terça-feira, 21 de setembro de 2010

Água

Todo professor de química recomenda aos alunos nunca cheirar ou provar um produto químico, pois pode ser tóxico e até letal. Alguém tomaria um copo de ácido hidroidróxico? Ou óxido de dihidrogênio? Com este nome não, mas quem rejeita um copo de água? Ninguém. Sobretudo por ser vital.

Para quem acredita na evolução das espécies a partir de seres unicelulares ancestrais do protozoário até chegar ao homo sapiens, sabe que tudo começou na água. Habitat natural dos primeiros seres vivos. Para quem não acredita em criação e evolução, a vida e tudo sempre existiu.

Sem água não é possível viver, mas ela pode matar. Morrer por afogamento é um acidente. Não foi a água que matou. Foi inabilidade ou fatalidade. A água que mata é aquela contaminada. Quem contamina a água é a população, indústrias e lixões. Será que os aterros sanitários não contaminam o lençol freático?

A Constituição de 1988 criou a oportunidade de cobrar uma tarifa pelo uso da água. Atualmente pagamos pelo serviço de captação, tratamento e distribuição. Em breve vamos pagar pelo uso. Como foi criado por políticos está mais para aumentar a arrecadação do que disciplinar o uso da água.

Provavelmente esta proposta de tarifar o uso da água seja para evitar o desperdício, temendo a possível escassez. Algumas regiões do Estado de São Paulo têm este problema de escassez. Felizmente nossa região não tem. Nosso problema é outro. Preservar as nascentes.

As ferrovias foram o pólo de colonização do interior de São Paulo. A ferrovia Central do Brasil serpenteou o vale do Rio Paraíba. Todas as cidades do Vale do Paraíba estão próximas ao rio.

A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil não seguiu à margem do Rio Tietê. A ferrovia foi construída no espigão dos rios Tietê e Aguapeí. Aqui que está o problema da região Noroeste. As cidades foram surgindo por onde a ferrovia seguia. As nascentes dos córregos e ribeirões estão no espigão.

O que pode se tornar um problema sério é a não preservação das nascentes. Atualmente nós temos água de superfície suficiente para o consumo da população e atividades industriais. Deveríamos, por princípio de preservação, não usar água do subsolo. Deixar esta água para regiões onde não há abundância de água de superfície. A cidade de Birigui tem dois poços que busca água do Aqüífero Guarani. Os poços devem existir somente para suprir o abastecimento em caso de emergência. Caso aconteça um acidente ambiental que possa contaminar a água dos reservatórios de captação. Nunca para consumo sistemático.

Não é possível saber se a cobrança pelo uso da água vai conscientizar a população pelo uso racional da água. O poder público pouco pode fazer para preservar as nascentes, pois estas ficam em propriedades particulares. A população deve despertar o espírito coletivo de preservar a natureza. Não precisa ser ecologista ou ambientalista. Basta fazer a sua parte.

Em Birigui não existe o problema de falta de água. Temos água de superfície suficiente. Se há falta na torneira o problema é outro. É falta de investimento do setor público na estação de captação e tratamento. Araçatuba encontrou uma alternativa muito boa. Captar água do Rio Tietê e não abrir poços profundos.

Sem a água não se vive e água também mata. Uma questão não cientificamente comprovada tem levantado suspeita da contaminação da água em Birigui. Entretanto a mídia não informou se o poder público providenciou análise da água. A suspeita é o alto índice de pessoas com câncer. Uma parte da tubulação da rede de distribuição é de amianto. A população também não sabe se o lençol freático não está contaminado.