Quando algo se destaca
em uma pessoa ou ao comportamento coletivo de uma sociedade, seja para
engrandecimento de seus valores sociais ou para nivelar aos atos mais baixos de
uma sociedade, próprios da ralé, chamamos de atos peculiares.
Toda cidade tem suas
peculiaridades. Escrevi há tempos sobre algo peculiar em nossa cidade. Um
Prefeito construiu um viaduto torto sobre a ferrovia. No mandato seguinte o
novo Prefeito construiu duas pontes tortas sobre o Córrego Biriguizinho. Será
que existe alguma cidade com tais peculiaridades?
Todo prefeito tem as
suas peculiaridades. Se não fosse pleonasmo, diria peculiaridades próprias. Existiu
um prefeito muito conhecido, que gostava de fazer grandes obras. Até um lema
foi criado em torno de seu nome: rouba, mas faz.
Outros prefeitos fazem
obras, mas não têm a habilidade do “rouba, mas faz”. Tem como peculiaridade em
seu mandato acumular e responder inúmeros processos por improbidade
administrativa. Além de ameaçar e perseguir pessoas que têm outro ponto de
vista sobre a administração pública.
Como diz o ditado,
jornalista descansa carregando pedras. Passeando pelo novo bairro da cidade, o
muito bem planejado Alto do Silvares, talvez para matar a saudade da pista onze
do antigo campo de pouso do Aeroclube de Birigui, que deu lugar a uma ampla
avenida, vi uma máquina compactando um aterro. Achei estranho, pois ali era uma
pista de pouso de aeronaves. O terreno é praticamente plano. Pouco importa o
aterro. O que aterroriza é que naquela área será construída a Prefeitura de
Birigui. Não é peculiar? Construir a sede do município na periferia.
Birigui era a única
cidade da América Latina que tinha uma fonte luminosa artificial suspensa. A
Prefeitura destruiu esta obra impar. O centro da cidade perdeu este obelisco.
Entretanto, Birigui será, talvez, o único município da América Latina ou do
mundo a não ter sua sede no centro da cidade.
Por outro lado é a
única cidade do mundo, que se tem conhecimento, que o almoxarifado, garagem de
máquinas e veículos diversos ficam no centro da cidade. A Prefeitura tem uma
imensa área, ociosa, que abriga os serviços de água, esgoto e obras. Não seria
mais racional transferir o almoxarifado, a garagem para a parte ociosa do
terreno e construir uma sede digna para Birigui no centro da cidade? Sem
precisar comprar um terreno na periferia?
Governante progressista
e democrático não administra suas próprias vontades. Administra as necessidades
da maioria. “As necessidades da maioria superam as necessidades da minoria ou
as de um indivíduo.”. Frase de uma personagem de um filme de ficção científica,
mas o conteúdo desta frase serve para o mundo real.
Dentro destas
necessidades da maioria há um ato surreal. Há quase cem anos a Rua Silvares é a
principal rua que liga o centro da cidade com os bairros. Além de ser
principal, tem um fluxo maior de veículos do que as ruas que a cruza. A
Prefeitura a desqualificou como uma via preferencial. É provável que o motivo
seja a ciclovia, que só é usada das sete horas às doze horas dos domingos. Uma
maioria de carros e motos para, aguardando a passagem de uma minoria de
veículos que trafegam pela avenida que a cruza. Tudo se repete na Rua Capitão
José Cordeiro.
No trânsito das outras
cidades do mundo a rua que tem maior número de veículos transitando, recebe a
condição de preferencial. A administração pública de Birigui quebrou este
preceito universal. Para pessoas sensatas é um ato de constrangimento ter
prioridade de cruzar esta rua, enquanto vários veículos esperam a passagem de
apenas um.
Política é a arte de
administrar as necessidades da maioria e não as de um indivíduo.