sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pocilga

Por que será que existe pocilga? Do ponto de vista econômico todo mundo sabe. Criar porco é um bom negócio. Nas quermesses ninguém resiste a uma leitoa assada. É quase impossível encontrar uma leitoa magra e pequena para as festas de final de ano.

É difícil encontrar alguém que não tenha apreço pela Bíblia. Também não se encontra quem a abomine. Entretanto a Bíblia proíbe comer leitoa. Não pelo fato de ser um bebê do porco, mas porque é um animal impuro. O Senhor disse a Moisés que não é permitido comer animais que tenham a unha fendida e não rumina. É o caso do porco e não é o caso do boi.

Há quem acredita que as histórias relatadas na Bíblia são parábolas. Outras pessoas acreditam que sejam metáforas. O povo acredita que seja metáfora, porque ninguém resiste a um bom prato de porco e nem de um pacu assado. Por outro lado já se passaram quase cinco mil anos. Muita gente come porco e peixe sem escama.

Quando o criador de porcos é um empresário, a pocilga é tão limpa quanto se pode imaginar.
Quando o criador de porcos não é empresário ele cria porcos em chiqueiros. Chiqueiro é uma pocilga sem os devidos cuidados de higiene.

Metaforicamente as mães colocam seus bebes nos chiqueirinhos. Não é para confinamento e sim para que não engatinhe pela casa toda, evitando acidentes domésticos. Estes chiqueirinhos são limpos e cheirosos, mas ninguém os chama de pocilga.

Metaforicamente a Lei Eleitoral 9504/97 é uma pocilga. Toda pessoa tem o seu valor e o propósito não é denegrir a imagem de ninguém. A Lei Eleitoral cria ilusões que não poderão ser consumidas. Candidatos ao cargo de vereador usam o seu minuto de fama no horário gratuito da televisão para propor o que legalmente não podem fazê-lo. Propor o que não pode fazer, é o mesmo que criar porcos e não poder degustar uma deliciosa iguaria que é o porco no tacho, ou um porco no rolete. Além, é claro, de uma leitoa assada, com o couro em pururuca.

A Bíblia serve para alguma coisa? Não. A Bíblia não serve para nada. Ninguém a segue, embora há quem jure ser fiel aos ensinamentos sagrados. A supracitada lei também não serve para nada, porque em nada ela contribui para que o eleitor conheça um bom candidato.

Em época de eleição, e também em todos os dias, vale ler, reler e comentar com todo o mundo o que René Descartes escreveu há séculos em sua obra “Discurso do Método”: Devemos duvidar de tudo, mesmo que pareça ser verdade.

O conhecimento não depende das posses. Uma pessoa pobre pode ser rica em conhecimento. O contrário é uma lástima. Rica em bens materiais e pobre de espírito, de cultura e de conhecimento.

Nesta mesma época de René Descartes outros iluministas pregavam a queda do despotismo. Ninguém é o dono da verdade. Entretanto existem déspotas em nossas prefeituras e não há Lei que eliminem tais pessoas da administração pública.

Ninguém nasce sabendo. Para ser médico é preciso estudar. Por que qualquer um pode ser vereador? É preciso ser deista. Deus existe, mas quem administra a prefeitura é o prefeito e quem aprova as leis são os vereadores. Como ninguém nasce sabendo, não é o momento de exigir nível de conhecimento para que uma pessoa possa exercer um cargo representativo, como o de vereador? O mesmo se aplica ao Poder Executivo.

O povo brasileiro é realmente coerente. É religioso, mas come carne de porco e peixe sem escamas. Continuam coerentes votando em pessoas que prometem o que não podem cumprir, pois acreditam na corrupção e nos favorecimentos pessoais.

Ceva, pocilga, chiqueiro ou curral são sinônimos de uma prática eleitoreira. É mais conhecida como Curral Eleitoral. No Curral o eleitor se torna submisso e dependente do candidato. O candidato promete. O eleitor acredita.

Leia a Bíblia. Ela explica o que os religiosos não sabem. Quem come carne de porco pode votar em qualquer um. Não precisa ter cultura. Nem bom censo. Certamente vai votar errado. Carne de porco é uma metáfora ou uma parábola?