero vingança.

Vingança na literatura e nas novelas é um bom entretenimento. No livro é mais interessante, porque cada um cria a seu próprio cenário. Na novela é mais cômodo. O diretor cria o cenário e nós só assistimos. Maior vantagem: não sai sangue.

A vingança na vida real é diferente. Diz-se que a vingança tem gosto de sangue. Nem sempre este sangue tem o gosto que o Conde tanto gosta de beber. É o Ranço, o rancor, a mágoa, a inveja. Está fora de moda lavar a honra com sangue.

A vingança tem várias vertentes. Uma senhora da cidade de Birigui vingou a morte de sua mãe. Encaminhou uma carta ao radialista Paulo Brito relatando o que ocorrera no período que sua mãe ficou hospitalizada. A carta não vai trazer a vida para sua mãe, nem vai tirar sangue de ninguém, mas a honra foi lavada. O povo ficou sabendo que o SUS é um susto, como ela disse em seu relato.

A vingança tem o lado negativo, mas também tem o lado positivo. O lado negativo é fazer justiça com suas próprias mãos. Mesmo que a Justiça não seja justa, não é o cidadão prejudicado que vai executá-la. Temos leis, embora dúbias, que devem ser obedecidas. Até a lei seca, uma aberração do governo Luiz Inácio, deve ser obedecida. O lado positivo é a luta para reverter uma situação.
Não há vingança maior para um corinthiano ver seu time golear a equipe do Palmeiras, ou torcer para que ele também volte para a segunda divisão. Não sai sangue e é salutar. Exceções feitas às torcidas organizadas, que mais parecem fazer parte de facções do crime organizado do que de torcedores de esportes. Neste ponto vem a vingança de pais ajuizados. Pais ajuizados deixaram de levar seus filhos a estádios para assistir uma partida de futebol. Não é uma bela vingança?

Em política também há vingança. Inimigos partidários se unem para obter vitória e vingarem de derrotas em pleitos passados. Nestas uniões de partidos as doutrinas são esquecidas. O propósito é a vingança. Derrotar o inimigo unindo-se a ex-inimingos.

O povo, ora o povo, faz jus a sua mediocridade. Eu e todas as pessoas votamos porque é obrigado votar. Se não votar há vingança por parte do Estado. E se não fosse obrigado? Como seria o resultado das eleições?

Acabar com a obrigatoriedade de votar é um tiro no pé, mas é minha vingança contra a atual Lei Eleitoral.

No dia 4 de dezembro de 2004 escrevi um artigo que se chamava “Dois terços”. O foco do texto é a campanha que todos os candidatos fazem. Todos os candidatos alicerçam suas campanhas dizendo que é preciso mudar. Em Birigüi tem um candidato que não quer mudar. O candidato quer continuar no caminho que ele acreditar ser o certo.

Iniciei o artigo dizendo que seria preciso rezar todos os dias dois terços para que realmente houvesse mudança na administração da prefeitura, porque proposta de mudança não ocorreu nem com a eleição do Sr. Luiz Inácio. Quanto mais numa prefeitura, cuja administração é cheia de apadrinhados. Para alguns houve mudanças, para outros só trocaram as coleiras.

Os dois terços não eram somente as preces. Dois terços dos eleitores não votaram no vencedor. Pergunta para não ser respondida: Está certo a maioria perder?

Precisamos mobilizar toda a sociedade civil organizada, para promover uma vingança contra esta lei, que de democrática ela não tem nada. A opinião da maioria deve prevalecer.

Já imaginaram se o voto nulo fosse concorrente? Não há vingança maior contra a hipocrisia.