É inacreditável o que
acontece com a sociedade. Reclamações não faltam. Por todos os cantos da cidade
as pessoas aproveitam o tempo que ficam nas filas dos supermercados, dos bancos
e no barzinho da esquina, que é o fórum mais adequado para discussões que não
levam a nada. Reclamam do que acreditam serem atos perniciosos para a
sociedade. Reclamam entre si e como diz o ditado até para o bispo.
O que de tão
inacreditável acontece? São atos que a sociedade é obrigada a aceitar sem serem
consultadas. De certa forma o poder executivo pode tomar medidas que julgar
necessárias, pois o povo concedeu aos dirigentes o direito de administrar.
Evidentemente dentro das normas estabelecidas.
Neste período do ano em
quase todos os municípios têm as festividades do carnaval. Algumas cidades
liberam dinheiro público para que as pessoas confeccionem fantasias para os
desfiles. De escola de samba ou bloco. Se não for o carnaval, os dirigentes
encontram outros motivos para utilizar o dinheiro público com festividades.
Promover mega shows com artistas famosos. Tudo para divertir o povo. Costume
típico dos imperadores romanos. O que é mais importante? Uma festa que dura
algumas horas ou um hospital para a vida toda. Existe cidade que não tem pronto
socorro, mas tem periodicamente festas. Não é inacreditável?
Há pouco tempo a
sociedade teve que aceitar um novo padrão de tomadas. O povo teve que se
adequar a esta mudanças, sem ser consultada se tem dinheiro para trocar as
tomadas já existentes em suas residências ou empresas. Como saber se o ponto de
força é cento e dez volts ou duzentos e vinte? Somos obrigados a aceitar. Não é
inacreditável?
Tanto o prefeito como
os vereadores podem propor a troca do nome da rua. Se a troca do nome da rua
for aprovada, sempre na forma da lei, quem vai ter que aceitar sem poder
reclamar é o morador da rua. Não pelo transtorno de comunicar a todos os
contatos das famílias ou empresas a alteração do nome da rua, mas pagar no
Cartório de Registro de Imóveis a averbação do novo nome. O político faz a
festa, mas quem paga a conta é o povo. Não é inacreditável?
A esperança era que
realmente estivesse havendo uma conscientização politicamente correta sobre o
meio ambiente. Os supermercados não fornecerão embalagens plásticas para o
consumidor. Ou ele leva uma sacola de casa ou compra uma supostamente
biodegradável. Esta nova sacola tem o mesmo plástico da anterior. Não mudou
nada. Só acrescentaram um aditivo de amido de milho que provocará o esfarelamento.
Ninguém verá uma sacola no aterro sanitário, nem entupindo galerias pluviais,
nas cidades que as têm, mas a matéria plástica da sacola estará, pelo prazo
normal de sua deterioração, toda diluída na natureza. Esqueceram de avisar os
marqueteiros e alguns políticos do engodo. Não é inacreditável?
Sacola não pode. Um
quilograma de filé mignon custa R$ 29,80. A carne é embalada em um filme de
plástico. Este plástico tem peso e vai custar ao consumidor de filé R$ 29,80 o
quilo, uma vez que a carne e a embalagem são pesadas juntas. Já este preço cai
para R$ 7,97 quando a carne é costela. Neste caso o freguês ganha de presente
um pedaço de osso, que ele não vai consumir. Sacola não pode. Embalar a carne
em filme plástico pode. Esta medida de não fornecer sacola plástica foi uma
atitude de mestre, para não dizer um golpe de mestre. O que era despesa virou
receita para os supermercados, porque a maioria dos produtos continua sendo
vendida em embalagens plásticas. Logo, nem pensar que foi uma atitude
ecologicamente correta. Não é inacreditável?