sábado, 18 de julho de 2009

Nada

Nada às vezes é tudo. É o caso de pessoal com alto grau de desenvolvimento espiritual e cultural.
Estas pessoas cumprem suas funções, tanto profissional como social, de tal forma que ninguém percebe a sua presença. O que a mão direita deles fazem a esquerda não fica sabendo.
Outras pessoas são o oposto. A cada ato realizado uma festa com bandas e fanfarras, é realizada para marcar o evento. Não é o caso de pessoas que precisam expor suas imagens. Artistas, por exemplo, que precisam vender sua arte e modelos que precisam vender seus corpos.
Pessoas públicas pensam que são tudo. Nos gabinetes das repartições públicas decisões são tomadas. Algumas beneficiam o povo. Outras beneficiam a si próprios. Pessoas públicas poderiam não ser nada.

A arrecadação dos impostos federais diminuiu. O governo para tapar o sol com a peneira desonerou alguns produtos para conter a crise. Com tantas despesas que o governo federal tem, onde conseguir recursos para cobrir estes gastos?

Um deputado federal do Partido dos Trabalhadores sinalizou que existe uma fonte: arrecadação sobre movimentação financeira. Esta movimentação pode ser tudo, mas pode não ser nada. Pode não ser nada se ela for utilizada apenas para inchar o cofre o governo, mas poderá ser tudo se for para compor a reforma tributária.

O Congresso Nacional e até mesmo o Governo não pensam numa reforma tributária que favoreça a população. Sobretudo se esta reforma desonerar o setor produtivo. Setor que é a galinha que bota ovos de ouro e que faz a riqueza da nação.

O professor Marcos Cintra propôs à sociedade brasileira, em 1990, a criação do imposto único cobrado na movimentação financeira. O governo aproveitou a proposta. Criou a contribuição sobre a movimentação financeira com o fim específico de resolver os problemas dos hospitais e da saúde do povo brasileiro. A saúde continua na UTI.

A proposta do professor era 1% da movimentação financeira. Se o governo adotar 10%, os preços dos produtos cairão cerca de 30% dos preços praticados hoje e a arrecadação aumentaria em três vezes. O fato mais importante. Todos pagarão o imposto. Pagar imposto é um dever de todos.
O governo, entretanto, jamais adotará esta proposta. A razão é simples. A arrecadação será automática. Se a arrecadação for automática, o repasse também deverá ser, pois a saúde e educação têm o seu quinhão definido. Seria o fim da barganha política na elaboração do orçamento.

A discussão da proposta do professor Marcos Cintra não se encerrou, mas está amordaçada. Não interessa às pessoas que ocupam cargos públicos. Pessoas que ocupam cargos públicos pensam que são tudo. Melhor que não fossem nada. Desprendidos e cumpridores de seus deveres.

O governo não deve fazer filantropia com os recursos públicos. Estes programas, ditos sociais, que o governo promove é filantropia para favorecer quem está no poder. A queda da arrecadação corresponde a dois anos do programa Bolsa Família, segundo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo. Como repor este recurso que não foi arrecadado? Será que ele não fazia falta?

As pessoas públicas são escolhidas para administrar os recursos do governo e não para perpetuação do partido no poder. Quando olhamos para nossos dirigentes notamos que os propósitos da administração pública não são cumpridos. Seria justo utilizar recursos destinados à saúde ser utilizado para construir hospitais ou postos de saúde? Utilizar recursos da educação para reformar salas de aula ou compra de veículos?

Nada às vezes é tudo. Nossos dirigentes não é o caso de pessoas com alto grau de desenvolvimento espiritual e cultural. Estas pessoas não cumprem suas funções para as quais foram escolhidos. A mão esquerda trabalha em comum acordo com a direita.

Às vezes, tudo é nada.