segunda-feira, 1 de junho de 2015

Feitiço de Áquila


Feitiço de Áquila é a história ou lenda de um casal que foi vítima de uma maldição do Bispo de Áquila, que era ciumento e corrupto. Áquila foi uma cidade medieval do século XII e muito conhecida por suas masmorras. Atualmente não se usa mais este vocábulo para designar local onde se encarceram pessoas que cometem crimes. Cadeia e penitenciária são os nomes mais conhecidos, mas com advento dos politicamente corretos, estão denominando as masmorras atuais de centro de ressocialização. A penitência estabelecida ao criminoso é a perda da liberdade, daí o nome penitenciária.
Philippe era um ladrão que estava preso nas masmorras de Áquila, aguardando a execução de sua pena, que era a pena de morte, porém conseguiu fugir. O Bispo manda seus soldados caçar o ladrão fugitivo.
Na fuga Philippe encontrou um misterioso cavaleiro, chamado Etienne de Navarre, viajando com um falcão belo e dedicado, que o protegeu dos soldados. Os soldados voltam para Áquila e avisam o Bispo que Navarre estava de volta.
Enquanto viajavam, Navarre disse a Philippe que o protegeu porque precisa de sua ajuda para entrar em Áquila e matar o Bispo. Philippe percebeu que eventos misteriosos e assustadores estavam acontecendo. Toda noite aparecia um lobo negro e de uma mulher muito linda, que não temia o lobo.
Depois de uma batalha contra os soldados do Bispo, descansavam em um castelo em ruínas quando ficou sabendo de toda a verdade sobre os eventos misteriosos. O falcão é uma mulher chamada Isabeau d’Anjou, que veio para Áquila depois que seu pai morreu na Primeira Cruzada. Sua beleza e simpatia eram tanta, que todos se apaixonavam por ela, inclusive o poderoso e corrupto Bispo. Entretanto, Isabeau já amava Etienne de Navarre, que era o capitão da Guarda do Bispo, com quem ela se encontrava secretamente.
Acidentalmente, o confessor do casal traiu o segredo de confissão. Eles fugiram. Em seu ciúme doentio, o Bispo rogou-lhes uma praga demoníaca para garantir que eles estariam sempre juntos e eternamente separados: durante o dia Isabeau transforma-se num falcão, de noite Navarre se transforma em um lobo preto. Nenhum deles tem qualquer memória da sua meia-vida em forma de animal, somente ao anoitecer e no amanhecer de cada dia eles podem ver um ao outro em forma humana, mas nunca podem se tocar.
Para redimir-se da traição, mesmo sem ter tido a intenção, o confessor descobriu que havia uma forma de quebrar o feitiço. E lenda termina com a quebra do feitiço.
Na vida real existe algo parecido sem que tenha sido um feitiço. Um homem que se enamora por uma mulher, mas não ficam juntos e o oposto também.
Existe no Brasil um feitiço também. Não é o de Áquila. É o Feitiço do Brasil. Honra e virtude nunca se tocam. João Ubaldo escreveu que o povo é a matéria prima do político. Toda pessoa tem honra e virtude. Não se devem generalizar, mas dá-nos a impressão que, na política a honra é um falcão e virtude um lobo preto. Assim é o político, enquanto está na forma de lobo, usa a virtude para conseguir se eleger. Quando volta a forma humana não se lembra de nada, tal qual no Feitiço de Áquila. Da mesma forma a honra. Raramente honram-se os compromissos assumidos.
Navarre pediu ajuda a um ladrão. Em troca lhe daria proteção. Mais uma vez o Feitiço de Áquila cruza com o Feitiço do Brasil. Delação premiada na Operação Lava Jato. Aparelhamento do Supremo Tribunal Federal. O Feitiço de Áquila foi quebrado. O Feitiço do Brasil é perene.