Utopia
não existe. Não existe porque o termo significa exatamente isso: não existe.
Tudo começou com Thomas More. Ele descreveu em seu livro uma ilha inimaginável,
onde existia uma sociedade perfeita. Conta-se que Thomas More ouviu um relato
de Américo Vespúcio sobre a existência do arquipélago Fernando de Noronha. Sua
imaginação criou para esta ilha uma sociedade perfeita. O nome da ilha foi
criado a partir de dois radicais gregos. “OU” radical que significa não.
“TOPOS” significa lugar. Literalmente “não-lugar”, mas o termo mais aceito para
utopia é: “lugar que não existe”.
A
obra “Utopia” foi escrita em 1516. Naquela época a Inglaterra já demonstrava
que o caminho a seguir era para o capitalismo. Nesta sociedade perfeita não
havia individualidade, como havia no capitalismo que engatinhava. Todos
trabalhavam e todos os bens eram coletivos. Todos eram donos de tudo. Será que
em Utopia existia penitenciária?
Quatro
séculos após a publicação de “Utopia” uma nova obra literária criava outra
sociedade. Talvez não fosse perfeita, mas harmoniosa. Aldous Huxley escreveu
“Admirável Mundo Novo”. Nesta sociedade as pessoas eram geneticamente
pré-selecionadas para serem concebidas. Ao nascer eram condicionadas a pertencerem
a uma casta e nelas permaneciam até o fim da vida. Nesta sociedade não existia
o conceito de família, religião e ética moral como existe em nossa sociedade.
Tudo era harmonioso e ninguém tinha dúvidas de nada. Consequentemente não havia
conflitos. Para preservar a ordem social era consumido um alimento chamado
“Soma”.
Deve
existir uma mente cósmica ou universal que inspira seres a desenvolver obras
literárias para orientar a população. Ou entretê-las.
A
Bíblia não é uma obra literária e nem leitura de entretenimento. É uma obra que
orienta as pessoas a viver em sociedade. É possível que Thomas More e Aldous
Huxley tenham se inspirado em algum livro do Antigo Testamento para escrever
sobre suas perfeitas sociedades. Moisés conduziu o povo hebreu pelo deserto sem
que houvesse conflitos sérios. Os que houveram foram contornados pela liderança
de Moisés. No deserto não havia o que comer, mas caia do espaço um alimento
chamado “Manah”. A distância entre o Egito e Israel não é grande, mas o povo
hebreu ficou quarenta anos vagando pelo deserto. Por que quarenta anos?
Sonhar
com um país organizado, com escola para todos, hospitais e trabalho é utópico?
Parece que sim. Nunca foi criada uma sociedade como a idealizada por Thomas
More ou Aldous Huxley. Por decreto e pela força foram criadas algumas
sociedades socialistas. Nenhuma destas sociedades deu resultado satisfatório.
Todas se sustentaram oprimindo ou eliminando as pessoas que se opunham a este
regime. Poucas destas sociedades duraram mais de quarenta anos.
A
provável razão para não existir uma sociedade perfeita não está nos dirigentes
e sim na massa que compõe esta sociedade. Em épocas passadas e porque não dizer
remotas, os dirigentes não eram escolhidos pelo povo. Talvez porque o povo não
soubesse escolher. Thomas More tinha e continua tendo razão. O processo
eleitoral em Utopia é o voto indireto. Processo que elimina despesas de
campanha e pessoas que fazem da política um negócio para se enriquecer.
Fernando
de Noronha existe, mas a ilha de Thomas More não. Esta sociedade idealizada por
Thomas More representa um antagonismo em relação à sociedade feudal de seu
tempo.
Thomas
More foi decapitado por ordem do rei Henrique VIII. Foi condenado porque não se
corrompeu ante a uma ordem do rei. O rei queria se divorciar, mas era proibido.
A história de Henrique VIII todos conhece. A de Thomas More não. Em 1886 foi
beatificado pelo Papa Leão XIII. Em 1935 foi canonizado pelo Papa Pio XI. Em
2000 foi declarado pelo Papa João Paulo II patrono dos estadistas e políticos,
mas ninguém segue sua conduta de retidão na condução da coisa pública.
A
propósito, Joaquim Barbosa não foi decapitado ou foi?