terça-feira, 14 de setembro de 2010

Feromônio

A natureza é sábia. É provável que a sapiência exista por não seguir normas criadas pelos humanos. Esta substância secretada pelos animais às vezes tem cheiro bom. Outras vezes tem um odor insuportável. Quando o cheiro é bom, trata-se de uma atração para acasalamento. Quando for insuportável, é o indivíduo se protegendo ou demarcando território. Cada ser se defende com as armas que tem. O polvo em situação de algum perigo solta uma secreção escura e foge. Toque numa Maria Fedida.

Animais não têm o hábito de tomar banho com sais e perfumes. Razões pelas quais conservam o feromônio de cada espécie. Os humanos conseguem driblar a natureza. Criaram fragrâncias que modificam o cheiro de cada pessoa.

Dentro da sociedade existem pessoas limpas e sujas. Tanto no sentido de asseio como moral. O Estado surgiu para orientar e organizar a sociedade. Para entender a atitudes dos governantes ou aos postulantes do poder é preciso recorrer à história, aos pensadores, a mitologia e à Bíblia.

Thomaz Hobbes talvez tenha sido o mais destacado entre os grandes escritores do século XVII. Hobbes era um pensador absolutista. Ele defendia o pensamento de que o poder só poderia ser de um. Naquela época havia uma discussão para saber se o poder seria do rei ou do Papa. Para Hobbes, que era monarquista, o poder deveria ser do rei.

Aristóteles afirma que o homem é naturalmente social. Hobbes pensa o contrário. O homem não é naturalmente social. No seu estado natural o homem é inimigo de seus semelhantes. Para Hobbes cada homem é um lobo para os outros homens. Como todo homem tem dentro de si a ambição pelo poder e cada um vai defender seu ponto de vista, haveria uma guerra incessante entre si, que só terminaria com a morte do mais fraco. O que prevalecia era a força e a astúcia.

Para acabar com esta guerra sem fim todos deveriam ceder os seus direitos a um homem ou a uma assembléia. Palavras de Hobbes em sua obra “O Leviatã”: “Autorizo e transfiro a este homem ou assembléia de homens o meu direito de governar-me...”.

O povo cede ao governo poderes para administrar o Estado. O Leviatã é aquele mostro que está presente em todas as culturas da antiguidade. Da Bíblia à mitologia. Ora para o bem. Ora para o mal. Para alguns era réptil. Para outros um sapo ou um polvo gigante. O Estado está subjugado por um Leviatã ou o Estado é o próprio Leviatã?

A autorização que Hobbes escreveu em autorizar e transferir os direitos de administração a alguém atualmente chama-se voto. Para ter direito a concorrer a este direito de governar ou participar de uma assembléia de homens é preciso ser filiado a um partido político.

O primeiro significado de “Party” em inglês é “Festa”. O segundo é “Partido” (político). Quem não conhece a língua inglesa fluentemente pode traduzir e identificar bem um partido político. Festa dos Trabalhadores, Festa do Movimento Democrático Brasileiro e por aí afora.

Parece uma festa a atitude de partidos que estão nos governos. Utilizando uma espécie de feromônio marcam seus espaços na administração pública. Este feromônio serve para acasalar um partido com outro. São as coligações que reúnem num mesmo palanque adversários ideológicos que juntos promovem leilões de cargos. Quando usam seus feromônios para demarcar território criam cargos inchando a máquina administrativa pública. Para que este odor se desfaça os cargos são banhados com sais e perfume dando a impressão que é essencial para o Estado. Os cargos são tentáculos deste imenso polvo que é o nosso Leviatã.