segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Utopia

Utopia não existe. Não existe porque o termo significa exatamente isto: não existe. Tudo começou com Thomas More. Ele descreveu em seu livro uma ilha inimaginável, onde vivia uma sociedade perfeita. Conta-se que Thomas More ouviu um relato de Américo Vespúcio sobre Fernando de Noronha. A sociedade foi criação de sua imaginação. Dois radicais gregos deu origem ao nome da ilha. “OU” radical que significa não. “TOPOS” significa lugar. Literalmente “não-lugar”. A tradução mais aceita é “lugar que não existe”.

A obra “Utopia” foi escrita em 1516. Naquela época a Inglaterra já demonstrava que seguia para o capitalismo. Nesta sociedade perfeita não havia individualidade, como há no capitalismo que engatinhava. Todos trabalhavam e todos os bens eram coletivos. Todos eram donos de tudo. Será que em Utopia existia penitenciária?

Quatro séculos após a publicação de “Utopia” uma nova obra literária criava outra sociedade. Talvez não fosse perfeita, mas harmoniosa. Aldous Huxley escreveu “Admirável Mundo Novo”. Não havia classes sociais. As pessoas eram geneticamente pré-selecionadas para serem concebidas. Ao nascer eram condicionadas a pertencerem a uma casta e nelas permaneciam até o fim da vida. Nesta sociedade não existia o conceito de família, religião e ética moral como existe em nossa sociedade. Tudo era harmonioso e ninguém tinha dúvidas sobre nada. Conseqüentemente não havia conflitos. Para preservar a ordem social era consumido um alimento chamado “Soma”.

Deve existir uma mente cósmica ou universal que inspira seres a desenvolver obras literárias para orientar a população. Ou entretê-las.

A Bíblia não é uma obra literária e nem uma leitura de entretenimento. É uma obra que orienta as pessoas a viver em sociedade. É possível que Thomas More e Aldous Huxley tenham se inspirado em algum livro do Antigo Testamento para escrever sobre suas perfeitas sociedades. Moisés conduziu o povo hebreu pelo deserto sem que houvesse conflitos sérios. Os que houveram foram contornados pela liderança de Moisés. No deserto não havia o que comer, mas caia do espaço um alimento chamado Manah. Será que tinha os mesmos efeitos do Soma? A distância entre o Egito e Israel não é grande, mas o povo hebreu ficou quarenta anos vagando pelo deserto. Por que quarenta anos?

Sonhar com um país organizado, com escola para todos, hospitais e trabalho é utópico? Parece que sim. Nunca foi criada uma sociedade como a idealizada por Thomas More ou Aldous Huxley. Por decreto e pela força foram criadas algumas sociedades socialistas. Nenhuma destas criações deu resultado satisfatório. Todas se sustentaram oprimindo ou eliminando as pessoas que se opunham a este regime. Poucas destas sociedades duraram mais de quarenta anos.

A provável razão para não existir uma sociedade perfeita não está nos dirigentes e sim na massa que compõe esta sociedade. Em épocas passadas e porque não dizer remotas, os dirigentes não eram escolhidos pelo povo. Talvez porque o povo não soubesse escolher. Quem escolheu Moisés para governar e conduzir o povo hebreu à Terra Prometida? Thomas More tinha e continua tendo razão. O processo eleitoral em Utopia é o voto indireto. Processo que elimina despesas de campanha e pessoas que fazem da política uma profissão.

Jornalistas não têm a liberdade de se expressar sobre assuntos que envolva candidatos e política partidária neste período eleitoral. Políticos são condenados à prisão, mas não ficam presos. Utopia não existe. Liberdade e justiça também não.