Liberdade de expressão
é bom. Tão bom que falar o que pensa pode ser uma arma. É com palavras que a
imprensa eleva uma pessoa ao patamar de ídolo e com palavras a destrona.
Particularmente, não
gosto da expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Talvez por admirar o
“Século das Luzes” e ser um possível discípulo dos iluministas. Muitas reformas
ocorreram na sociedade e nos Estados tendo como ponto de partida o Iluminismo.
Os iluministas tinham posições contrárias às doutrinas da Igreja e ao Estado,
mas nunca pretenderam extinguir estas duas organizações, pois há pessoas que
precisam ser tutelados.
O povo, por ser
tutelado, não pode ter a voz que tudo decide. Os iluministas aceitam a opinião
popular, mas não aceitam ignorantes no poder. Como o iluminismo é fundamentado
na razão, nada mais lógico do que estabelecer uma pirâmide onde no topo estarão
as pessoas preparadas para governar.
O jornalista quando sai
a campo houve a voz do povo. Este povo, que acorda todas as manhãs para
trabalhar e conseguir o sustento da família, não está preocupado com o desfecho
da CPIM do Cachoeira. Tem preocupação com o arrastão.
Arrastão? Não se trata
daquela rede que puxa os peixes para a orla, mas dos bandos que assaltam
residências, prédios e condomínios sem a menor preocupação de serem rechaçados
pela segurança interna ou presos pela Polícia.
Mesmo não tendo
informação e cultura adequada, o povo usa a razão segundo suas necessidades. É
neste segmento que entra a terrível e talvez benéfica expressão “a voz do povo
é a voz de Deus”. Nas ruas o povo tem saudade da ditadura. Nas entrevistas
sobre o período militar, que foi a última ditadura, as pessoas não mencionam
perseguições políticas. O povo ignora posições políticas. O povo quer tutela.
Quer sair pela manhã para trabalhar e não ser assaltado. Voltar para casa e não
encontrar sua casa furtada. O povo tem saudade do período que a Polícia era
autoridade e os bandidos eram tratados com tal.
De certa forma estamos
vivendo numa ditadura. A ditadura dos desmandos. No Brasil não se chega ao
poder por capacidade intelectual ou conhecimento de administração da coisa
pública, mas por fraudes eleitorais. Os publicitários vendem os candidatos e os
eleitores compram. Neste processo os eleitores compram gatos por lebres.
O maior exemplo está no
Palácio do Planalto. O ex-presidente, que foi blindado pela quadrilha do
Mensalão, ainda não foi indiciado, mas seus dias estão contados. Tal qual
atitudes tomadas por Joseph Stálin, que reescreveu a história do comunismo na
União Soviética eliminando os crimes cometidos por ele e por seus asseclas, o
apedeuta está tentando apagar da história do Brasil o pior período da suposta
democracia que estamos vivendo. Para ele o Mensalão é invenção da imprensa.
Liberdade, Igualdade,
Fraternidade expressão criada por Jean Jacques Rousseau, não estabeleceu o caos
ou a anarquia e sim a organização do Estado. Deveres e obrigações para o povo e
para os dirigentes.
Até quando o povo
ficará sob o domínio destes agentes políticos que estão no poder e das quadrilhas
que lhes dão sustentação, utilizando da corrupção e do tráfico de influência?
Este cartel não é um
acontecimento único que floresceu no Planalto Central. São cartéis
municipalizados. Prefeitos corruptos e vereadores que acobertam. Assim é a vida
política no país dos impostos, onde não há segurança, hospitais e escolas
precários.
Arrastão. Estão
arrastando para o bueiro a dignidade do povo brasileiro, se é que este povo
tem, pois quem elege os agentes políticos é este mesmo povo.