quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Cúmplice


Em eleições municipais não existe doutrina partidária. Talvez em nenhuma eleição haja, mas teoricamente deveria existir. O que ficou bem acentuado nesta última campanha eleitoral, particularmente em Birigui, não foi posição partidária, mas de que lado o eleitor ficaria.
Se o povo não opta por este ou por aquele partido, por que existir partido? Partido político nada mais é do que uma peneira. Não se trata daquela peneira que separa o joio do trigo ou a sujeira do cereal. A primeira malha desta peneira é para excluir a maioria dos cidadãos de um processo eleitoral, isto é, para ser candidato tem que ser filiado a um partido. A segunda malha é a escolha do candidato que convém ao partido. Não basta ter conduta ilibada. Ao partido pouco importa a conduta moral do aspirante a candidato.
Povo que elege político corrupto não é vítima de seus atos. É cúmplice. No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio estourou o escândalo do mensalão. Se fosse num país de pessoas preocupadas com a decência, jamais o Sr. Luiz Inácio seria reeleito e seu partido certamente perderia cadeiras no Parlamento. O maior beneficiado dos atos corruptos dos mensaleiros foi reeleito e ninguém o acusa de cúmplice.
A lei, que ficou conhecida como Ficha Limpa, está em plena vigência. Não tão plenamente. O Sr. Luiz Inácio, cúmplice e o maior beneficiado pelos atos de corrupção em seu governo, que deu origem a Ação Penal 470, está apoiando um candidato à prefeitura de Macapá. Um ex-presidente, que teoricamente deveria ser limpo, está se pronunciando a favor da reeleição do prefeito, que pertence ao Partido Democrático Trabalhista. Um candidato que foi preso em 2010 por causa da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal.
Nenhuma pessoa esclarecida vota em candidatos que não tenham ficha limpa. Tão pouco vota em candidatos apoiados por pessoas com ficha suja ou condenados pela Justiça por improbidade administrativa. No caso do Sr. Luiz Inácio, ele ainda não está no banco dos réus, mas um ministro de seu governo está e também um grupo de assessores e colaboradores, que tinha como meta se perpetuar no poder.
Com a existência de tantos partidos, alguns nada mais são do que partidos de aluguel. Talvez seja o caso do partido que abrigou o candidato a prefeito vencedor nesta última eleição em Birigui. O atual prefeito, que responde processos na Justiça, que pertencia ao PMDB, lançou a candidatura de um cidadão que pertencia a outro partido.
Seria oportuno se os dirigentes do PMDB viessem a público para explicar ao povo qual foi o motivo que levou o atual prefeito a não apoiar um candidato de seu então partido, como era de se esperar e naturalmente mais coerente.
Supondo que a eleição tenha sido justa, sem compra de votos e sem fraude, a esperança é que o novo prefeito faça uma administração perfeita. Caso o novo prefeito opte por dar continuidade aos rumos propostos por esta administração que se finda, ele terá que responder por novos processos na Justiça, contabilizar novas mortes no Pronto Socorro, que fica longe dos dois hospitais de nossa cidade e continuar com o aparelhamento da prefeitura, isto é, dar emprego a apadrinhados sem a menor necessidade.
O novo prefeito não tem alternativa para sua suposta administração. Foi tema de campanha dar continuidade a atual administração. Qualquer alteração da trajetória é trair os seus eleitores.
Se o atual prefeito e alguns de seus assessores forem condenados pelos processos que respondem, o povo e o prefeito eleito serão cúmplices. O eleitor ficou do lado que o atual prefeito indicou. Não podem e nem poderão reclamar.