sábado, 1 de dezembro de 2012

Capital


Se capital refere-se à pena, é de se perder a cabeça. Foi desta forma que a Revolução Francesa penalizou os opositores do novo regime. A guilhotina tem a função de separar a cabeça do corpo. Tanto do ponto de vista físico quanto simbólico. Separa a parte que pensa da parte que trabalha. A Revolução também acabou com o absolutismo na França, porque em terras brasileiras a nobreza palaciana continua tendo os privilégios como se estivesse na corte de Luiz XIV.
Luiz XIV ainda é considerado o símbolo máximo do absolutismo por ter dito a seguinte frase: o Estado sou eu. Algumas pessoas se gabam por não terem estudado. Outros não tiveram oportunidade mesmo. Prefeitos e até mesmo o presidente que saiu e que conseguiu eleger a Dona Presidente e o prefeito de São Paulo têm ares de Luiz XIV. Pensam que podem tudo.
Se capital refere-se à cabeça que comanda, sede de poder, precisamos rever nossos conceitos sobre onde deve estar situada a Capital, para ser efetivamente a sede administrativa, do comando militar e das decisões legislativas. Por incrível que possa parecer, foi o Marquês de Pombal que sugeriu ao Rei de Portugal transferir a capital da Colônia para o interior do Brasil. Não foi construída uma nova capital por ser economicamente inviável.
Passado algum tempo o porto da cidade do Rio de Janeiro tornou-se o principal porto de exportação, foi então que Salvador deixou de ser a capital da Colônia. O Rio de Janeiro passou a ser sede do governo. Com a chegada de Dom João VI, capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Por fim, capital da República.
A ideia de transferir a capital do Brasil para o interior é antiga. O Marquês de Pombal sugeriu em 1761. Depois que o Brasil se tornou independente de Portugal, José Bonifácio fez nova sugestão. O plano não se concretizou, porém o nome da nova capital fora definido. Ela se chamaria Brasília.
Já no período republicano, em 1892 o governo mandou demarcar 14.400 quilômetros quadrados no centro de Goiás, onde seria construída a capital. Em 1922, no governo de Epitácio Pessoa, fora erguida a pedra fundamental para a construção de Brasília.
Somente no governo de Juscelino Kubistchek o plano saiu do papel, para a infelicidade do bolso dos brasileiros. Um projeto caro para um país pobre. Começou a contagem regressiva para que a Cidade Maravilhosa deixasse de ser o centro das decisões, mas nunca deixou de ser capital.
Dizem que não há expediente em Brasília na sexta-feira porque os parlamentares, supostamente, viajam para suas bases eleitorais. Não tem na segunda-feira, porque os mesmos estão viajando de volta à Capital. Será que haveriam tantas supostas viagens às bases se os políticos dessem expediente na velha Capital? O Rio de Janeiro voltaria a ser a capital do Brasil e Niterói a capital fluminense.
Existe no Japão uma sub-sede da torcida Gaviões da Fiel. Os corinthianos de lá estão organizando uma cartilha para orientar os torcedores que irão assistir ao jogo do Corinthians contra não sei quem. O motivo é que lá o “jeitinho” brasileiro de resolver as coisas não funciona. Lei é lei e tem que ser cumprida.
Em terras brasileiras o povo não se molda às leis, porque aqui os governantes cumprem à risca uma frase do Cardeal Richelieu: fazer a lei e não fazê-la cumprir é autorizar a coisa que se quer proibir. Corrupção, tráfico de influência, improbidade administrativa, boca de urna e tantos outros atos são proibidos por lei, entretanto, é uma prática do cotidiano.
Como o povo e os políticos não se moldam à lei, vamos moldar a eles a lei. Mudar a Capital para as belas praias cariocas. Precisa ver se o morro vai autorizar. De onde o Marquês de Pombal tirou esta ideia?