quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Consilium

Consilium é uma palavra latina. A correspondente em português é consílio. Não é mais usado com esta grafia. Usa-se concílio. Conselho também vem de consilium, organização que tem a intenção de aconselhar. É o caso dos Conselhos Municipais. Normalmente as decisões dos Conselhos são democráticas. Os conselheiros têm voz e voto. A resolução tomada é a da maioria. Infeliz quem não acata os conselhos de um Conselho. Sábio quem consegue discernir as reais intenções do Conselho e aplicá-las ou refutá-las, se for o caso.

Sempre que preciso a Igreja Católica convoca os bispos para um concílio. O primeiro foi o Concílio de Nicéia. O Papa chamava-se Silvestre I, mas o concílio foi convocado pelo imperador de Roma.
Flavius Valerius Constantinus percebeu que os cristãos daquela época não tinham medo de morrer pela causa. Mesmo sendo minoria, os cristãos moravam em centros urbanos. A solução que o imperador encontrou foi unir-se a eles. Deixou de perseguir os cristãos e passou a promover o cristianismo.

Constantino, o nome em português do imperador, convocou o concílio para unificar a doutrina da Igreja. Quem mandava na diocese era o bispo e um bispo não mandava no outro. O Papa era tão somente bispo de Roma. Também não tinha autoridade sobre os outros. Cada bispo tinha sua própria doutrina. Isto era um perigo para o Império Romano.

Trezentos bispos se reuniram neste concílio. Nos primeiros tempos da Igreja, Jesus era um ser mortal. Um dos seguidores desta doutrina era Arius. A doutrina ariana sustenta que só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. Por outro lado existiam os que acreditavam que Jesus é o próprio Deus encarnado. Constantino percebeu que esta disputa iria rachar o Império.

Os imperadores tinham abandonado os seus direitos divinos. Para acabar com a disputa o Concílio de Nicéia rejeitou a doutrina ariana e Arius foi banido da Igreja. Para ajeitar a situação foi criada a Santíssima Trindade. Jesus virou Deus.

O Império Romano foi. A Igreja ficou. E sempre que for preciso, ela convoca os bispos, que se tornam conselheiros de um Conselho para tomar decisões para se perpetuar.

Este exemplo não é tomado pelos atuais governantes. Sobretudo os governantes do Brasil. Decisões são tomadas sem a menor visão de futuro. Ainda não é uma decisão tomada, mas o Presidente da República já pensa em gastar, o que nem ganhou ainda. A Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo em águas profunda, numa área chamada de pré-sal. Segundo a estimativa o óleo será de boa qualidade e abundante.

O Presidente pretende criar novos programas sociais. Por que não se cria concílios para decidir onde gastar o dinheiro público? Programa social não ajuda a sociedade ficar mais justa e mais fraterna. É um peixe e não uma vara de pescar. Talvez porque vara de pescar não dá voto, como o peixe dá.

O Rotary Club tem um fundo. Este fundo não diminui. Só cresce. Com o rendimento deste fundo o Rotary promove beneficência em todo o mundo. Mesmo aqui em Birigüi e em algumas cidades vizinhas também. A Noruega também tem um fundo cujos recursos são provenientes da obtenção e venda de petróleo. Lá eles não gastam a receita do petróleo. Eles guardam.

Por que não copiar decisões que são boas? Não procurei saber se na Noruega existem Conselhos, mas no Rotary tem e dificilmente são tomadas decisões equivocadas.

Concilio não é usado só para boas idéias. Consilium fraudis é um exemplo de conselho onde as pessoas se reúnem para traçar planos para lesar alguém. Pode ser um ato para lesar uma pessoa. Como pode ser um plano para lesar uma empresa. Assim é o mundo. O bem e o mal estão sempre juntos. Existem tantas decisões equivocadas, que dá para acreditar que os governantes fazem parte de um Consilium faudis.

Não adianta falar, mas é bom repetir. As organizações não podem mudar de quatro em quatro anos. A Igreja Católica é milenar porque ela não muda e quando muda é depois de muita discussão sobre a reforma que está sendo oferecida. Algumas organizações não mudam suas estruturas e nem por isto deixam de serem progressistas, modernas, atuais, livres, fraternas e tratam todos com igualdade.