sábado, 3 de dezembro de 2011

Concelhos com C

Como se diz por aí, se conselho fosse bom não se dava. Vendia-se. Quem escreve dá sua opinião. Pode ser um conselho, como pode ser uma repreensão. A interpretação depende do intelecto de quem lê.

Adrian Rogers disse em 1931 que, é impossível aumentar a riqueza dividindo-a. Pois bem, uma minoria quer dividir o Estado do Pará em três partes. Dividindo o Pará as despesas aumentarão de imediato. Dois novos governadores criarão suas estruturas administrativas. Não sei quantos deputados estaduais, outros tantos federais e seis senadores. Junto com estes parlamentares vêm uma infinidade de assessores.

A justificativa dos parasitas do Estado é que o poder central paraense está longe da população. A população não vive neste ou naquele Estado. Vive em concelhos. No período que morei em Araçatuba, passei agradáveis anos no concelho da Vila Mendonça. Em São Paulo no concelho de Santa Cecília. Em Birigui no concelho do Parque das Paineiras.

Os separatistas apóiam-se no argumento de que, estando o Poder Executivo longe da população esta fica desassistida. Nem precisa contra-argumentar, porque os argumentos estão plantados num copo de água. Suas raízes não têm onde se prender. Se for pelo exemplo abaixo justifica.

O concelho de Promissão fica a 450 quilômetros de São Paulo. Neste pequeno concelho há tratamento do esgoto. Existe e funciona o Hospital Geral de Promissão e também o Ambulatório Médico de Especialidades. Além destes dois órgãos estaduais, a Prefeitura mantém a Casa de Saúde da Mulher. Em Promissão a mulher não precisa viajar para outros concelhos ou pagar para fazer mamografia. Em breve hemodiálise.

Já o concelho de Birigui fica um pouco mais longe. Dista 516 quilômetros da sede do poder estadual. No próximo dia sete de dezembro Birigui completará cem anos, mas continuará sem tratamento do esgoto, sem UTI pré-natal e sem pronto-socorro anexo à Santa Casa de Misericórdia.

A Santa Casa precisa de misericórdia. Não tem pronto-socorro, mas tem dívida. Ninguém fala em pagá-las e torná-la em um hospital de referência igual ao que o Sr. Luiz Inácio está se tratando.

Assim é a vida do povo, que vive em concelhos. Quando precisa de tratamento vai para o concelho de Barretos ou Jales. O político não vive em concelhos. Vive na corte. Quando precisa de tratamento procura o Hospital Sírio-libanês, Albert Einstein e outros grandes hospitais do Brasil ou do mundo. Nunca o Hospital das Clínicas da USP ou Hospital São Paulo da UFSP.

Continuando a falar dos concelhos. Cada concelho tem sua vida própria. As leis, entretanto, são fabricadas pela corte ou pelos parlamentares, aplicadas, entretanto, em todo o território sem distinção.

O motociclista é obrigado a usar capacete para passear com sua moto. Num mega concelho como São Paulo dá para aceitar os argumentos do criador da norma. Num concelho de quatro mil habitantes não tem o menor sentido. Obrigatoriedade de uso do capacete favoreceu alguns fabricantes. Da mesma forma a imposição de um padrão de tomada elétrica e respectivo pino que só existe no Brasil.

Quem escreve dá sua opinião. Quem lê interpreta como conselho ou não. As prefeituras deveriam ser fortalecidas, uma vez que o povo vive em municípios, que são os concelhos. Aos prefeitos fica o dever de administrá-las. O absolutismo caiu há muito tempo, mas o despotismo ainda não. Administrar não é executar suas próprias vontades e sim as necessidades. Para aliviar as tarefas dos prefeitos, os Conselhos Municipais deveriam ter voz e voto.

Certamente a vida do nos concelhos seria justa, perfeita e fraterna.