sábado, 27 de junho de 2009

Camarilha

Camarilha é um grupo de indivíduos, chamados de cortesãos, que convivem com um soberano e procuram desta forma, influir nos negócios públicos. Cortesão é quem freqüenta a corte. Outrora de um imperador. Hoje a corte pode ser na prefeitura, no palácio do governador e no planalto central. No planalto central há três cortes: o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.


No Senado existe uma verdadeira multidão de cortesãos. O salário mensal, da grande maioria desses apadrinhado dos soberanos do Senado, é maior que o salário de alguns anos de trabalho da maioria do povo brasileiro. O que mais entristece é que tudo não passará de uma notícia de jornal.


Com tanto escândalo no Senado, ninguém mais fala sobre das obras paralisadas da Câmara Municipal de Birigui. Escândalo não tem tamanho. Desviar um centavo é um ato irregular. E se há gasto irregular é necessário apurar responsabilidades. Se lá no Senado ninguém apura nada, por que a Câmara de vereadores vai apurar alguma coisa? Camarilha é isto. Indivíduos com influência nos negócios públicos e tirando proveito para si ou para outros.


Todo mundo sabe que as empresas têm caixa dois. Os políticos também sabem. Tanto sabem que usam o caixa dois nas campanhas política. Como explicar a existência de uma conta bancária oculta do Senado Federal? Conta oculta tem outro nome: caixa dois. O caixa dois nas campanhas é alimentado por pessoas que querem influir nas decisões dos negócios públicos. E possivelmente tirar proveito disto. Camarilha é isto.


Notícia da Folha da Região sobre Birigui: “Saúde busca Organização da Sociedade Civil para o Interesse Público (OSCIP) para gerir novo Programa Saúde da Família (PSF). O investimento mensal será em torno de quatrocentos mil reais”. Pessoas ou grupos que convivem com autoridades ou personalidades importantes que procuram influir nas decisões dos negócios públicos. Camarilha é isto.


A Prefeitura de Birigui vai gastar quatrocentos mil reais com este programa contratando uma equipe. Em outras palavras: está terceirizando um programa inócuo. Este Programa Saúde da Família começou em 1994 e está atrelado com o programa de Agentes Comunitários de Saúde. Programas que estão mais focados para clientelismo eleitoral e cabide de emprego do que preocupação com a saúde pública. Saúde pública é com médico sanitarista. Será que há médico sanitarista no quadro de funcionários?


A equipe do Programa Saúde da Família é composta por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e cinco agentes comunitários de saúde. Mas esta equipe pode ser ampliada.


Este programa é importante? Pode ser que seja para um município composto de pessoas desprovidas de cultura.

Pessoas que não sabem escovar os dentes, têm pouco conhecimento de asseio pessoal e que costuma tomar banho aos sábados nem que não precise. E por incrível que possa parecer existem pessoas que não sabem tomar banho. Não é o caso dos municípios de nossa região. A saúde de Birigui tem outras prioridades. Ou deveria ter.


O povo que não tem recursos próprios, precisa da assistência dos postos municipais, popularmente chamados de “postinhos”. Uma prioridade destes postinhos é o suprimento de médicos para atendimento da população. Falta médico nos postos. Nenhuma criança marca dia e hora para ficar doente. Porque se ficar doente sem avisar a prefeitura, não encontrará médico pediatra para atendê-la.


Soberano não é um termo aplicado somente a um rei. Pode ser aplicado a pessoas com independência financeira. Pessoa que manda e não pede. Pessoa que domina o meio em que vive. Alguns candidatos são assim. Elegem-se independentemente de partidos e de coligações. Entretanto, são obrigados a carregar consigo uma camarilha ao assumir o poder.