sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Inacreditável


É inacreditável o que acontece com a sociedade. Reclamações não faltam. Por todos os cantos da cidade as pessoas aproveitam o tempo que ficam nas filas dos supermercados, dos bancos e no barzinho da esquina, que é o fórum mais adequado para discussões que não levam a nada. Reclamam do que acreditam serem atos perniciosos para a sociedade. Reclamam entre si e como diz o ditado até para o bispo.

O que de tão inacreditável acontece? São atos que a sociedade é obrigada a aceitar sem serem consultadas. De certa forma o poder executivo pode tomar medidas que julgar necessárias, pois o povo concedeu aos dirigentes o direito de administrar. Evidentemente dentro das normas estabelecidas.

Neste período do ano em quase todos os municípios têm as festividades do carnaval. Algumas cidades liberam dinheiro público para que as pessoas confeccionem fantasias para os desfiles. De escola de samba ou bloco. Se não for o carnaval, os dirigentes encontram outros motivos para utilizar o dinheiro público com festividades. Promover mega shows com artistas famosos. Tudo para divertir o povo. Costume típico dos imperadores romanos. O que é mais importante? Uma festa que dura algumas horas ou um hospital para a vida toda. Existe cidade que não tem pronto socorro, mas tem periodicamente festas. Não é inacreditável?

Há pouco tempo a sociedade teve que aceitar um novo padrão de tomadas. O povo teve que se adequar a esta mudanças, sem ser consultada se tem dinheiro para trocar as tomadas já existentes em suas residências ou empresas. Como saber se o ponto de força é cento e dez volts ou duzentos e vinte? Somos obrigados a aceitar. Não é inacreditável?

Tanto o prefeito como os vereadores podem propor a troca do nome da rua. Se a troca do nome da rua for aprovada, sempre na forma da lei, quem vai ter que aceitar sem poder reclamar é o morador da rua. Não pelo transtorno de comunicar a todos os contatos das famílias ou empresas a alteração do nome da rua, mas pagar no Cartório de Registro de Imóveis a averbação do novo nome. O político faz a festa, mas quem paga a conta é o povo. Não é inacreditável?

A esperança era que realmente estivesse havendo uma conscientização politicamente correta sobre o meio ambiente. Os supermercados não fornecerão embalagens plásticas para o consumidor. Ou ele leva uma sacola de casa ou compra uma supostamente biodegradável. Esta nova sacola tem o mesmo plástico da anterior. Não mudou nada. Só acrescentaram um aditivo de amido de milho que provocará o esfarelamento. Ninguém verá uma sacola no aterro sanitário, nem entupindo galerias pluviais, nas cidades que as têm, mas a matéria plástica da sacola estará, pelo prazo normal de sua deterioração, toda diluída na natureza. Esqueceram de avisar os marqueteiros e alguns políticos do engodo. Não é inacreditável?

Sacola não pode. Um quilograma de filé mignon custa R$ 29,80. A carne é embalada em um filme de plástico. Este plástico tem peso e vai custar ao consumidor de filé R$ 29,80 o quilo, uma vez que a carne e a embalagem são pesadas juntas. Já este preço cai para R$ 7,97 quando a carne é costela. Neste caso o freguês ganha de presente um pedaço de osso, que ele não vai consumir. Sacola não pode. Embalar a carne em filme plástico pode. Esta medida de não fornecer sacola plástica foi uma atitude de mestre, para não dizer um golpe de mestre. O que era despesa virou receita para os supermercados, porque a maioria dos produtos continua sendo vendida em embalagens plásticas. Logo, nem pensar que foi uma atitude ecologicamente correta. Não é inacreditável?