Feitiço
de Áquila é a história ou lenda de um casal que foi vítima de uma maldição do
Bispo de Áquila, que era ciumento e corrupto. Áquila foi uma cidade medieval do
século XII e muito conhecida por suas masmorras. Atualmente não se usa mais
este vocábulo para designar local onde se encarceram pessoas que cometem
crimes. Cadeia e penitenciária são os nomes mais conhecidos, mas com advento
dos politicamente corretos, estão denominando as masmorras atuais de centro de
ressocialização. A penitência estabelecida ao criminoso é a perda da liberdade,
daí o nome penitenciária.
Philippe
era um ladrão que estava preso nas masmorras de Áquila, aguardando a execução
de sua pena, que era a pena de morte, porém conseguiu fugir. O Bispo manda seus
soldados caçar o ladrão fugitivo.
Na
fuga Philippe encontrou um misterioso cavaleiro, chamado Etienne de Navarre,
viajando com um falcão belo e dedicado, que o protegeu dos soldados. Os
soldados voltam para Áquila e avisam o Bispo que Navarre estava de volta.
Enquanto
viajavam, Navarre disse a Philippe que o protegeu porque precisa de sua ajuda
para entrar em Áquila e matar o Bispo. Philippe percebeu que eventos
misteriosos e assustadores estavam acontecendo. Toda noite aparecia um lobo
negro e de uma mulher muito linda, que não temia o lobo.
Depois
de uma batalha contra os soldados do Bispo, descansavam em um castelo em ruínas
quando ficou sabendo de toda a verdade sobre os eventos misteriosos. O falcão é
uma mulher chamada Isabeau d’Anjou, que veio para Áquila depois que seu pai
morreu na Primeira Cruzada. Sua beleza e simpatia eram tanta, que todos se
apaixonavam por ela, inclusive o poderoso e corrupto Bispo. Entretanto, Isabeau
já amava Etienne de Navarre, que era o capitão da Guarda do Bispo, com quem ela
se encontrava secretamente.
Acidentalmente,
o confessor do casal traiu o segredo de confissão. Eles fugiram. Em seu ciúme
doentio, o Bispo rogou-lhes uma praga demoníaca para garantir que eles estariam
sempre juntos e eternamente separados: durante o dia Isabeau transforma-se num
falcão, de noite Navarre se transforma em um lobo preto. Nenhum deles tem
qualquer memória da sua meia-vida em forma de animal, somente ao anoitecer e no
amanhecer de cada dia eles podem ver um ao outro em forma humana, mas nunca
podem se tocar.
Para
redimir-se da traição, mesmo sem ter tido a intenção, o confessor descobriu que
havia uma forma de quebrar o feitiço. E lenda termina com a quebra do feitiço.
Na
vida real existe algo parecido sem que tenha sido um feitiço. Um homem que se
enamora por uma mulher, mas não ficam juntos e o oposto também.
Existe
no Brasil um feitiço também. Não é o de Áquila. É o Feitiço do Brasil. Honra e virtude
nunca se tocam. João Ubaldo escreveu que o povo é a matéria prima do político.
Toda pessoa tem honra e virtude. Não se devem generalizar, mas dá-nos a
impressão que, na política a honra é um falcão e virtude um lobo preto. Assim é
o político, enquanto está na forma de lobo, usa a virtude para conseguir se
eleger. Quando volta a forma humana não se lembra de nada, tal qual no Feitiço
de Áquila. Da mesma forma a honra. Raramente honram-se os compromissos
assumidos.
Navarre
pediu ajuda a um ladrão. Em troca lhe daria proteção. Mais uma vez o Feitiço de
Áquila cruza com o Feitiço do Brasil. Delação premiada na Operação Lava Jato.
Aparelhamento do Supremo Tribunal Federal. O Feitiço de Áquila foi quebrado. O
Feitiço do Brasil é perene.