Qual é o pai que não é herói? Quase todos são. Alguns não
são, porque se omitiram. Alguns se omitiram, porque não quiseram saber se era
mesmo o pai. Outros se omitiram, porque não basta ser pai. O pai tem que estar
todos os instantes na vida do filho. Estar todos os dias não significa a
presença física. Há pais que, embora fisicamente longe, estão mais próximo do
que nunca.
Pai Herói não é um termo machista? Penso que não. Deus Pai
todo Poderoso Criador do céu e da terra é homem ou mulher? Somos imagem e
semelhança Dele. Quantas mulheres são os esteios da família? A mulher é a
âncora da família. O pai é herói. A mãe é coragem. E os filhos o que são? Os
filhos são sempre filhos. Têm os pais como heróis.
Durante certo tempo dei aula de reforço de física e
matemática para alguns pré-adolescentes. Numa certa aula notei que os alunos
não estavam entendendo o conceito de soma de vetores. Pode não parecer, mas é
um tanto abstrato. A matemática é abstrata. Não é possível tocá-la, mas ela
existe. Tive que usar a física para fazer os alunos entenderem a aplicação
prática da soma de vetores. Usei a trajetória de uma aeronave, que decolou de
nossa cidade com destino à cidade de São Paulo. Executei todos os procedimentos
de um plano de vôo. Quando eu estava explicando que o vento poderia tirar a
aeronave da rota e que para fazê-la voar na rota tínhamos que entender a soma
de vetores, notei que a atenção deles não estava na rota Birigui - São Paulo.
Eles estavam procurando a rota Birigüi – Valparaíso, Birigüi – Mirandópolis,
Birigüi – Presidente Bernardes, Birigüi – Bilac. Seus heróis vivem lá.
Todos nós temos nossos heróis. Heróis do gibi: Fantasma,
Mandrake, Mickey, Pato Donald, Cascão e tantos outros. Heróis do cinema. Heróis
da Segunda Guerra. Heróis do futebol. Todos nós temos heróis. Todos nós somos
heróis.
O que é ser herói?
Herói é um homem notável pela sua valentia. Se for mulher é uma heroína.
Valentia não é derrotar um dragão ou um batalhão. É ser íntegro.
Quantos heróis no futebol nós temos? Inúmeros. A magnitude
deles era maior, quanto eles não eram gladiadores dos tempos modernos. Em
tempos passados, a seleção era formada pelos melhores jogadores. Hoje a seleção
é feita pelos melhores salários. O maior de todos os nomes diz ser o de Pelé.
Não joga mais futebol.
“No dia 19 de novembro de 1969, ao marcar no Maracanã o gol
historicamente considerado como o seu milésimo, o então jogador de futebol Pelé
ofereceu o feito às “criancinhas do Brasil.” Desabafou sobre as mazelas que as
afligiam e pregou que o país olhasse por elas.
Num projeto beneficente de 1995, a preocupação de Pelé
estendeu-se, formalmente, à infância carente da Argentina, No final, nenhuma
criança do país de Maradona ganhou um só tostão ou doação. Já uma firma com o
nome do ex-atleta, transformado em empresário esportivo e à época ministro dos
Esportes, ficou com US$ 700 mil...
O evento, batizado de Move the World (Movimente o Mundo),
não foi realizado. O Unicef-Argentina nada ganhou. E a PS&M Inc. (Pelé
Sports & Marketing Inc.), que recebeu US$ 700 mil para promover a festa,
não repassou dinheiro algum ao órgão da ONU.” (Fonte: Folha de São Paulo,
18.11.2001. Mário Magalhães e Sérgio Rangel).
O Edinho não aprendeu a jogar futebol. Heroicamente, uma
seleção de homens e mulheres de nossa cidade, anonimamente, trabalha para que a
rota de nossas crianças não seja as penitenciárias de Valparaíso, Mirandópolis,
Presidente Bernardes e Bilac onde seus Pais Heróis vivem.