sábado, 16 de julho de 2011

Temporada da peita

Existe a temporada da pesca. Temporada da caça. Estamos entrando na temporada da peita. Os políticos começaram a peitar os adversários. Peitar em português não tem o mesmo significado que os sindicalistas usam. Peitar é corromper. Vem de peita. Presente oferecido como suborno.

Os políticos têm a desfaçatez de dizer que coligações ou acordos entre partidos não é conchavo. Pois bem, a temporada da peita começou. Nos bastidores, para não dizer nos subterrâneos da política eleitoreira, os conchavos e os acordos começaram. Adversários esquecerão o passado de discórdia e serão aliados no novo pleito que se aproxima.

Na cidade de Birigui os grupos políticos estão se reagrupando. Domingo passado a Folha da Região noticiou o seguinte: “O vereador José Firmino Grosso atribui à eleição para a Mesa Diretora, ocorrida no final de 2010, o motivo que o tem levado a se afastar da oposição no Legislativo. Era de interesse do democrata estar no Grupo que comanda a Casa. O vereador, que entrou com pedido de comissão provisória para o comando local da legenda, devido à reestruração na sigla por causa da saída do prefeito paulistano Gilberto Kassab, disse que o DEM está de “portas abertas” para o pré-candidato indicado pelo prefeito Wilson Borini (PMDB): o diretor da UNESP, Pedro Bernabé, hoje sem partido.”.

Como o pré-candidato indicado pelo prefeito ainda não tem partido, talvez não seja possível afirmar que está ocorrendo uma propaganda eleitoral antecipada. Estou escrevendo este artigo na tarde de quinta-feira que, será publicado no sábado. Está programado para sexta-feira (amanhã para mim e ontem para quem está lendo este artigo) a assinatura de convênios entre o município e o câmpus da UNESP de Araçatuba para programas nas áreas de saúde, água e esgoto. Parcerias da universidade com outras secretarias municipais também serão discutidas. O diretor da UNESP em Araçatuba, Pedro Bernabé, é o pré-candidato a prefeito em 2012 indicado pelo atual chefe do Executivo. Como informou o Periscópio da Folha da Região em 14.07.2011.

As correntes ideológicas existem e, é dever de um respeitar a do outro. Não sei se eleição é um mal necessário ou uma invenção dos déspotas, querendo disfarçar a raposa que são sob a pele de carneiros.

Devido a supostas irregularidades administrativas, o vereador José Firmino Grosso ajuizou, na forma da lei, ação popular para apurar se as supostas irregularidades são de fato irregulares ou acidente de percurso na execução de uma obra. Fato normal e que pode ocorrer.

Aqui entra a corrente ideológica. Como pode dois adversários que travam batalhas na Justiça se unirem para vencer as próximas eleições?

Como será que era o Templo de Salomão? Diz-se que o Parlamento Britânico e o Canadense têm estrutura semelhante. À direita da Mesa Diretora, que seria o Trono de Salomão, fica uma coluna de cadeiras para os parlamentares da situação. À esquerda outra coluna de cadeiras para os parlamentares de oposição ao governo. Entre as duas colunas um corredor que separa as ideologias. Situação e oposição não se misturam.

Lenda ou não, assim deveria ser aqui também. Se há eleições, é porque existem pelo menos dois lados se opondo. Um certamente será eleito. Ao outro só lhe resta à oposição. E nesta conduta de oposição os eleitos devem permanecer até o fim do mandato, porque foi vontade dos eleitores. Caso ocorram acordos, conchavos, acertos ou qualquer outra atitude unificando os lados opostos, a Polícia deveria ser acionada. Uma possível quadrilha estaria prestes a ser formada.

Na Câmara não há regras para escolha da mesa. O vereador da situação pode sentar-se ao lado do de oposição. Talvez para facilitar a peita.