Não é raro ouvir uma ou outra pessoa tecer comentário desabonador sobre vereadores. Os comentários não são sobre o cidadão que exercer o mandato. Mas o cargo. Alguns dizem que vereador não serve para nada. Outros, misturam cidadão com cargo e exageram, dizem que o cidadão não tem nível para ser representante do povo. Seria bom resgatar as reais funções do vereador. Este resgate deveria partir dos próprios vereadores, para que o povo fique esclarecido.
A melhor regra para construir o futuro é olhar o passado. A função de vereador começou no Império Romano. Lá o vereador era chamado de edil.
Existe controvérsia sobre a origem da plebe em Roma. Não se sabe exatamente como esta população se estabeleceu em Roma. Plebeu em latim significa multidão não organizada. Este povo morava no Império Romano. Eram livres. Podiam possuir bens: terras, comércios e trabalhos como artesãos. Pagavam impostos e prestavam serviço militar. Mas não eram cidadãos. Os plebeus não tinham direitos políticos nem civis.
Como os plebeus pagavam a conta, mas não tinham direito a nada, eles não brigaram com ninguém. Pegaram suas coisas e saíram das muralhas de Roma. O propósito era fundar uma cidadezinha ali por perto.
Os romanos sempre foram habilidosos em suas conquistas. O caso da condenação de Jesus foi a mais hábil. Pilatos lavou as mãos. Os patrícios, que eram os verdadeiros romanos, percebendo que precisavam dos plebeus, propuseram um acordo que seria bom para ambas às partes. A plebe concordou e voltou. Uma destas cláusulas era criação da edilidade da plebe. A plebe elegia dois edis. Depois o número foi aumentando.
A função do vereador daquela época era manter e garantir o bom funcionamento de edifícios, obras, serviços públicos e privados, práticas religiosas e cultos. A criação do cargo de edil deu tão certo, que em cidades longe de Roma os edis eram funcionários do Império.
Começou com dois. Depois o número foi crescendo. Nos tempos atuais, os vereadores têm praticamente as mesmas funções. Numa cidade com cerca de cem mil habitantes tem apenas onze vereadores para executar todas as funções. Em alguns municípios os vereadores só se reúnem três vezes por mês. Não se reúnem em julho e dezembro. Será que dá para fiscalizar tudo com apenas três sessões?
A mídia anunciou que o Senado aprovou uma Proposta de Emenda Constitucional que aumentará de cerca de sete mil vereadores no Brasil. Será que onze vereadores para cidades com cem habitantes são suficiente? Por que não três vezes mais? Trinta e três é um número ideal e mágico. Sendo um número maior de vereadores, abrir-se-á espaço para os plebeus dos nossos tempos e para patrícios livres e de bons costumes.
Nesta proposta aprovada pelo Senado é previsto a diminuição dos gastos. Ter um número maior de vereadores não significa aumento de gastos. O orçamento da possível futura câmara de vereadores será menor que o atual. Embora se preveja diminuição de gastos, o mais importante é o aumento de pessoas de pensamentos diversos discutindo temas e leis que sejam úteis para a plebe de nossos dias. Plebe é uma multidão não organizada. Que é o nosso caso. Elegemos vereadores que fazem o jogo do poder e não o jogo que a plebe. Alguns vereadores nos faz lembrar os edis do Império Romano. Fiscalizam, denunciam atos ilícitos, raramente da plebe. Com mais freqüência atos do Poder Executivo, mas o que mais entristece é que fica apenas na fiscalização e denúncia. Outros vereadores esquecem ou não conhecem suas obrigações. Acobertam os atos ilícitos.