terça-feira, 2 de junho de 2015

Pai Herói


Qual é o pai que não é herói? Quase todos são. Alguns não são, porque se omitiram. Alguns se omitiram, porque não quiseram saber se era mesmo o pai. Outros se omitiram, porque não basta ser pai. O pai tem que estar todos os instantes na vida do filho. Estar todos os dias não significa a presença física. Há pais que, embora fisicamente longe, estão mais próximo do que nunca.
 
Pai Herói não é um termo machista? Penso que não. Deus Pai todo Poderoso Criador do céu e da terra é homem ou mulher? Somos imagem e semelhança Dele. Quantas mulheres são os esteios da família? A mulher é a âncora da família. O pai é herói. A mãe é coragem. E os filhos o que são? Os filhos são sempre filhos. Têm os pais como heróis.

Durante certo tempo dei aula de reforço de física e matemática para alguns pré-adolescentes. Numa certa aula notei que os alunos não estavam entendendo o conceito de soma de vetores. Pode não parecer, mas é um tanto abstrato. A matemática é abstrata. Não é possível tocá-la, mas ela existe. Tive que usar a física para fazer os alunos entenderem a aplicação prática da soma de vetores. Usei a trajetória de uma aeronave, que decolou de nossa cidade com destino à cidade de São Paulo. Executei todos os procedimentos de um plano de vôo. Quando eu estava explicando que o vento poderia tirar a aeronave da rota e que para fazê-la voar na rota tínhamos que entender a soma de vetores, notei que a atenção deles não estava na rota Birigui - São Paulo. Eles estavam procurando a rota Birigüi – Valparaíso, Birigüi – Mirandópolis, Birigüi – Presidente Bernardes, Birigüi – Bilac. Seus heróis vivem lá.

Todos nós temos nossos heróis. Heróis do gibi: Fantasma, Mandrake, Mickey, Pato Donald, Cascão e tantos outros. Heróis do cinema. Heróis da Segunda Guerra. Heróis do futebol. Todos nós temos heróis. Todos nós somos heróis.

O que é ser herói?  Herói é um homem notável pela sua valentia. Se for mulher é uma heroína. Valentia não é derrotar um dragão ou um batalhão. É ser íntegro.

Quantos heróis no futebol nós temos? Inúmeros. A magnitude deles era maior, quanto eles não eram gladiadores dos tempos modernos. Em tempos passados, a seleção era formada pelos melhores jogadores. Hoje a seleção é feita pelos melhores salários. O maior de todos os nomes diz ser o de Pelé. Não joga mais futebol.

“No dia 19 de novembro de 1969, ao marcar no Maracanã o gol historicamente considerado como o seu milésimo, o então jogador de futebol Pelé ofereceu o feito às “criancinhas do Brasil.” Desabafou sobre as mazelas que as afligiam e pregou que o país olhasse por elas.

Num projeto beneficente de 1995, a preocupação de Pelé estendeu-se, formalmente, à infância carente da Argentina, No final, nenhuma criança do país de Maradona ganhou um só tostão ou doação. Já uma firma com o nome do ex-atleta, transformado em empresário esportivo e à época ministro dos Esportes, ficou com US$ 700 mil...

O evento, batizado de Move the World (Movimente o Mundo), não foi realizado. O Unicef-Argentina nada ganhou. E a PS&M Inc. (Pelé Sports & Marketing Inc.), que recebeu US$ 700 mil para promover a festa, não repassou dinheiro algum ao órgão da ONU.” (Fonte: Folha de São Paulo, 18.11.2001. Mário Magalhães e Sérgio Rangel).

O Edinho não aprendeu a jogar futebol. Heroicamente, uma seleção de homens e mulheres de nossa cidade, anonimamente, trabalha para que a rota de nossas crianças não seja as penitenciárias de Valparaíso, Mirandópolis, Presidente Bernardes e Bilac onde seus Pais Heróis vivem.