sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Água de Superfície


Laboratório de química tem aquele cheiro característico. Se você estiver fazendo uma visita a um laboratório de química e lhe oferecerem um copo de monóxido de di-hidrogênio para beber você aceitaria? Com este nome? Nem pensar. Mas se você estiver com sede, pode beber. É água. Líquido essencial à vida.
Birigui é uma cidade privilegiada. Tem água de superfície em abundância. Mesmo com a falta de cuidados os córregos, desafiando as obras dos homens, continuam correndo, sem que suas águas sejam utilizadas.
O córrego do BTC, e sempre o chamarei assim, aquele que passa dentro do Birigui Tênis Clube, que se chama Córrego da Piscina, continua firme. Não sei como está resistindo. Só pessoas antigas, do tempo que aquela área era rural, poderiam nos dizer onde realmente é sua nascente. Hoje a água aparece sob a calçada em frente ao número 525 da Rua Bandeirantes. Pode ser vista porque há uma grade que funciona como boca de lobo. As condições adequadas para uma nascente já não existe mais. O mesmo ocorre com o Córrego Biriguizinho. Coitado, nasce de um verdadeiro bueiro no cruzamento da Av. João Cernack com a Rua Padre Geraldo Goseling.
No Parque das Paineiras há uma nascente. Esta sim está dentro das normas de proteção de nascentes. Outrora, o Sr Nicolau utilizava esta mina para criar peixes. Até pouco tempo atrás o reservatório estava intacto. Um dirigente público arrombou um dos lados e atualmente suas águas não são utilizadas para nada. Poderiam aumentar este reservatório, urbanizar a praça, pois a nascente fica em uma praça e utilizar a água para lavar as ruas, por exemplo. Mas a água corre para o Córrego Nunes e se perde.
Faz parte da Bacia do Córrego Biriguizinho os seguintes córregos: Parpinelli, Jofer, Vendrame, Nunes e BTC. Suas águas são despejadas no Ribeirão Baixotes sem ser utilizadas. Verdadeiro desperdício.
Inúmeras regiões da Terra sofrem com o flagelo da seca. Falta água de superfície. Nestas regiões a alternativa é perfurar poços. Não é o caso de nossa cidade. Por que buscar água no subsolo, se temos em abundância na superfície? É aceitável a existência de poços para eventual emergência, mas não explorá-la comercialmente, como está sendo feito.
Retirar água do subsolo causa algum problema na superfície? Estudiosos afirmam que o centro da Cidade do México está afundando porque houve abertura de poços de maneira desordenada, causando o rebaixamento do lençol freático. O problema não é do nosso prefeito. É do prefeito mexicano.
A voçoroca não é só um buraco provocado por erosão pluvial. Pode aparece uma cratera de um momento para outro. Sem aviso prévio. A preocupação não é com voçoroca ou rebaixamento do lençol freático e sim utilizar a água de superfície preservando a água do subsolo.
Ibirá é uma cidade de águas medicinais. Algumas de suas fontes não jorram mais água. Dizem que a mina secou porque o lençol freático baixou. Será que a causa são os poços abertos sem a real necessidade? Os problemas dos outros estão ficando perto de nossa cidade.
Analisando a história de Birigui dá para notar que os dirigentes públicos não planejam o futuro da cidade. Um faz outro desfaz. O Lago “A Raquete” foi aterrado. Trocaram água, que é essencial à vida, por grama, que só serve aos animais.
À esquerda da foz do Córrego Biriguizinho há uma área em que a Prefeitura ocupa como depósito de entulho. Por que não utilizar aquela área como reservatório de água para ser usada em nossas torneiras? Sendo uma área grande, pois sua extensão seria da ponte da Rua Egídio Navarro até a ponte da Av. Joaquim Ciciliatti, que cruza o Córrego Baixotes, não serviria somente para captação de água, poderia ser usada para lazer.
Projeto existe e é viável. Só falta boa vontade.