sábado, 2 de julho de 2011

Cangaço

Em 7 de julho de 1897 nascia em Vila Bela (atualmente Serra Talhada) uma personagem ímpar na história do Brasil. Na verdade neste dia nasceu Virgulino Ferreira da Silva. Criou-se como toda criança. Era devoto de Nossa Senhora da Conceição e de Padre Cícero. Aos vinte e quatro anos de idade, por vingança, deu o primeiro passo para se tornar esta personagem cantada em cordéis e de fama internacional. Lampião o rei do cangaço.

Até poucas semanas atrás tecer comentário elogioso sobre as práticas dos cangaceiros poderia ser considerado apologia ao crime. Entretanto, quem teve a oportunidade de estudar este movimento conclui que eles não eram bandidos. A bibliografia é grande. Com prefácio de Rachel de Queiroz, uma obra que dá uma visão ampla sobre este movimento social é “Lampião Cangaço e Nordeste” escrita pela pesquisadora Aglae Lima de Oliveira.

Embora ainda exista a figura de justiceiros, que é considerada uma prática criminosa, o tema cangaço estava um pouco esquecido e fora de moda. A novela “Cordel Encantado” está retratando o assunto no sentido de justiceiros e pessoas normais.

Numa destas madrugadas, procurando algum bom filme na televisão, passei por um canal onde um pastor estava elogiando um ato do Supremo Tribunal Federal. O pastor estava parabenizando os ministros pela liberação da marcha da maconha.

Pessoalmente gosto das pregações deste pastor. Fiquei um pouco assustado e continuei para ver até onde iriam suas palavras. Os elogios eram prólogo ao assunto que ele abordou logo em seguida: Liberdade de expressão.

Quem escreve para jornal ou revista, fica sempre com a preocupação de ser politicamente correto temendo ser processado por utilizar palavras que supostamente poderia constranger algum indivíduo. Foi neste sentido que o pastor fechou seu sermão. Disse que cada um tem a sua opção sexual, mas nós temos o direito de não aceitar e nem celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. As Igrejas estão livres de serem processadas por discriminação. Graças aos ministros do Supremo Tribunal Federal, que ocupam os cargos por indicação política.

Mirian Rios conhecida atriz abandou os palcos. Atualmente é deputada estadual do Rio de Janeiro e na Assembléia Legislativa fez um pronunciamento a respeito do homossexualismo e homofobia. Disse que não é preconceituosa e não discrimina, pois tem amigos homossexuais, mas quer ter o direito de não querer ter um homossexual como empregado e dar aos seus filhos orientação heterossexual. Seu discurso foi para se manifestar contra aquela cartilha sobre orientação sexual nas escolas, que querem incluir na Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

Josmar Jozino é jornalista. Entre suas obras uma chama a atenção para o tema liberdade de expressão: Cobras e Lagartos. Ele descreve a organização criminosa PCC. Não faz elogios. Explica como funciona a organização e releva como é o código de honra. As penas para quem transgride as regras são duras e são aplicadas ao infrator. Não há recursos para serem interpostos como em nossas leis.

Não sei se foi inspirado no cangaço ou nas atuais organizações criminosas. Há alguns anos surgiu no Rio de Janeiro uma nova organização não governamental. As milícias. É de conhecimento que as quadrilhas controlavam os morros e cobravam pela segurança da população. As milícias surgiram para se oporem as quadrilhas, tentando ocupar o espaço nas favelas oferecendo segurança.

Liberdade de expressão virou passaporte. Os jornalistas não serão mais processados pelas minorias. Lampião continuará sendo o rei do Cangaço.