sábado, 20 de dezembro de 2008

Penalidade

Dá para tirar ensinamento de tudo que está a nossa volta. Até da maior fonte de corrupção do Brasil e do mundo. Tira-se ensinamento do futebol. É possível.

Numa partida de futebol existe uma pessoa que dirige a partida. Tem poderes ilimitados. Em campo suas decisões são incontestáveis. Esta pessoa é o árbitro de futebol. Num piscar de olhos ele tem que analisar o delito cometido pelo jogador. Verificar no regulamento qual foi este delito. Em seguida aplicar a penalidade.

O juiz de direito tem que seguir o código de processo disso, código de processo daquilo. Juntar uma oitiva. Se for o caso, deprecar para outra comarca algum ato processual. Para ser árbitro de futebol não precisa ser nada. O fato é que o árbitro decide em instantes. O juiz decide quando for possível. O que mais entristece é que os magistrados são reféns. Nada podem fazer a não ser cumprir a lei.

Semana passada li uma manchete da Folha de São Paulo muito interessante: 43% das pessoas entrevistadas concordam em parte ou totalmente com a frase “bandido bom é bandido morto”.
Esta pesquisa foi paga pelo governo federal. Notaram que a pesquisa foi contratada pelo governo federal? Pois bem, esta não é a opinião da maioria das pessoas que eu conheço e com as quais tenho mantido diálogo sobre a criminalidade em nossa região. O povo vibra quando o árbitro marca um pênalti. Penalidade máxima no futebol. Exceto os defensores dos direitos humanos, a esmagadora maioria gostaria que a pena máxima, a de morte, fosse aplicada.
Não sei quanto tempo faz. Recebi um e-mail muito interessante. Atiradores do Canadá foram contratados para eliminar terroristas que montavam guarda nas montanhas do Afeganistão.
Guardada as devidas proporções, algo semelhante aos bandidos que montam guarda nos morros do Rio de Janeiro. A olho nu não era possível ver o terrorista em seu posto. Só após o estampido que se via o corpo voando de seu abrigo após ser atingido pelo projétil da arma letal.

Faz pouco tempo. Recebi um e-mail muito mais interessante. Trata-se de como negociar com seqüestradores. Não consegui perceber em que país as cenas foram gravadas, mas a polícia tratava bandido como bandido. Todas as vidas são importantes, mas a vida de um cidadão honesto vale mais. Para salvar a vítima a polícia atirava para matar. O bandido morreu e o refém ficou livre.
Esperar o que de um bandido? Cordialidade ao assaltar? Do jogador de futebol dever-se-ia esperar cordialidade. Afinal para eles futebol é trabalho. Não é laser. O que se vê nos estádios são atos de violência para parar uma jogada do adversário. Pouco importa ao agressor se o seu colega vai ficar inutilizado para o resto da vida. Em determinadas partidas, não parecer ser de jogadores de futebol e sim de gladiadores.

Provavelmente esta violência tem sua origem nos treinamentos. Em recente entrevista para a TV um treinador disse que fazer falta é um recurso para não perder a partida. Embora o árbitro tenha aplicado a penalidade, o agressor saiu beneficiado.

Fora dos gramados os costumes são semelhantes aos aplicados numa partida de futebol. O povo dá ouvido a treinadores de comportamentos. Tirar vantagem para si em detrimento de outros é o mesmo que matar uma jogada. Há uma vantagem para quem cometeu o delito. Não existe nenhum árbitro para aplicar a penalidade. A regra da vantagem no futebol, se inverteu nas normas de comportamento social. Honestidade não é mais uma virtude a ser exibida pelas pessoas de bem. Lembram das palavras do Rui Barbosa? Os administradores públicos deveriam observar a regra da vantagem do futebol. Às vezes um ato pode ser legal, mas é imoral. É o caso dos precatórios de Birigui.