domingo, 18 de outubro de 2009

Pesadelo

Sonho é a maneira de se realizar desejos. Nos sonhos tudo é possível. Quantas vezes nos sentamos numa roda de amigos para bater papo. Conversa fiada que não leva a nada. Durante a conversa criamos empresas. Esta empresa prospera. Progride a olhos vistos. Em poucas horas temos uma fortuna incalculável. Sonho é assim. Não paga imposto e nem direitos autorais.

Pesadelo também é sonho. A diferença é que, se criar uma empresa ela não cresce. Em vez de progredir ela vai à falência. Em poucos minutos o sonho acaba. Ninguém sobrevive à onirodinia. Diante de um pesadelo os amigos reunidos mudam o rumo do bate papo.

Charles Chaplin escreveu muitas frases. Quase todas para realizar, possivelmente, seus sonhos. Levar alegria e entretenimento ao público. Sua principal personagem foi “Carlitos”. O pobre, em dinheiro, porém rico em pureza de espírito, vivia o tempo todo em apuros. Não sei se vivia sonhos ou pesadelos. Uma frase muito interessante de Chaplin é a seguinte: “O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e de correr o risco de viver seus sonhos”.

Dá para estremecer o corpo e a alma quando se lê esta frase. Sobretudo se fizermos uma reflexão sobre o seu conteúdo. Pode ser um sonho para si e este sonho pode ser pesadelo para as outras pessoas. Algumas pessoas extrapolam em seus sonhos. Sonhos que deixam a fantasia para se tornarem realidade a qualquer custo.

No cinema ou na literatura o pesadelo não dói. “O Grande Ditador” é um filme que retrata a vida de um ditador. Este filme não deixa marcas de crueldade das perseguições aos judeus. Talvez porque Chaplin tivesse a habilidade de transformar pesadelos em sonhos aflitivos isentos de sensação opressiva.

Alguns sonhos se tornam pesadelos. A administração da União Soviética era de cima para baixo. Povo era um detalhe que compõe o Estado. Como os socialistas queriam incrementar a agricultura, fomentando a irrigação, eles desviaram o curso de rios que desembocavam no mar de Aral. A conseqüência foi drástica. A natureza não perdoa. O mar quase secou causando danos ambientais irreparáveis.

Dilma Rousseff e José Dirceu tentaram chegar ao poder pelas armas, mas não conseguiram. Colocaram um laranja como candidato e hoje estão no poder. O sonho já está realizado. Só está faltando à entronização. O Zé ficou como boi de piranha. Mas não morreu.

Levar água para o nordeste foi sonho de Dom Pedro II. Consciente que era não realizou o projeto. Talvez o Império do Brasil não tivesse recurso suficiente. Talvez o projeto fosse inexeqüível.

Rui Barbosa foi candidato à presidente da República. Não ganhou. Se disputasse com o atual presidente também perderia as eleições. Rui Barbosa era jurista e só falava verdade. O povo não acredita em verdade. A população acredita e quer promessas dos candidatos para sonhar com um Brasil justo onde todos recebem cesta básica e não precisam trabalhar 44 horas semanais.

O que a população acredita e quer não importa. O que importa é o sonho de Rui Barbosa que era muito mais do transpor as águas do cansado rio São Francisco. Seu projeto era interligar as três bacias, tornando possível a navegação fluvial em todo o país. Amazonas, São Francisco e Paraná. O sonho não foi realizado.

Transpor águas do rio São Francisco não é um sonho para irrigar e acabar com a seca. É um projeto sem consistência para realizar os sonhos da guerrilha. Poderá ser um pesadelo. Como o mar de Aral.