sábado, 11 de agosto de 2012

Nuremberg


Banheiro público é interessante. Mesmo que esteja limpo, a impressão que nos dá é que não está. Fica mais evidente quando olhamos atrás das portas. Frase e ditos populares que se não fossem chulos poderiam ser chamados de provérbio.
Repetindo uma frase que operários soviéticos escreviam nas paredes das fábricas: se o partido quiser dois mais dois são cinco.

Party é uma palavra inglesa que define bem o seu significado em boa parte do mundo, sobretudo em nosso país. Pode significar partido político. Também significa festa.
Terminada a Primeira Guerra Mundial surgiram na Alemanha vários movimentos populistas. O Serviço de Informação do Exército não gostou destes movimentos e mandou um jovem cabo de pouca estatura observar as atividades de um partido chamado Partido Alemão dos Trabalhadores. Entretanto, este jovem cabo, que mais tarde tornou o Fuehrer, se interessou pelo partido. Tentou tomar o poder pela força, mas foi preso. Quando saiu da prisão fundou o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

Já no cargo de Chanceler, Hitler conseguiu aprovar uma lei três horas antes da morte da morte do presidente Hindenburg que, após a sua morte os cargos de presidente e chanceler seriam unificados. Com este ato Hitler passou a ser chefe de Estado, chefe de governo e presidente do partido.
Com a ascensão do partido ao poder, os encontros anuais do partido passaram a ser realizados em Nuremberg. Estes encontros eram verdadeiras festas. Goebbels era o ministro da propaganda e promovia grandes espetáculos utilizando efeitos teatrais e aparatos militares para dar a Hitler a imagem de salvador da pátria alemã. Deu certo, porque o discurso de Adolf Hitler era exatamente o que o povo queria ouvir. Vendeu mentira e o povo comprou. Não precisou de Bolsa Família.
O encontro anual de 1938, em Nuremberg, teve como ponto principal preparar o povo para a Segunda Guerra Mundial.
O primeiro acordo de não agressão foi assinado entre Hitler e Stalin. Começou a guerra e as forças alemãs invadiram toda a Europa. Inclusive a União Soviética. Foi exatamente as tropas soviéticas que invadiram Berlin, dando fim a guerra.
Como lá não tem pizza, todos os responsáveis pelo partido foram presos. Nuremberg, o berço da propaganda nazista, foi escolhida para ser o fórum para julgar os responsáveis pelo holocausto, pelas perseguições políticas e econômicas e também pelos crimes de guerra. Ali começou. Ali teria que acabar com a condenação de todas as pessoas que cometeram crime.
O alicerce para construir o edifício do futuro é o passado. Infelizmente não existe no Brasil, nem na imaginação de roteirista de novelas, um tribunal como o de Nuremberg. A Constituição estabelece regras para a nomeação dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Só é nomeado ministro do Tribunal quem o partido quer. Lembra? Quando o partido quer dois mais dois são cinco.
O partido que governa não quer a condenação de seus membros indiciados no escândalo do mensalão e nem de seus aliados. O melhor para o partido é servir pizza. Deixar o dito pelo não dito e dizer que tudo não passou de um episódio mal entendido. Por uma simples razão: tudo se passou no Palácio do Planalto. Entretanto, contra fatos não há argumentos.
No Tribunal de Nuremberg Hitler não esteve presente. Também não seria indiciado, pois ele não sabia de nada que acontecia no seu governo. Martin Bormann, uma espécie de chefe da Casa Civil, também não esteve presente. Se houvesse eleição, certamente Bormann seria o sucessor de Hitler.
Para evitar julgamento, Hitler e Bormann não contraíram doenças graves e nem foram curados logo em seguida. Simplesmente desapareceram sem deixar vestígio.
O Brasil parece banheiro público.