quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Estado


No estado que o Estado está não deveria continuar. Matar capivara dá cadeia. Matar uma pessoa, nem sempre vai preso. Há inúmeros recursos para livrar o acusado da prisão. Prisão para ladrões? Só para os de galinha. No caso dos mensaleiros, alguns roubaram galinhas outros não.
Machado de Assis tem uma interpretação diferente do ditado popular “a ocasião faz o ladrão”. Sua frase é a seguinte: A ocasião não faz o ladrão, faz o furto. O ladrão já nasce feito. Outra frase dele: A vaidade é um princípio de corrupção.
Para que a vaidade não tenha influência nas administrações municipais, não seria hora de uma profunda reforma no conjunto de leis que regulamenta a administração municipal? Melhor seria para o país todo, mas as esperanças de ver um Brasil administrado por pessoas justas e honestas em todos os sentidos e a toda hora se foram. O município não deixa de ser um pequeno Estado. Só não é independente. Fica atrelada à Constituição Estadual e Federal. Mesmo assim uma reforma poderia ser estudada.
Por mais que o prefeito não seja vaidoso, um fundo de vaidade fica marcado em seus atos. É um ato próprio e perfeitamente justificável de pessoas públicas para continuarem sendo vistas e lembradas nas eleições seguintes. Neste ponto que as reformas deveriam se iniciar. O prefeito deverá assinar todos os atos da administração, mas os assuntos destes atos deveriam ser analisados pelos Conselhos. E só viger se forem aprovados pelos Conselhos em questão.
No estado que a saúde em Birigui está também não pode ficar. Se o Conselho Municipal de Saúde tomou alguma providência, o povo não ficou sabendo. O fato é que as reclamações continuam.
Comparem o descaso com a saúde em Birigui. Em Promissão existe e funciona o Hospital Geral de Promissão e o AME – Ambulatório Médico de Especialidades. Além destes dois órgãos estaduais, a Prefeitura mantém a Casa de Saúde da Mulher.
A mãe de uma amiga minha precisou realizar uma cirurgia da vesícula. Veja o relato do marido da paciente. “Fui muito bem atendido em Promissão. Em menos de dezoito horas somadas consegui a cirurgia da vesícula de minha mulher. Aqui em Birigui, no pronto-socorro mandaram procurar um postinho. No postinho tem que agendar com o clínico para ele indicar um cirurgião, cuja fila de espera está em três meses ou mais. Se não quiser ou não puder esperar é só pagar R$ 3.260,00, fora raios-X, eletro do coração e exame de sangue. Todo o procedimento ficaria em torno de R$ 3.800,00”.
A Santa Casa de Birigui precisa de misericórdia. Não tem pronto-socorro e nem UTI neonatal, mas tem dívidas. Com relação às dívidas, um fato novo apareceu. O imóvel onde funciona a Santa Casa de Misericórdia vai a leilão. Se eventualmente o imóvel for arrematado por um investidor e este pedir a desocupação do prédio, para onde a Prefeitura vai levar o hospital que a Santa Casa mantém? Ou será uma armação para terceiros comprarem a Santa Casa a preço de banana? E a Irmandade vai receber o que investiu? Algumas pessoas desconhecem, mas Santa Casa de Misericórdia não é apenas um hospital. Pode ser que em Birigui só desenvolva esta função social.
No estado que a Câmara de Vereadores está também não pode ficar. Não adianta comprar tilenol para resolver o problema que a dengue causa. A causa é outra. É desta forma que os vereadores estão se comportando na Câmara. Diminuir o número de vereadores. É o mesmo que tomar tilenol para acabar com o Aedes Aegypti. O problema da dengue é o descuido que a população tem. Não limpa os quintais e nem os jardins, deixando acumular água facilitando a procriação do mosquito. O problema da Câmara não é o número de vereadores e sim o custo operacional e as normas que regulamentam o funcionamento.
Não importa se o número de vereadores é nove ou dezessete. O orçamento será o mesmo. O que resolve é diminuir o custo, a começar pela remuneração dos vereadores e comissões dos cargos, quase sempre ocupados por apadrinhados dos políticos e regimento interno.
“A ocasião não faz o ladrão, faz o furto. O ladrão nasce feito”. “A vaidade é um princípio de corrupção”. Gastar dinheiro público sem a devida necessidade é furto, roubo ou atos de um administrador ímprobo?