sábado, 19 de dezembro de 2009

Oposto

Do lado oposto ao gol do Corinthians está o do Palmeiras. Óbvio. No futebol os opostos de defrontam. Este é o propósito do esporte. Deveria ser. E se fosse seria salutar. No futebol o que importa é o dinheiro.

O oposto do branco é o preto. E vice-versa. Qual é o oposto do verde? Não há. Só no futebol. Branco, por definição da física, é a composição da freqüência de todas as cores do espectro. Preto é a ausência.

Se não existe oposto ao verde, ideal seria não haver oposto a nada. Nada de divergências e discussões.

O mundo não é assim. Sobretudo na política partidária. Um erro crucial na organização do Estado. Grupos disputam o poder. É uma pena. Pensadores nunca chegam ao poder. Chega-se ao poder através da política ou do terrorismo.

Em política os opostos existem. O Parlamento da Grã Bretanha não esconde esta condição. O palácio do Parlamento tem o mesmo formato do Templo de Salomão. No lugar do trono fica a mesa diretora, digamos assim. De um lado fica os parlamentares da situação e do outro os opositores.

Guardada as devidas proporções de cultura, a Câmara de Birigui tem um formato semelhante. Talvez por simetria, um vereador de oposição fica do lado da situação. Apartado, fica impedido de trocar palavras com seus pares, enfraquecendo os argumentos de oposição.

O Parlamento Britânico é o berço da representatividade do povo. Por que não adotar na Câmara de Birigui este formato? Os favoráveis de um lado. Os opostos do outro.

A última sessão do ano foi um marco divisor na história. A bancada dos opostos fez valer o devido valor que tem um vereador. Representar o povo e como tal deve ser respeitado. E este honrar seu compromisso com o povo.

Não faz muito tempo a Câmara de Araçatuba rejeitou um veto do Prefeito. Escrevi que tal fato jamais ocorreria em Birigui. A explicação é simples: há cinco vereadores que apóiam o prefeito incondicionalmente e cinco que ponderam. Se o projeto for bom os que ponderam aprovam. Se não for bom para o povo eles não são favoráveis. Havendo empate o Presidente dá o seu voto de Minerva. Coincidência ou não o voto foi sempre a favor do Prefeito. O exemplo de ponderação nunca foi observado pelos vereadores do prefeito.

O ato de rejeitar o orçamento para o ano 2010 abriu um processo democrático para discutir as reais necessidades da população. Não haverá mais dinheiro sobrando nas mãos do Prefeito. Recursos haverá. Se precisar terá que pedir. Tal qual um bom pai faz com o filho perdulário.

Mensalão em Birigui chama-se Jabá. Como o orçamento foi rejeitado, tudo indica que os vereadores opostos não recebem jabá.

Com a rejeição, um ilustre não sei quem disse à Folha da Região que a população será prejudicada. Este ilustre deve morar no planeta Júpiter. Porque aqui na Terra a população é prejudicada todos os dias. Os terráqueos birigüienses até morrem por falta de assistência médica. Quem responderá por estes óbitos. Óbitos no plural.

O pivô deste episódio da rejeição é o Secretário da Saúde. Os opostos queriam a sua exoneração. Motivos noticiados pela Folha da Região. Um fato nunca foi mencionado. Talvez porque raramente alguém lê a Constituição do Estado de São Paulo. Síntese do Artigo 222: Os serviços de saúde, de acordo com as diretrizes, ficarão sob a direção de um profissional de saúde.

No próximo ano haverá economia de jabá. O prefeito não precisa mais dos vereadores que o apoiava na Câmara. A esperança é que o lado oposto mantenha a virtude demonstrada ao rejeitar o Orçamento.

A política é como o futebol. O que importa é o dinheiro. Virtude e honra poucos têm.