terça-feira, 2 de outubro de 2012

Peculiaridades


Quando algo se destaca em uma pessoa ou ao comportamento coletivo de uma sociedade, seja para engrandecimento de seus valores sociais ou para nivelar aos atos mais baixos de uma sociedade, próprios da ralé, chamamos de atos peculiares.
Toda cidade tem suas peculiaridades. Escrevi há tempos sobre algo peculiar em nossa cidade. Um Prefeito construiu um viaduto torto sobre a ferrovia. No mandato seguinte o novo Prefeito construiu duas pontes tortas sobre o Córrego Biriguizinho. Será que existe alguma cidade com tais peculiaridades?
Todo prefeito tem as suas peculiaridades. Se não fosse pleonasmo, diria peculiaridades próprias. Existiu um prefeito muito conhecido, que gostava de fazer grandes obras. Até um lema foi criado em torno de seu nome: rouba, mas faz.
Outros prefeitos fazem obras, mas não têm a habilidade do “rouba, mas faz”. Tem como peculiaridade em seu mandato acumular e responder inúmeros processos por improbidade administrativa. Além de ameaçar e perseguir pessoas que têm outro ponto de vista sobre a administração pública.
Como diz o ditado, jornalista descansa carregando pedras. Passeando pelo novo bairro da cidade, o muito bem planejado Alto do Silvares, talvez para matar a saudade da pista onze do antigo campo de pouso do Aeroclube de Birigui, que deu lugar a uma ampla avenida, vi uma máquina compactando um aterro. Achei estranho, pois ali era uma pista de pouso de aeronaves. O terreno é praticamente plano. Pouco importa o aterro. O que aterroriza é que naquela área será construída a Prefeitura de Birigui. Não é peculiar? Construir a sede do município na periferia.
Birigui era a única cidade da América Latina que tinha uma fonte luminosa artificial suspensa. A Prefeitura destruiu esta obra impar. O centro da cidade perdeu este obelisco. Entretanto, Birigui será, talvez, o único município da América Latina ou do mundo a não ter sua sede no centro da cidade.
Por outro lado é a única cidade do mundo, que se tem conhecimento, que o almoxarifado, garagem de máquinas e veículos diversos ficam no centro da cidade. A Prefeitura tem uma imensa área, ociosa, que abriga os serviços de água, esgoto e obras. Não seria mais racional transferir o almoxarifado, a garagem para a parte ociosa do terreno e construir uma sede digna para Birigui no centro da cidade? Sem precisar comprar um terreno na periferia?
Governante progressista e democrático não administra suas próprias vontades. Administra as necessidades da maioria. “As necessidades da maioria superam as necessidades da minoria ou as de um indivíduo.”. Frase de uma personagem de um filme de ficção científica, mas o conteúdo desta frase serve para o mundo real.
Dentro destas necessidades da maioria há um ato surreal. Há quase cem anos a Rua Silvares é a principal rua que liga o centro da cidade com os bairros. Além de ser principal, tem um fluxo maior de veículos do que as ruas que a cruza. A Prefeitura a desqualificou como uma via preferencial. É provável que o motivo seja a ciclovia, que só é usada das sete horas às doze horas dos domingos. Uma maioria de carros e motos para, aguardando a passagem de uma minoria de veículos que trafegam pela avenida que a cruza. Tudo se repete na Rua Capitão José Cordeiro.
No trânsito das outras cidades do mundo a rua que tem maior número de veículos transitando, recebe a condição de preferencial. A administração pública de Birigui quebrou este preceito universal. Para pessoas sensatas é um ato de constrangimento ter prioridade de cruzar esta rua, enquanto vários veículos esperam a passagem de apenas um.
Política é a arte de administrar as necessidades da maioria e não as de um indivíduo.