sábado, 23 de abril de 2011

Priorização

Políticos quando falam sobre algum assunto referente ao Brasil dizem: este projeto é bom para este país. Ou, esta atitude vai tornar este país melhor. Não sei por que não se referem ao Brasil como nosso país. Razões devem existir. Pode ser este país como aquele outro país. Político tem país ou tem cargo no governo?

Nunca se ouviu falar sobre priorização de atendimento médico-hospitalar. Os ambulatórios e pronto-socorros dos hospitais que atendem o SUS parecem um palco de fim de guerra. Doentes e feridos aguardando atendimento.

Nunca li em nenhum órgão de imprensa quem foi que pagou a conta das internações do ex-vice-presidente. Ele era rico, mas como todos sabem os políticos não pagam plano de saúde. Nem são atendidos pelo SUS. São atendidos nos melhores hospitais de São Paulo. Quantas pessoas morrem pelo mesmo mal que a presidente não morreu?

O Congresso Nacional prioriza o que lhes interessa. As necessidades do povo é um detalhe.

Sou partidário da extinção de partidos políticos. As candidaturas deveriam ser individuais. A razão é lógica. Os filiados de partidos nem sempre seguem a orientação da doutrina do partido. E mais, não haveria loteamento de cargos, secretarias e ministérios. Cargos deveriam ser ocupados por funcionários de carreira e não por políticos sem formação. O loteamento fica pior em níveis municipais.

Existia um partido cujo nome era: Partido da Frente Liberal. O nome mudou. Hoje não é mais partido de coisa alguma. Somente Democratas. Se o Democrata continua liberal seus filiados, ou parte deles, não comungam com os propósitos liberais, como a economia de mercado e da livre iniciativa.

Se o proprietário de um motel, por livre iniciativa, oferecesse preservativos aos supostos hóspedes, seria um lance de marketing. Liberalismo é isto. O Estado não interfere nos negócios privados.

A senadora Maria do Carmo Alves, do Democratas, propôs ao Senado que os motéis deverão fornecer gratuitamente camisinhas aos freqüentadores. A proposta foi apresentada à Comissão de Assuntos Sociais do Senado e foi aprovada. Quando esta Comissão aprova uma proposta ela não vai a plenário. Está aprovada e é o fato.

Não bastando à intervenção do Estado na livre iniciativa de administração dos motéis, outro senador resolveu dar sua contribuição. Um ex-presidente a UNE, que atualmente é filiado ao Partido dos Trabalhadores, estendeu a proposta de oferecer preservativos nos motéis aos hotéis, pousadas e pensões. Este senador chama-se Lindeberg Farias. Aparentemente parece um ato de estudante que nunca trabalhou. Saiu da UNE e foi para o Congresso Nacional. Coisa típica de quem não sabe o quanto custa manter uma empresa.

Certamente a hotelaria vai repassar o custo dos preservativos à diária. Talvez um casal de velhinhos com noventa anos não precisará do preservativo, mas pagará por ele. Duas garotas que não tem preferência por garotos também pagarão pela camisinha e certamente não usarão.

A tônica da discussão não é o ato medíocre da obrigatoriedade da concessão do preservativo gratuitamente e sim a prioridade que se dá a questões irrelevantes nas casas legislativas de nosso país.

Este fato ocorreu no Senado Federal. E na Câmara de Vereadores de sua cidade não acontece nada que se pode chamar de bizarro?

Voltando à esfera do Planalto, o Senado quer reeditar um novo plebiscito. Desarmar a população. Como se o povo fosse responsável pela violência. Na mídia impressa pouco se relata sobre ocorrências policiais, mas o rádio continua sendo o veículo que mais informa e em tempo real. Nos noticiários policiais raramente há ocorrência de pessoas honestas envolvendo-se em crimes. Muito menos com armas de fogo. Só bandidos. Bandidos não vão entregar suas armas. Para que um novo plebiscito?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Comportamento

A reação sobre o comportamento de uma pessoa ou de um grupo sempre tem suas razões que podem ser discutidas e elas nem sempre são unanimes. Freqüentemente há divergência de opinião.

Diz-se que a Constituição concede liberdade de expressão a todos. Não é bem assim. A Justiça pode suspender este direito. “O Estado de São Paulo” não pode escrever certos assuntos referentes a políticos. Dirigentes públicos eleitos pelo povo.

De onde vem o comportamento das torcidas de futebol? Torcida não ganha jogo. Tolice pagar para assistir uma partida. Está na hora do governo federal dar circo ao povo, pois pão já está sendo oferecido pelos programas ditos sociais.

Foi matéria em toda a mídia o comportamento da torcida de uma equipe de vôlei. Uma consciência coletiva avivou os sentimentos de homofobia contra um jogador da equipe adversária. Quando o direito de expressão sobrepõe ao bom comportamento hostilizando alguém ou algo, medidas conciliatórias devem ser tomadas. Se uma pessoa se declara homossexual, pode haver reação contrária, ainda mais se for em estádio de futebol ou vôlei.

Não me lembro qual foi o ditador soviético que proibiu a manifestação das torcidas em estádios de futebol. Aqui no Brasil as torcidas fazem o que bem entendem. Hostilizam atletas, árbitros, dirigentes e adversários. Atiram objetos nos jogadores e nos adversários e enfrentam a Polícia de igual para igual. Não que estes vândalos sejam iguais aos policiais. A questão é que os policiais não podem usar força contra os apadrinhados dos clubes de futebol. Os direitos humanos proíbem. Os torcedores organizados podem até matar.

O que se estranha é que estes acontecimentos vão para as páginas esportivas e não para o plantão policial. Raramente alguém é indiciado por estes comportamentos de selvageria. Quanto ao comportamento homofóbico, não seria um direito de expressão?

As emissoras de televisão, talvez para agradar a turma do Planalto, estão produzindo novelas com argumentos baseados nos anos da ditadura militar, enfatizando o movimento dos terroristas.

Naquela época o comportamento da sociedade era outro. Quem tinha o hábito de estudar até altas horas, podia sair de madrugada e ir a uma lanchonete comer alguma coisa em paz. Bandidos existiam, mas só em três locais eles podiam permanecer: no esconderijo, na penitenciária ou na sepultura. Naquela época a Polícia Militar tinha autorização para cumprir o seu papel na sociedade: segurança para as pessoas.

Numa daquelas noites de garoa e frio da década de setenta, três amigos tomavam sopa de cebola na padaria perto do Teatro Oficina. Todos do mesmo nível social e mesmo padrão de vida. De repente uma voz de comando: mãos na cabeça. A esta altura as portas estavam bloqueadas e antes que os três se virassem para ver do que se tratava o sargento da ROTA, já nas costas deles disse: vocês não precisam por as mãos na cabeça. Só os documentos, por favor. A Polícia Militar conhece o fenótipo do bandido e seu comportamento ao ser abordado.

A maioria das pessoas acredita que é um comportamento demagogo dizer que só Deus pode matar. A justificativa é simples e racional. O bandido mata também e mata pessoas honestas.

Ainda nesta semana, uma senhora fez uma denúncia. Policiais estavam executando uma pessoa. Acredita-se que prestimosa cidadã pensava que, se tratava de uma pessoa honesta sendo morta por grupo de extermínio ou coisa parecida.

O povo é assim. Elege bandido para cargos públicos e se manifesta contra atos policiais. Um erro não justifica outro, mas este comportamento da denunciante serviu para que?

Face

É a face nosso veículo de comunicação com o mundo. Através das reações faciais que é transmitido nossos sentimentos. Riso é alegria. Lágrima é sofrimento. Uma área pequena do corpo humano composta pela testa, bochechas, olhos, nariz, boca e delimitada pelas orelhas. Todos os órgãos dos sentidos estão na face. Exceto o tato que é mais evidenciado nas mãos.

As faces são pálidas, róseas, pardas, negras e outros tons. Que cor é a face das pessoas que nascem na Índia. Não é branca não é negra. Nem parda. É daquela cor que não sei o nome. Entretanto, todas têm algo em comum: a comunicação entre si.

O vocábulo tem muitos significados. Cara é um deles. Os significados da palavra cara também se multiplicam. Cara triste, cara de pau, verso da moeda e tantos outros.

Até o carnaval mudou de cara. Em alguns clubes não tocou samba nem marchas. A garotada preferiu funk. As fantasias não são mais brasileiras. Sessenta por cento da matéria prima veio da China. Até a indústria do carnaval está mudando. Fantasia da China e música com raízes afro-americana.

Lançar em face é uma locução. Significa dizer a verdade a alguém. E para dizer a verdade existem algumas caras que não mudam. A face que identifica a pessoa e também sua raça até muda. O que não muda é a cada de pau das pessoas que administram a coisa pública.

Em 2007 o governo Luiz Inácio privatizou algumas estradas federais. Naquela época a chefe da Casa Civil era a Soberana Dilma Rousseff, que defendeu o modelo durante a campanha eleitoral por ter um preço menor. Em face do fato a imprensa anunciou que o aumento das tarifas nos pedágios das estradas federais superou a inflação. Dois pesos e duas medidas. Uma antes da eleição outra depois.

Além do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores a população paga pedágio para ir e vir. Em face disto as opiniões se dividem. Alguns são radicalmente contra pagar pedágio. Outros aceitam o pagamento, pois as rodovias estão melhorando o estado de conservação. Um terceiro grupo acredita que as tarifas deveriam ser redimensionadas. Como as caras não mudaram, a certeza é que nada mudará.

Uma grande empresa no ramo de calçados ocupa dois quarteirões separados por trecho inicial de uma rua. Há alguns anos esta empresa solicitou à administração pública a cessão desta via pública, mediante pagamento, para viabilizar a produção e criar mais empregos. A proposta foi rejeitada pela veemente oposição dos seguidores do então presidente Luiz Inácio.

Como na administração pública sempre há duas faces, os mesmos seguidores não se opuseram à construção de um espaço no meio de uma rua obstruindo o trânsito. A empresa pretendia aumentar a riqueza do município. A administração municipal gastou dinheiro público em uma obra deixando de priorizar outras mais necessárias. O Ministério Público nada fez.

Ministério Público de Birigui ajuizou ação contra quinze políticos. Catorze vereadores e o prefeito que sancionou a lei para pagamento de aposentadoria aos parlamentares. O mérito da questão é de alçada da justiça. Esta é a face que todos esperam da Justiça. Se for justo que a devolução seja feita.

Outro processo corre na Justiça. Este processo também tem como causa o prejuízo causado aos cofres público. Face aos fatos, os advogados das partes envolvidas pediram o arquivamento do processo que respondem por aplicação de pavimentação fora do padrão contratado. Esta é a face que todos esperam da Justiça. Se for justo que seja feita justiça.

Num sentido figurado todas as pessoas têm suas facetas. Ora defende uma causa, ora defende outra. Não se trata de quem estuda, evoluiu e muda de opinião. Todos deveriam mudar de opinião sempre que perceber que a nova proposta é melhor para si ou para a maioria. O que é condenável é ter duas faces. Uma para uma situação outra para outra. Isto é imoral.