domingo, 7 de dezembro de 2008

Décadas

Há décadas, que a Rua do Perímetro não existe mais. Como o nome diz, esta rua era a fronteira do universo urbano com o infinito mundo rural. Mundo que abrigava em seu seio lavouras de café, algodão, milho, amendoim, arroz, feijão e pasto para o gado. Sem contar com o galinheiro e o mangueirão. Frangos, galinhas poedeiras e porcos. Todos tratados com milho. A roça sempre foi farta em nossa cidade.

O nome da rua até poderia continua sendo o mesmo. O que não foi possível permanecer naquela rua foi o perímetro urbano. Ele se deslocou e invadiu terras de cultura. Os bois tiveram que pastar em outras pastagens.

O marco, entretanto, ficou. Na Praça João XXIII permanece preservado o bebedor. Em décadas passadas a tração era animal. Charretes, carrinhos e montarias eram os meios de transporte. Quem chegava em nossa cidade, encontrava o bebedor para saciar a sede de sua montaria. E ali se saciava para o caminho de volta.

Meu avô tinha carro de boi. Daqueles que canta. Além do bebedor da Rua do Perímetro, os bois também bebiam água no bebedor da Rua Roberto Clarck. Este não existe mais. Quanto havia desfiles de festas juninas, o carro vinha da fazenda para abrilhantar a festa. Marcante e Combate eram os nomes deles. Os bois eram mansos, mas seus chifres tinham quase um metro. Para que os bois não prestassem atenção no povo, que assistiam o desfile, Joaquim Lourenço, peão e moço de confiança de meu avô, caminhava à frente, para guiá-los. O arraial era pequeno. Tudo acontecia no centro da cidade.

Décadas se passaram. O perímetro não é mais o mesmo. A cidade cresceu. Cada bairro tem o seu arraial. O infinito mundo do campo continua com suas plantações e suas pastagens. A agricultura foi o berço do nosso progresso. Deste berço de ouro floresceu, no universo urbano, as indústrias.
O produto que classifica nossa cidade como industrial, é o sapato. Sapato masculino, feminino e o infantil. Sapato não é mais sapato. Nossas indústrias produzem calçados. O sapato artesanal deu lugar ao triunfo da indústria calçadista.

O perímetro não está mais na linha do horizonte. Ultrapassou fronteiras. Nossos produtos são encontrados em todo território nacional. E em terras internacionais também.

Não existe cidade industrial que produza um produto só. O pólo industrial de nossa cidade é diversificado. Outros segmentos da indústria constituem as colunas que sustentam nossa economia, dando equilíbrio financeiro à administração pública. Indústrias moveleiras e metalúrgicas formam o tripé com o calçado.

Produzimos freios para aeronaves leves, escapamentos para motos e para aeronaves também.
Fabricamos matrizes para fabricação de solas injetadas. Nossa cidade é uma matriz que formata sonhos.

Não existe indústria sem o comércio. E novamente, o perímetro central, que delimitava a área comercial, foi ultrapassado. As antigas residências estão cedendo lugar ao comércio, que cresce como cresceu a indústria. E tem uma característica ímpar. Felizmente não temos Shopping Center. O comércio segue suas regras. Oferecer ao consumidor o melhor produto pelo menor preço. Em 7 de dezembro de 2011 celebraremos dez décadas de construção de uma cidade alicerçada no trabalho. Trabalho que teve seu início com Nicolau da Silva Nunes, que entre outro foi acompanhado por Francisco Romero, Lucas Scarpin, Ricardo Del Neri, João Galo e Francisco Galindo de Castro. Que é o patrono da Rua do Perímetro