domingo, 5 de julho de 2009

Bastilha

Está chegando o dia de celebrar a Queda da Bastilha. Toda vez que um governo constituído, não importa qual seja o regime, monarquia ou república, é derrubado dá-se o nome de Golpe de Estado. A Queda da Bastilha foi um Golpe de Estado. Entretanto, ninguém ousa dizer que foi um golpe. O rótulo é: Revolução Francesa.

A Proclamação da República em nosso país também foi um golpe. Derrubaram a monarquia com armas. Todo dia 15 de novembro é celebrado um Golpe de Estado. Dia 9 de julho, no Estado de São Paulo, é feriado em comemoração a uma tentativa de um golpe. Que foi rechaçado pelas forças legalista. Este feriado, além de causar prejuízo na indústria, é o mesmo que comemorar, com festa, o aniversário da morte de um ente querido.

A Queda da Bastilha, realmente foi uma revolução. Morreu muita gente. Porém para os nossos dias o que marcou esta revolução não foi a truculência. Foi o iluminismo. Iluminismo é matéria para intelectuais. Intelectuais são minoria. Usando o raciocino iluminista, a razão, a revolução ocorreu porque havia fome. Se o rei Luiz XVI tivesse criado um programa do tipo Bolsa Família a Bastilha não teria caído e não teria ocorrido a Revolução Francesa. O fato que ela ocorreu e os iluministas conseguiram iluminar o mundo com suas doutrinas. Na França este período é conhecido com Século das Luzes. E mundo ganhou muito.

Um golpe derrubou o governo de Honduras. Nunca li e nem ouvi dizer que um governo justo e fraterno tenha sido derrubado por Golpe de Estado. Golpes de Estado são aplicados em governos corruptos e que desrespeitam as normas estabelecidas. No caso de Honduras o presidente deposto queria modificar a constituição, de tal forma que seria permitido sua reeleição.

Dois presidentes se manifestaram contrários a este golpe. Um foi o presidente da Venezuela. O outro do Brasil. Na Venezuela não houve Golpe de Estado, mas o presidente conseguiu modificar a constituição e se perpetuar no poder. No Brasil também não haverá golpe por este motivo. Embora tudo esteja caminhando para o terceiro mandato do atual presidente. Tal qual na Venezuela. Este ato não deixa de ser um golpe.

No Brasil não existe iluminista para iluminar a razão do povo e nem dos políticos. Fome não haverá porque existe o programa Bolsa Família e tantas outras esmolas que o governo criou para calar o povo. E também pelo fato de que os parlamentares brasileiros não têm a mesma postura ética e moral dos de Honduras. Do vereador ao Senador.

Existe uma proposta de reeleição do atual presidente tramitando no Congresso Nacional. Entretanto, não haverá Golpe de Estado para depor o atual governo do Brasil. Não porque o povo brasileiro é culto, educado e cumpridor de seus deveres, não permitindo que um governo democraticamente eleito seja derrubado. O povo é massa de manobra que o governo usa para ganhar eleição. O golpe poderá ser a emenda constitucional.

Ninguém ousa dizer que o povo brasileiro gosta de tirar vantagens do que for possível. É significativo o número de funcionários que não querem ser registrado porque estão recebendo seguro desemprego. O trabalhador desinformado acredita que está sendo esperto.

O governo, que é esperto, mandou um deputado da base governista entrar com projeto de redução da jornada de trabalho. Se aprovada passará de quarenta e quatro horas semanais para quarenta horas. Diminui a jornada, mas aumenta o número de horas extras. É a treva como diria a garotinha da novela das sete. Mais um golpe no capital de giro das empresas e mais votos para um governo, que adota a política de resultados.

Se a redução da jornada de trabalho não fosse um golpe para arrebanhar eleitores, a redução deveria ser para 30 horas semanais. Neste caso haveria vantagens para ambas as partes. O funcionário trabalharia seis horas por dia e a fábrica ou o comércio poderia trabalhar doze horas. Gerando riqueza para a nação. O fato é que o sindicalista que propôs a redução não é iluminista. Quer resultados eleitorais. Isto é um golpe.