domingo, 17 de junho de 2012

Filigrana


Filigrana são particularidades sem importância ou de valor insignificante.
Algumas expressões retratam muito bem uma situação. Enxugar gelo. Tendo em vista que falta educação de berço, o povo suja as ruas com papeis e todo tipo de sujeira. O varredor de rua limpa e meia hora depois ela já está suja novamente. Este mesmo povo vota.

O trabalho da Polícia também é assim. Prende o bandido e não demora muito tempo ele já esta na rua cometendo outro crime. Novamente a Polícia o prende e novamente ele vai para a rua cometer outro crime e tudo se repete. Felizmente a Polícia não se cansa de repetir o mesmo ato inúmeras vezes com o mesmo bandido.
Outro profissional que sofre desta síndrome é o Juiz de Direito. Como cidadão, ele tem convicção de que o bandido deveria ficar preso, mas como sua função é promover a justiça segundo a lei, o delinquente é posto em liberdade inúmeras vezes.

De certa forma, o jornalista está entre estes profissionais que enxugam gelo, denunciando todos os dias atos de corrupção, assaltos, roubos, furtos e uma infinidade de acontecimentos que ferem a lei. Algumas vezes a Polícia toma conhecimento e age. Raramente o Ministério Público toma as devidas providências tendo como fonte de informação notícias da imprensa. Razões devem existir.
Enxugar gelo é um sacerdócio. Repetir a execução de um trabalho e não perder o ânimo é sem dúvida uma vocação. A Polícia Civil e a Polícia Federal faz um trabalho que a população só fica sabendo quando a imprensa publica os atos das investigações. As que chamam mais a atenção são as investigações sobre corrupção. É para desanimar quando advogados utilizam de filigranas para desqualificar provas contra pessoas, ditas importantes, corruptas e corruptoras.

O Artigo Quinto da Constituição Federal diz: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. O inciso segundo diz: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. E reserva também o direito de não produzir provas contra si.
É prerrogativa da Polícia Federal investigar crimes de corrupção. Evidentemente que toda investigação dever ser sigilosa, por motivos óbvios. Para nós, leigos no direito, é patético utilizar desta artimanha de procurar finos fios que entrelaçam as investigações para desqualificar provas. Nenhuma Polícia fica bisbilhotando a vida de cidadãos honestos. Só de bandidos.

Corrupção é tema de manchetes em quase todos os jornais. E por falar em corrupção as eleições estão chegando. Junto com pleito também está chegando as transgressões da Lei Eleitoral. Alguns aspirantes a candidato já estão em campanha. A Justiça Eleitoral já multou alguns. Multar não seria pouco? Ideal seria torná-los inelegíveis? Quem transgride as normas não dever ser um representante do povo. Ou será preciso que um cidadão honesto entre com um processo na Justiça Eleitoral, com seus próprios recursos, para que a lei seja cumprida e correndo o risco de ser ameaçado e perseguido?
Ameaça e perseguição já está se tornando uma rotina contra jornalista em nossa região. O Inciso Quarto do Artigo Quinto da Constituição Federal diz: é livre a manifestação de pensamento. O jornalista informa à população o fato ocorrido.

Quando a notícia envolve “Coronéis da Política”, estes déspotas não contratam advogados para defendê-los, fazem ameaças a jornalistas e radialistas. Utilizam de filigrana. Aquelas particularidades sem importância ou de valor insignificante para tentar desqualificar o valor da imprensa.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Arrastão


Liberdade de expressão é bom. Tão bom que falar o que pensa pode ser uma arma. É com palavras que a imprensa eleva uma pessoa ao patamar de ídolo e com palavras a destrona.
Particularmente, não gosto da expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Talvez por admirar o “Século das Luzes” e ser um possível discípulo dos iluministas. Muitas reformas ocorreram na sociedade e nos Estados tendo como ponto de partida o Iluminismo. Os iluministas tinham posições contrárias às doutrinas da Igreja e ao Estado, mas nunca pretenderam extinguir estas duas organizações, pois há pessoas que precisam ser tutelados.

O povo, por ser tutelado, não pode ter a voz que tudo decide. Os iluministas aceitam a opinião popular, mas não aceitam ignorantes no poder. Como o iluminismo é fundamentado na razão, nada mais lógico do que estabelecer uma pirâmide onde no topo estarão as pessoas preparadas para governar.
O jornalista quando sai a campo houve a voz do povo. Este povo, que acorda todas as manhãs para trabalhar e conseguir o sustento da família, não está preocupado com o desfecho da CPIM do Cachoeira. Tem preocupação com o arrastão.

Arrastão? Não se trata daquela rede que puxa os peixes para a orla, mas dos bandos que assaltam residências, prédios e condomínios sem a menor preocupação de serem rechaçados pela segurança interna ou presos pela Polícia.
Mesmo não tendo informação e cultura adequada, o povo usa a razão segundo suas necessidades. É neste segmento que entra a terrível e talvez benéfica expressão “a voz do povo é a voz de Deus”. Nas ruas o povo tem saudade da ditadura. Nas entrevistas sobre o período militar, que foi a última ditadura, as pessoas não mencionam perseguições políticas. O povo ignora posições políticas. O povo quer tutela. Quer sair pela manhã para trabalhar e não ser assaltado. Voltar para casa e não encontrar sua casa furtada. O povo tem saudade do período que a Polícia era autoridade e os bandidos eram tratados com tal.

De certa forma estamos vivendo numa ditadura. A ditadura dos desmandos. No Brasil não se chega ao poder por capacidade intelectual ou conhecimento de administração da coisa pública, mas por fraudes eleitorais. Os publicitários vendem os candidatos e os eleitores compram. Neste processo os eleitores compram gatos por lebres.
O maior exemplo está no Palácio do Planalto. O ex-presidente, que foi blindado pela quadrilha do Mensalão, ainda não foi indiciado, mas seus dias estão contados. Tal qual atitudes tomadas por Joseph Stálin, que reescreveu a história do comunismo na União Soviética eliminando os crimes cometidos por ele e por seus asseclas, o apedeuta está tentando apagar da história do Brasil o pior período da suposta democracia que estamos vivendo. Para ele o Mensalão é invenção da imprensa.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade expressão criada por Jean Jacques Rousseau, não estabeleceu o caos ou a anarquia e sim a organização do Estado. Deveres e obrigações para o povo e para os dirigentes.
Até quando o povo ficará sob o domínio destes agentes políticos que estão no poder e das quadrilhas que lhes dão sustentação, utilizando da corrupção e do tráfico de influência?

Este cartel não é um acontecimento único que floresceu no Planalto Central. São cartéis municipalizados. Prefeitos corruptos e vereadores que acobertam. Assim é a vida política no país dos impostos, onde não há segurança, hospitais e escolas precários.
Arrastão. Estão arrastando para o bueiro a dignidade do povo brasileiro, se é que este povo tem, pois quem elege os agentes políticos é este mesmo povo.

sábado, 19 de maio de 2012

Cochoeira


Êxodo rural tem ciclos. O mais recente foi com Juscelino Kubitscheck. São Paulo e a região metropolitana receberam as indústrias automobilísticas e outras indústrias internacionais.
Araçatuba e Birigui, por outros motivos, também tiveram crescimento urbano motivado pelo êxodo rural. Com o distanciamento da roça e da lida com o gado a vida rural só é vista nas novelas e poucos sabem o que uma cocheira. Entretanto, se perguntar o que é uma estrebaria ou cavalariça, a resposta fica mais fácil de responder.

Cocheira é a garagem para coches e carruagens. Em desuso por motivos óbvios. Outra definição é a área cercada reservada para tratar e alojar cavalos, muares e burros. Na parte coberta da cocheira ficam os cochos onde os animais comem a ração. A maior parte fica a céu aberto e, neste espaço eles fazem suas necessidades fisiológicas. Na parte coberto o asseio é diário. Nas outras áreas a limpeza é periódica. Se a limpeza for posterior a um dia de chuva, o cheiro não é nada agradável.

Não é só chão da cocheira que se mexer fede. Tem coisa que quanto mais se mexe, mais fede. Uma delas é ignorar a anistia que pôs fim ao período que, para alguns foi uma ditadura militar. Para outros foi regime militar. A Dona Presidente deu posse a Comissão da Verdade. Que verdade esta Comissão pretende encontrar?
Os militantes que pegaram em armas contra o Governo Militar e que estão no poder querem que a Comissão só apure os casos de abuso de poder dos agentes do Governo Militar. Tudo indica que deram um tiro no próprio pé. A Comissão da Verdade está dividida.

José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, é um dos membros nomeados pela Dona Presidente disse que a comissão deveria analisar todos os casos de violações. Tanto dos atos cometidos pelos agentes do governo quanto dos militantes comunistas que pegaram em armar para tentar tomar o poder.
Opinião diametralmente oposta está a da advogada Rosa Maria Cardoso. Ela disse que é contra a apuração de atos da esquerda armada. A razão é óbvia. A doutora advogada foi defensora da terrorista Dilma Rousseff no período que esteve presa por assalto a bancos, à casa do governador Adhemar de Barros e atentados com mortes, segundo nota da imprensa.

Esta comissão só não é mais desprezível e desnecessária porque não se chama Comissão de Alto Nível da Verdade. Daqui a dois anos termina o processo de apuração dos fatos ocorridos entre 1946 a 1988. Descobre que o governo Getúlio Vargas estava por trás do atentado a Carlos Lacerda. E daí? Que providência a Comissão da Verdade vai tomar?
Dois fatos históricos ensinados nas escolas são frutos da imposição governamental. Historiadores relatam em história não ensinada nas escolas que, com a Proclamação da República era preciso criar um herói. A princípio pensaram no primeiro presidente Marechal Deodoro da Fonseca. Optaram por criar a figura de Tiradentes, à imagem e semelhança de Jesus. O inconfidente nem morrer enforcado morreu.

Outra farsa criada é a do escravo rebelde chamado Zumbi. Veio da África como escravo. Aqui chegando foi reconhecido com príncipe, pois realmente era em seu país de origem e como tal foi tratado, tendo inclusive escravos à sua disposição.
Com tantas prioridades o governo vai gastar dinheiro com uma Comissão, que é uma imposição governamental, para apurar algo totalmente desnecessário. Escrever história é uma prerrogativa dos historiadores. Convém não mexer nesta cocheira, pois quanto mais se mexe, mais fede.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Trabalho

Opiniões sobre trabalho divergem. Para alguns o trabalho dignifica o homem. Se levarmos ao pé da letra os ensinamentos da Bíblia trabalho é uma punição.
A história é de conhecimento de cristãos e judeus. Cerca de dois terços da população do planeta residem no oriente e seguem religiões que não tem a Bíblia com fonte de informação. Provavelmente os seguidores destas religiões orientais não conhecem o que prega o cristianismo e judaísmo.
Adão e Eva viviam no jardim do Éden. No Paraíso tinha de tudo. Não era necessário trabalhar plantando árvores frutíferas, porque existia um pomar nativo. O casal de humanos e os demais animais viviam em perfeita harmonia. Cada um respeitava os direitos dos outros. Mesmo assim o Senhor estabeleceu uma norma. Adão e Eva não podiam comer os frutos da macieira.
Talvez pela sedução que as mulheres exercem sobre os homens, Adão foi convencido a comer a famigerada maçã. E o Senhor Deus, só por causa desta desobediência, expulsou Adão e sua mulher do Paraíso e disse que ele deveria cultivar a terra para o seu sustento. Trabalho é punição.
Do ponto de vista da Física trabalho é o deslocamento de um corpo que recebe uma força. Se você empurrar uma geladeira de um canto da cozinha para outro, você realizou um trabalho. Entretanto, se você ficar parado segurando uma mala, você ficará cansado, mas não realizou trabalho, porque não houve deslocamento do corpo com a força aplicada. Você se cansou, mas não trabalhou.
A sociedade gosta de celebrar datas. Aniversário de nascimento é a data social mais celebrada. Casamento nem tanto. Dia oito de maio comemora-se o dia da vitória dos aliados sobre os nazistas. Dia nove de julho os paulistas celebram o início de uma derrocada em nome de uma suposta democracia. Celebram-se datas cívicas e de fatos históricos. Dia da Independência, Dia de Tiradentes, Dia de Natal e Dia do Trabalho.
Comemora-se o Dia do Trabalho deste 1895, mas só em 1925 tornou-se uma data oficial através de um decreto do presidente Artur Bernardes. Esta semana que se finda tivemos as celebrações do Dia do Trabalho. Foi então que percebemos um fato que estava passando despercebido. A República Federativa do Brasil estava há meses sem Ministro do Trabalho. Se o ministério estava acéfalo e ninguém percebeu, é porque esta repartição não devia existir com o status de ministério. O cargo de ministro, neste caso, é o mesmo que segurar uma mala. Não realiza trabalho. Deveria ser um departamento cuja chefia deveria ser de um funcionário de carreira e não um político. Menos custo e menos politicagem.
A Presidente, que se autointitula de “presidenta”, acatando sugestão do ex-presidente Luiz Inácio, nomeou um político do Partido Democrático Trabalhista. O que chamou a atenção não foi a responsabilidade que o novo ministro deveria ter com o Trabalho e sim em unificar o Partido. Assim disse a Presidente.
Existe tanto entulho na Consolidação das Leis Trabalhistas que atrapalhou e continua atrapalhando a relação entre empregado e patrão. O ponto de partida para um novo relacionamento entre estas partes deveria ser um ministro, já que ninguém vai ter coragem de extinguir este desnecessário ministério, que promovesse mudanças na legislação trabalhista de modo a desonerar a folha de pagamento e outros tributos sem desobrigar as empresas dos compromissos sociais com os empregados.
O maniqueísmo continua sendo a balança que equilibra as tensões sociais, trabalhistas e empresariais. A paz e a harmonia não são braços desta balança. A Justiça por sua vez é cega.