Em eleições municipais
não existe doutrina partidária. Talvez em nenhuma eleição haja, mas
teoricamente deveria existir. O que ficou bem acentuado nesta última campanha
eleitoral, particularmente em Birigui, não foi posição partidária, mas de que
lado o eleitor ficaria.
Se o povo não opta por
este ou por aquele partido, por que existir partido? Partido político nada mais
é do que uma peneira. Não se trata daquela peneira que separa o joio do trigo
ou a sujeira do cereal. A primeira malha desta peneira é para excluir a maioria
dos cidadãos de um processo eleitoral, isto é, para ser candidato tem que ser
filiado a um partido. A segunda malha é a escolha do candidato que convém ao
partido. Não basta ter conduta ilibada. Ao partido pouco importa a conduta
moral do aspirante a candidato.
Povo que elege político
corrupto não é vítima de seus atos. É cúmplice. No primeiro mandato do
presidente Luiz Inácio estourou o escândalo do mensalão. Se fosse num país de
pessoas preocupadas com a decência, jamais o Sr. Luiz Inácio seria reeleito e
seu partido certamente perderia cadeiras no Parlamento. O maior beneficiado dos
atos corruptos dos mensaleiros foi reeleito e ninguém o acusa de cúmplice.
A lei, que ficou
conhecida como Ficha Limpa, está em plena vigência. Não tão plenamente. O Sr.
Luiz Inácio, cúmplice e o maior beneficiado pelos atos de corrupção em seu
governo, que deu origem a Ação Penal 470, está apoiando um candidato à
prefeitura de Macapá. Um ex-presidente, que teoricamente deveria ser limpo,
está se pronunciando a favor da reeleição do prefeito, que pertence ao Partido
Democrático Trabalhista. Um candidato que foi preso em 2010 por causa da
Operação Mãos Limpas da Polícia Federal.
Nenhuma pessoa
esclarecida vota em candidatos que não tenham ficha limpa. Tão pouco vota em
candidatos apoiados por pessoas com ficha suja ou condenados pela Justiça por
improbidade administrativa. No caso do Sr. Luiz Inácio, ele ainda não está no
banco dos réus, mas um ministro de seu governo está e também um grupo de
assessores e colaboradores, que tinha como meta se perpetuar no poder.
Com a existência de
tantos partidos, alguns nada mais são do que partidos de aluguel. Talvez seja o
caso do partido que abrigou o candidato a prefeito vencedor nesta última
eleição em Birigui. O atual prefeito, que responde processos na Justiça, que
pertencia ao PMDB, lançou a candidatura de um cidadão que pertencia a outro
partido.
Seria oportuno se os
dirigentes do PMDB viessem a público para explicar ao povo qual foi o motivo
que levou o atual prefeito a não apoiar um candidato de seu então partido, como
era de se esperar e naturalmente mais coerente.
Supondo que a eleição
tenha sido justa, sem compra de votos e sem fraude, a esperança é que o novo
prefeito faça uma administração perfeita. Caso o novo prefeito opte por dar
continuidade aos rumos propostos por esta administração que se finda, ele terá
que responder por novos processos na Justiça, contabilizar novas mortes no Pronto
Socorro, que fica longe dos dois hospitais de nossa cidade e continuar com o
aparelhamento da prefeitura, isto é, dar emprego a apadrinhados sem a menor
necessidade.
O novo prefeito não tem
alternativa para sua suposta administração. Foi tema de campanha dar
continuidade a atual administração. Qualquer alteração da trajetória é trair os
seus eleitores.
Se o atual prefeito e
alguns de seus assessores forem condenados pelos processos que respondem, o
povo e o prefeito eleito serão cúmplices. O eleitor ficou do lado que o atual
prefeito indicou. Não podem e nem poderão reclamar.