segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Caridade

Define-se caridade como uma ajuda, um donativo que se dá aos pobres. Ou um benefício. Esmola não deixa de ser um ato caridoso. Pode ser um prato de comida como alguns centavos. Filantropia é algo semelhante, mas não parece ser igual. Etimologicamente significa bem-querença ou um amor profundo à humanidade.

Esta semana um grupo de quarenta das maiores fortunas dos Estados Unidos anunciou que pretendem doar parte de suas fortunas para filantropia. A imprensa não informou como serão feitas estas doações.

Faz parte da egrégora americana fazer doações em moeda a entidades. Tanto em assistência social como para universidades. Lá não existe paternalismo estatal. Não existe Bolsa Família, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Programa de Integração Social e outros benefícios ditos sociais.

Não faz muito tempo Bill Gates doou um valor para a Fundação Rotária. O Rotary Internacional tem um fundo de onde sai os recursos para promover filantropia. Perto destes doadores americanos, os rotarianos contribuem com moedas, mas não deixam de dar suas contribuições. Ora doando trabalho ora contribuindo financeiramente.

A credibilidade que o Rotary e Lions têm nunca foi posta em dúvida. Estes dois clubes de serviços promovem filantropia. Quem faz caridade são as entidades que recebem deles os recursos e ajudam pessoas e até mesmo populações desprotegidas.

Caridade é uma virtude que conduz a Deus e aos nossos semelhantes. A sociedade pouco reconhece a disposição que algumas pessoas têm no sentido de se dedicar a ajudar pessoas necessitadas. São pessoas que agrupam para fazer visitas a hospitais. Dar atenção ouvindo os pacientes. Ajudar no asseio dos doentes pobres e sem acompanhantes. Procurar recursos para socorrer famílias em estado de miséria.

Fica a dúvida. É caridade oferecer a pessoas pobres, sobretudo crianças, cursos de teatro, música, danças, capoeira? Antes isto do que nada, mas não seria melhor que houvesse um planejamento dentro das atividades escolares? Capoeira, por exemplo, ocupa a criança por algumas horas, mas serve para que?

As doações que a sociedade americana faz não têm o cunho de tirar pessoas ou crianças da rua e sim educá-las. Educação é dever do Estado e direito de todos. Não deve ser motivo para caridade. Nossos impostos não estão sendo utilizados de forma conveniente. Doar é uma forma dos americanos devolverem o que aprenderam nas universidades. Aqui as pessoas deixam de pagar o crédito educativo, que o atual governo mudou de nome. Quanto mais doar.

Quando uma doação vira obrigação, este ato deixa de ser caridade. Algumas entidades de assistência social estão se especializando na arte de angariar recursos. Elas estão usando pessoal treinado em vendas pelo telemarketing. Ninguém pode dizer que é ilegal contratar equipe especializada em vender o produto. Este produto é arrecadar dinheiro. Muitas pessoas deixaram de contribuir com entidades assistenciais por terem sido abordadas pelo telemarketing.

Caridade é outra coisa. É o ato voluntário de ajudar alguém. Guarda as devidas proporções, por que não imitar os americanos. Certamente não temos fortunas para doar, mas podemos nos organizar. Chamar os governantes para suas responsabilidades. APAE é escola ou hospital. Se for escola é obrigação do Estado oferecer todo o recurso necessário para o funcionamento. Se for hospital também, pois a APAE dá assistência continuada a todas as crianças e pessoas por ela atendida.

Se a sociedade civil organizada não ocupar o espaço, os políticos ocuparão.