O bom jornalismo não
publica falsas notícias, porém o jornalista pode criar fantasias em seus textos
ou artigos. Talvez com o propósito de gerar polêmica.
Nos EUA, dia 30 de
outubro é uma espécie de primeiro de abril daqui. Coincidência ou não, aproveitando
que era o dia da mentira Orson Welles passou a narrar o texto de “Guerra dos
Mundos”, pela Rádio CBS, a invasão da Terra pelos marcianos. O horário das 20
horas era de novelas, mas quem sintonizou após o início, acreditou que as notícias
eram verdadeiras. A população ficou apavorada.
Em 2006, o PCC atacou
São Paulo. Neste período a Rádio CBN mandou para o ar uma entrevista com Marcos
Camacho, conhecido como Marcola. De lá para cá, esta entrevista circula repetidas
vezes pela internet.
A entrevista começa com
a seguinte pergunta: “Você é do PCC? Resposta: Mais o que é isto? Eu sou um
sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... Vocês nunca me olharam
durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O
diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas. A
solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez
alocou alguma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou
nas músicas românticas sobre a beleza dos morros ao amanhecer, essas coisas...
Agora estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de
medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu só? Sou
culto... Leio Dante na cadeia”.
Pouco mais pra frente
ele disse que já leu mais de três mil livros, mas que seus soldados são
estranhas anomalias do desenvolvimento torto do Brasil. Disse também que a
cadeia é um hotel, um escritório e eles são uma empresa rica e próspera.
Seguidas vezes o
repórter perguntava se não haveria solução. Ele disse que não, porque a
sociedade e o governo não tem ideia da extensão do problema. Finalizou dizendo
uma frase de Dante Alighieri retirada de sua obra “A Divina Comédia”: Percam
todas as esperanças. Estamos no inferno.
Esta entrevista deixou
e continua deixando muita gente preocupada. O que as pessoas que ficam
preocupadas não sabem, é que esta entrevista é obra de ficção de Arnaldo Jabor
em seu artigo “Estamos Todos no Inferno”. Quem não leu dever ler este artigo de
Jabor, que retrata muito bem a criminalidade e falta de punição.
A cadeia no Brasil tem
a pretensão de reeducar o prisioneiro, para que ele se reintegre à sociedade.
Fica a dúvida: o sistema prisional do Brasil reeduca realmente os presos ou é
um abrigo para formação de quadrilhas mais organizadas?
O governo ao invés de
endurecer as penas, criou penas alternativas. Bem diferente do sistema
carcerário do Japão, que tem como objetivo levar o condenado ao arrependimento.
Como errou, não é mais uma pessoa honrada e precisa pagar por isso.
Em nada lembra as
cadeias brasileiras, superlotas e violentas. Lá existe organização, limpeza e
todos tem que trabalhar. Quando o preso chega à cadeia, ele recebe uma lista do
que pode e do que não pode fazer. Durante a jornada de trabalho e nas refeições
não é permitido falar. Em hipótese alguma é permitido fumar. Quando aparece um rebelde
na cadeia ele é exemplarmente púnico. Vai para a solitária, que tem o mesmo
conforto das outras celas. Visitas só uma vez por mês, sem contato físico. Nem
pensar em visita íntima.
Cadeia é o assunto do
momento aqui no Brasil. Um deputado do PT/MA está tentado aprovar no Congresso
o Estatuto do Preso, onde o preso passará a ter mais regalias e os carcereiros
mais deveres. Estranho este estatuto surgir bem no momento em que a quadrilha
do Planalto foi condenada e o cerco está se fechando em torno do chefe Luiz
Inácio. Deve ser coincidência.
Ninguém propõe a
implantação do modelo carcerário japonês em nossas cadeias.