sábado, 30 de julho de 2011

Liberdade

Bons tempos foram aqueles em que se discutiam conceitos e doutrinas, tanto do ponto de vista filosófico quanto religioso. Estes bons tempos ficaram lá com Sócrates, Platão, Aristóteles, Sartre, Voltaire, Descartes e, sem esquecer os pensadores do iluminismo.

Nada impede que se abram discussões sobre temas que os pensadores desenvolveram, mas dificilmente serão criados outros conceitos sobre o que eles escreveram ou disseram. A sabedoria é um alicerce que está fincado no passado. Como é um alicerce ninguém vê. É interior e pessoal. Poucos a têm. Atualmente têm-se conhecimentos.

Como definir liberdade nos tempos atuais? A definição depende do nível intelectual e de evolução interior de cada um. Certamente reproduzidas com as próprias palavras, o que foram ditas pelos pensadores.

As mulheres, em particular, têm a liberdade de se vestirem como princesas e rainhas. Entretanto, estão presas às vontades dos tiranos que editam a moda. Ficam submissas ao que o mercado oferece. Se fugirem da moda, são motivos de chacota. Se exageram, são peruas.

“A liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê.”. Quem disse esta frase foi Martinho Lutero. Por outro lado e contrapondo-se, Jean-Paul Sartre disse que a liberdade é absoluta ou não existe. Um era religioso e o outro ateu. Então? O que pensar?

No Brasil contrariando Lutero e Sartre a liberdade existe. Não existe para os cidadãos honestos, pois estes ficam enjaulados em suas residências com pesadas grades nas janelas, nas portas e monitorados por câmeras de segurança. Da mesma forma as indústrias e as casas comerciais têm que se protegerem.

A liberdade existe para os bandidos que cometem crime e não ficam encarcerados. Uma nova lei criada pelos políticos brasileiros determina que pessoas que cometerem crimes leves, punidos com menos de quatro anos de prisão e que não tenham sido condenadas por outro crime não fiquem presas.

Para Lutero tudo é previsto por Deus. Não que o governo seja um deus, mas parece que os governantes como tal estão se comportando. Dá-nos a impressão que esta lei veio para proteger punguistas que batem nossa carteira na rua, assaltantes, companheiros e camaradas. Sem contar que o governo punga nossas economias cobrando altos impostos e pouco serviço público.

É mais retórica do que fato, dizer que um deus do Planalto está armando proteção aos seus. Estaria previsto para o próximo mês de agosto o julgamento dos mensaleiros por formação de quadrilha e outros delitos.

Algumas vezes é bom ser ignorante. Não sei se a pena para formação de quadrilha é reclusão. Se for menor que quatro anos eles ficarão livres. Esta notícia não é a mais importante para os mensaleiros do Governo Luiz Inácio, presidente que passará para a história como um apedeuta. Não sabia de nada. A notícia que eles esperam é da decisão do Supremo Tribunal Federal. A legislação penal prevê a prescrição deste tipo de delito em oito anos. Os ministros têm a liberdade de decidir se o prazo começou a correr em 2003, época em que os crimes aconteceram ou em 2007, ano em que STF recebeu as denúncias.

É um fato consumado que não haverá punição aos mensaleiros. Da mesma forma este expurgo no Ministério dos Transportes é fachada e não faxina. A blindagem à administração anterior continua. Como a luta da companheirada para perpetuação no poder continua.

Ao povo resta a liberdade de pagar os impostos, não ter segurança, creche, hospitais e escolas para todos. E com toda a liberdade ir e vir na clausura do seu lar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Albergue

Hoje, pela manhã, estava ouvindo o Programa Aladim José Martins, onde ele entrevistou um moço que foi ao programa de rádio pedir ajuda para voltar para sua cidade, uma vez que não conseguiu emprego aqui em Birigui.

Este moço e mais um colega estão dormindo ao relento. A cidade de Birigui não tem albergue para abrigar mendigos e andarilhos. Tinha, mas foi desativado.

Disse pelo e-mail que mandei para o radialista que, não tenho muita simpatia pela administração pública de Birigui. Como tenho relatado em meus artigos postados em meu blog e publicados pela Folha da Região e A Realidade.

Minha posição não tem nada de pessoal contra o prefeito e seu secretariado. Sou da opinião que a administração pública tem que estabelecer prioridades. Se não estabelecer, os jornalistas têm que relatar ao público.

Não há albergue para aparar os necessitados. Também não tem pronto-socorro anexo à Santa Casa de Misericórdia. Hospital que pede misericórdia para sair das dívidas.

Em Birigui existia a única fonte luminosa suspensa da América Latina. Não tem mais. A prefeitura gastou mais de trezentos mil reais para construir debaixo dela um salão. Um arco que poderia ser o nosso triunfo, hoje abriga um salão, no meio da rua, que não serve para nada.

Não encontrei no site da prefeitura o orçamento e nem a licitação para reforma da Praça Dr Gama. Esta praça está sendo reformada para a celebração do centenário de Birigui.

Solicitei o referido orçamento à assessoria de imprensa. Não fui atendido.

Assim caminha Birigui para o seu centenário. Dinheiro público sendo utilizado sem estabelecer prioridades. Aqui não é um paraíso. Nem um albergue.

sábado, 16 de julho de 2011

Temporada da peita

Existe a temporada da pesca. Temporada da caça. Estamos entrando na temporada da peita. Os políticos começaram a peitar os adversários. Peitar em português não tem o mesmo significado que os sindicalistas usam. Peitar é corromper. Vem de peita. Presente oferecido como suborno.

Os políticos têm a desfaçatez de dizer que coligações ou acordos entre partidos não é conchavo. Pois bem, a temporada da peita começou. Nos bastidores, para não dizer nos subterrâneos da política eleitoreira, os conchavos e os acordos começaram. Adversários esquecerão o passado de discórdia e serão aliados no novo pleito que se aproxima.

Na cidade de Birigui os grupos políticos estão se reagrupando. Domingo passado a Folha da Região noticiou o seguinte: “O vereador José Firmino Grosso atribui à eleição para a Mesa Diretora, ocorrida no final de 2010, o motivo que o tem levado a se afastar da oposição no Legislativo. Era de interesse do democrata estar no Grupo que comanda a Casa. O vereador, que entrou com pedido de comissão provisória para o comando local da legenda, devido à reestruração na sigla por causa da saída do prefeito paulistano Gilberto Kassab, disse que o DEM está de “portas abertas” para o pré-candidato indicado pelo prefeito Wilson Borini (PMDB): o diretor da UNESP, Pedro Bernabé, hoje sem partido.”.

Como o pré-candidato indicado pelo prefeito ainda não tem partido, talvez não seja possível afirmar que está ocorrendo uma propaganda eleitoral antecipada. Estou escrevendo este artigo na tarde de quinta-feira que, será publicado no sábado. Está programado para sexta-feira (amanhã para mim e ontem para quem está lendo este artigo) a assinatura de convênios entre o município e o câmpus da UNESP de Araçatuba para programas nas áreas de saúde, água e esgoto. Parcerias da universidade com outras secretarias municipais também serão discutidas. O diretor da UNESP em Araçatuba, Pedro Bernabé, é o pré-candidato a prefeito em 2012 indicado pelo atual chefe do Executivo. Como informou o Periscópio da Folha da Região em 14.07.2011.

As correntes ideológicas existem e, é dever de um respeitar a do outro. Não sei se eleição é um mal necessário ou uma invenção dos déspotas, querendo disfarçar a raposa que são sob a pele de carneiros.

Devido a supostas irregularidades administrativas, o vereador José Firmino Grosso ajuizou, na forma da lei, ação popular para apurar se as supostas irregularidades são de fato irregulares ou acidente de percurso na execução de uma obra. Fato normal e que pode ocorrer.

Aqui entra a corrente ideológica. Como pode dois adversários que travam batalhas na Justiça se unirem para vencer as próximas eleições?

Como será que era o Templo de Salomão? Diz-se que o Parlamento Britânico e o Canadense têm estrutura semelhante. À direita da Mesa Diretora, que seria o Trono de Salomão, fica uma coluna de cadeiras para os parlamentares da situação. À esquerda outra coluna de cadeiras para os parlamentares de oposição ao governo. Entre as duas colunas um corredor que separa as ideologias. Situação e oposição não se misturam.

Lenda ou não, assim deveria ser aqui também. Se há eleições, é porque existem pelo menos dois lados se opondo. Um certamente será eleito. Ao outro só lhe resta à oposição. E nesta conduta de oposição os eleitos devem permanecer até o fim do mandato, porque foi vontade dos eleitores. Caso ocorram acordos, conchavos, acertos ou qualquer outra atitude unificando os lados opostos, a Polícia deveria ser acionada. Uma possível quadrilha estaria prestes a ser formada.

Na Câmara não há regras para escolha da mesa. O vereador da situação pode sentar-se ao lado do de oposição. Talvez para facilitar a peita.

sábado, 2 de julho de 2011

Cangaço

Em 7 de julho de 1897 nascia em Vila Bela (atualmente Serra Talhada) uma personagem ímpar na história do Brasil. Na verdade neste dia nasceu Virgulino Ferreira da Silva. Criou-se como toda criança. Era devoto de Nossa Senhora da Conceição e de Padre Cícero. Aos vinte e quatro anos de idade, por vingança, deu o primeiro passo para se tornar esta personagem cantada em cordéis e de fama internacional. Lampião o rei do cangaço.

Até poucas semanas atrás tecer comentário elogioso sobre as práticas dos cangaceiros poderia ser considerado apologia ao crime. Entretanto, quem teve a oportunidade de estudar este movimento conclui que eles não eram bandidos. A bibliografia é grande. Com prefácio de Rachel de Queiroz, uma obra que dá uma visão ampla sobre este movimento social é “Lampião Cangaço e Nordeste” escrita pela pesquisadora Aglae Lima de Oliveira.

Embora ainda exista a figura de justiceiros, que é considerada uma prática criminosa, o tema cangaço estava um pouco esquecido e fora de moda. A novela “Cordel Encantado” está retratando o assunto no sentido de justiceiros e pessoas normais.

Numa destas madrugadas, procurando algum bom filme na televisão, passei por um canal onde um pastor estava elogiando um ato do Supremo Tribunal Federal. O pastor estava parabenizando os ministros pela liberação da marcha da maconha.

Pessoalmente gosto das pregações deste pastor. Fiquei um pouco assustado e continuei para ver até onde iriam suas palavras. Os elogios eram prólogo ao assunto que ele abordou logo em seguida: Liberdade de expressão.

Quem escreve para jornal ou revista, fica sempre com a preocupação de ser politicamente correto temendo ser processado por utilizar palavras que supostamente poderia constranger algum indivíduo. Foi neste sentido que o pastor fechou seu sermão. Disse que cada um tem a sua opção sexual, mas nós temos o direito de não aceitar e nem celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. As Igrejas estão livres de serem processadas por discriminação. Graças aos ministros do Supremo Tribunal Federal, que ocupam os cargos por indicação política.

Mirian Rios conhecida atriz abandou os palcos. Atualmente é deputada estadual do Rio de Janeiro e na Assembléia Legislativa fez um pronunciamento a respeito do homossexualismo e homofobia. Disse que não é preconceituosa e não discrimina, pois tem amigos homossexuais, mas quer ter o direito de não querer ter um homossexual como empregado e dar aos seus filhos orientação heterossexual. Seu discurso foi para se manifestar contra aquela cartilha sobre orientação sexual nas escolas, que querem incluir na Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

Josmar Jozino é jornalista. Entre suas obras uma chama a atenção para o tema liberdade de expressão: Cobras e Lagartos. Ele descreve a organização criminosa PCC. Não faz elogios. Explica como funciona a organização e releva como é o código de honra. As penas para quem transgride as regras são duras e são aplicadas ao infrator. Não há recursos para serem interpostos como em nossas leis.

Não sei se foi inspirado no cangaço ou nas atuais organizações criminosas. Há alguns anos surgiu no Rio de Janeiro uma nova organização não governamental. As milícias. É de conhecimento que as quadrilhas controlavam os morros e cobravam pela segurança da população. As milícias surgiram para se oporem as quadrilhas, tentando ocupar o espaço nas favelas oferecendo segurança.

Liberdade de expressão virou passaporte. Os jornalistas não serão mais processados pelas minorias. Lampião continuará sendo o rei do Cangaço.