sábado, 25 de fevereiro de 2012

Anárquico

Algumas questões estão na linha divisória de uma interpretação filosófica ou aquela brincadeira infantil de responder perguntas: Quem veio primeiro o ovo ou a galinha? O que deveria ser para os governantes municipais: uma bela viola por fora ou o som de uma viola afinada? Anárquico é estado de desorganização.
O Cardeal Richelieu disse uma frase que deveria ser repetida todos os dias para que as autoridades fizessem valer o real significado de seu cargo: “o direito ou o poder de ordenar, de decidir, de se fazer obedecer.” Disse Richelieu: “Fazer uma lei e não velar pela sua execução é o mesmo que autorizar aquilo que queremos proibir.”
Ao invés de fazer cumprir a lei, os governantes criam alternativas para executá-las. Algumas delas são tão bem camufladas que, de vilão o administrador público tornar um herói por realizar obras desnecessárias, porém bonitas aos olhos. Há cidades que os hospitais, as santas casas de misericórdia têm instalações que estão distantes dos padrões exigidos por lei. Entretanto, alguns administradores públicos desviam a verba reservada para a saúde pública para construir prédios e, neles instalar o atendimento médico.
Não há estatística a respeito de quantas pessoas lêem jornal, mas numa cidade de cento e dez mil habitantes deveria ter uma tiragem de pelo menos trinta mil exemplares. O jornalista tem a função de informar, mas a fonte tem de chegar ao leitor. Uma parte significativa da população, talvez uma esmagadora maioria, dá crédito de bom administrador àqueles que constroem prédios para atendimento médico com dinheiro da saúde. Da mesma forma rendem graças pela construção de prédios para creches e escolas com verbas da educação. Tudo porque não lêem jornal.
Verbas para a saúde é uma rubrica. Verbas para obras é outra. Uma vez que está escrito na Constituição e na lei orgânica do município a obrigatoriedade de verbas específicas para saúde e educação, as quais são porcentagens do orçamento, por que não cumprir o que a lei estabelece?
Se a estatística está correta, o povo está feliz da vida com a administração do seu prefeito e com a Presidente da República. Corte de verba para saúde e desvios de recursos. Em alguns casos artimanha administrativa. Em outros casos atos de corrupção, que a Presidente chama de malfeitos. Para a maioria tudo está bem. Não só os governantes, mas a população deveria ler todos os dias como se fosse uma oração de auto-ajuda a frase do Cardeal Richelieu. Certamente os hospitais seriam reequipados, os profissionais receberiam salário justo e o povo teria retorno do imposto pago.
Na quarta-feira de cinza do ano passado a jornalista Rachel Sheherazadi falou em seu programa de TV dos malefícios que o carnaval trás. Disse que ambulâncias ficam à disposição dos foliões, enquanto as famílias não têm assistência durante o ano todo. Policiais fazem a seguranças do carnaval e durante o ano não há contingente para atender as necessidades de segurança que a população precisa. Alguém tem coragem de discordar desta jornalista?
Em São Paulo, baderneiros impediram que a apuração do concurso das escolas de samba chegasse ao fim. Pouco importa, sobretudo para quem não tem interesse em desfile das escolas, o que importa é que a polícia vai investigar o caso. Para investigar um caso, certamente deixará de investigar outros casos.
Pagamos impostos, mas as ambulâncias e a Polícia ficam a disposição de eventos particulares. Liga das Escolas de Samba e jogos de futebol. Anárquico é um estado de desorganização.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Normal


Bom mesmo quando normal era só o curso que graduava professores para o ensino primário ou o real significado da palavra que designa algo previsível.

Na União Soviética era normal não ter greve. Todo mundo trabalhava ou era obrigado a trabalhar. Como nem tudo é normal, havia aquelas pessoas que não tinham preferência pelo labor. Preferem tirar proveito desta situação. Existe uma palavra em russo designa este comportamento, mas não me lembro mais. Em português o vocábulo que mais se aproxima é: chupim. Aquele que se aproveita do trabalho dos outros.

Segundo alguns historiadores, a greve no Brasil sempre teve fundo político. Começou entre operários que foram inflamados a se revoltarem contra os patrões, por comunistas infiltrados nos sindicatos, os quais eram financiados pelo “ouro de Moscou”. Lá não podia ter greve. Aqui pode.

Na década de 1930, Luiz Carlos Prestes, o então líder comunista no Brasil, recebia um salário de seis mil dólares do governo soviético. Para ter uma idéia do montante, o aluguel de um apartamento classe média no Rio de Janeiro custava setenta dólares.

No ano de 1935, Stálin mandou sessenta mil dólares para a revolução comunista no Brasil. O dinheiro era repassado por comerciantes laranjas em São Paulo e Buenos Aires. Tudo normal para eles, pois o propósito era tornar o mundo comunista. Há relatos que uma parte deste dinheiro foi desviada. Desviar dinheiro é normal no Brasil.

Não se sabe ao certo quando foi que começou a ser normal desviar dinheiro público. Ainda não li o livro “Arte de furtar”, escrita pelo Padre Antônio Vieira em 1652, que foi encaminhado para o Rei Dom João IV de Portugal. Provavelmente seja o primeiro relato de como se desvia dinheiro público. Quem lê jornal vai chegar à conclusão que nada mudou. Como eufemismo é uma prática comum no Brasil, a Dona Presidente mudou o nome do ato de corrupção para “malfeitos”.

O dinheiro de Moscou desviado aqui em São Paulo, também foi desviado lá em Moscou. Era dinheiro que poderia ser aplicado para o bem estar do povo russo e das outras repúblicas, foi desviado para promover uma revolução que nunca ocorreu. Entretanto, está prática que comunistas e socialistas usam continua ser normal.

A Dona Presidente foi a Cuba. Vale à pena lembrar duas manchetes sobre atos da Presidente, que no passado foi terrorista: “Dilma desembarca em Havana para emprestar US$ 1,37 bilhões do dinheiro brasileiro a Cuba.”. Outra manchete: “Dilma anuncia o corte das verbas de Segurança no Brasil no valor de R$ 1,03 bilhão.”.

Deixando saúde e educação de lado, que são duas necessidades essenciais para a população, o impasse está na segurança. É um impasse porque sem dinheiro é impossível resolver os problemas com segurança pública.

Greve é um ato de guerra que, só se deflagra se não houver alternativas para evitá-la. Em toda guerra há um perdedor que fica subjugado ao vencedor. A grave dos policiais militares da Bahia está motivando policiais de outros Estados a declararem greve também.

Para a população não há nada de normal ruas sem patrulhando policial. Afinal impostos são pagos para serem revertidos em obras e bem estar do povo brasileiro. Não cubano.

O modus operandi dos dirigentes da greve dos Policiais Militares na Bahia segue a cartilha dos terroristas das décadas de 1960 e 1970, que queria tomar o poder pela luta armada. Escudo humano era um dos itens. Utilizar pessoas inocentes e alheias ao movimento. O mais grave: o líder da greve é um ex-policial. Será que a Presidente continua fiel aos propósitos que defendia no tempo que participava da luta armada? Não é normal.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Inacreditável


É inacreditável o que acontece com a sociedade. Reclamações não faltam. Por todos os cantos da cidade as pessoas aproveitam o tempo que ficam nas filas dos supermercados, dos bancos e no barzinho da esquina, que é o fórum mais adequado para discussões que não levam a nada. Reclamam do que acreditam serem atos perniciosos para a sociedade. Reclamam entre si e como diz o ditado até para o bispo.

O que de tão inacreditável acontece? São atos que a sociedade é obrigada a aceitar sem serem consultadas. De certa forma o poder executivo pode tomar medidas que julgar necessárias, pois o povo concedeu aos dirigentes o direito de administrar. Evidentemente dentro das normas estabelecidas.

Neste período do ano em quase todos os municípios têm as festividades do carnaval. Algumas cidades liberam dinheiro público para que as pessoas confeccionem fantasias para os desfiles. De escola de samba ou bloco. Se não for o carnaval, os dirigentes encontram outros motivos para utilizar o dinheiro público com festividades. Promover mega shows com artistas famosos. Tudo para divertir o povo. Costume típico dos imperadores romanos. O que é mais importante? Uma festa que dura algumas horas ou um hospital para a vida toda. Existe cidade que não tem pronto socorro, mas tem periodicamente festas. Não é inacreditável?

Há pouco tempo a sociedade teve que aceitar um novo padrão de tomadas. O povo teve que se adequar a esta mudanças, sem ser consultada se tem dinheiro para trocar as tomadas já existentes em suas residências ou empresas. Como saber se o ponto de força é cento e dez volts ou duzentos e vinte? Somos obrigados a aceitar. Não é inacreditável?

Tanto o prefeito como os vereadores podem propor a troca do nome da rua. Se a troca do nome da rua for aprovada, sempre na forma da lei, quem vai ter que aceitar sem poder reclamar é o morador da rua. Não pelo transtorno de comunicar a todos os contatos das famílias ou empresas a alteração do nome da rua, mas pagar no Cartório de Registro de Imóveis a averbação do novo nome. O político faz a festa, mas quem paga a conta é o povo. Não é inacreditável?

A esperança era que realmente estivesse havendo uma conscientização politicamente correta sobre o meio ambiente. Os supermercados não fornecerão embalagens plásticas para o consumidor. Ou ele leva uma sacola de casa ou compra uma supostamente biodegradável. Esta nova sacola tem o mesmo plástico da anterior. Não mudou nada. Só acrescentaram um aditivo de amido de milho que provocará o esfarelamento. Ninguém verá uma sacola no aterro sanitário, nem entupindo galerias pluviais, nas cidades que as têm, mas a matéria plástica da sacola estará, pelo prazo normal de sua deterioração, toda diluída na natureza. Esqueceram de avisar os marqueteiros e alguns políticos do engodo. Não é inacreditável?

Sacola não pode. Um quilograma de filé mignon custa R$ 29,80. A carne é embalada em um filme de plástico. Este plástico tem peso e vai custar ao consumidor de filé R$ 29,80 o quilo, uma vez que a carne e a embalagem são pesadas juntas. Já este preço cai para R$ 7,97 quando a carne é costela. Neste caso o freguês ganha de presente um pedaço de osso, que ele não vai consumir. Sacola não pode. Embalar a carne em filme plástico pode. Esta medida de não fornecer sacola plástica foi uma atitude de mestre, para não dizer um golpe de mestre. O que era despesa virou receita para os supermercados, porque a maioria dos produtos continua sendo vendida em embalagens plásticas. Logo, nem pensar que foi uma atitude ecologicamente correta. Não é inacreditável?