terça-feira, 28 de abril de 2009

Moralidade

Lembram-se do tempo que existia o prático? O prático entendia tudo do seu ofício. Havia práticos que arrancavam dentes, faziam obturações, dentadura e tudo que fosse possível para que a pessoa ficasse com um belo sorriso. Mas não era um cirurgião dentista. Era um prático.

Outro prático muito conhecido no passado era o que trabalhava em farmácia. Na maioria das farmácias o prático era o proprietário. Sabia tudo sobre farmacologia e clínicas. Faziam consultas e prescreviam remédios aos pacientes. Mas não era farmacêutico nem médico. Era prático.

Estes práticos foram extintos. Para ser dentista, farmacêutico e médico é preciso cursar uma faculdade. E continuar estudando sempre, porque a ciência não pára.

Existe um prático que é insubstituível. Na Marinha Mercante o comandante destes imensos navios que atravessam o Atlântico, ao chegar a Santos, ele imediatamente manda chamar o prático. O prático é a pessoa que vai conduzir a embarcação pelo estuário até ao cais para atracar.

O Supremo Tribunal Federal é composto por pessoas de conduta ilibada e notável saber jurídico. São nomeados pelo presidente da República. Não prestam concurso e não são juízes. Seus pareceres e julgamentos estão acima das decisões dos juízes togados. Alguns práticos não podem exercer seus ofícios. Outros podem. É o caso dos práticos da marinha e os ministros do STF.

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado, como o nome diz, para garantir um dote para o empregado quando deixar de trabalhar. Se o empregado for demito sem justa causa, além do dote ele recebe uma multa também.

Quando o empregado aposenta o contrato de trabalho é extinto e FGTS é liberado para saque. Se o contrato de trabalho foi extinto sem que o trabalhador tenha sido demitido sem justa causa, a multa rescisória não é devida. E nunca foi. Entretanto os ministros, que julgam sem serem togados, deram parecer dizendo que aposentadoria não caracteriza extinção do contrato de trabalho. Um fato acontece: o empregador dá baixa na carteira de trabalho. Pode ter tornado legal, mas não é uma imoralidade mexer no capital das empresas? Enquanto houver paternalismo o povo continuará sendo um filho pródigo.

Moralidade devia ser algo como vacina. Inocula-se no indivíduo e este fica imune à imoralidade.
As cotas para deputados voarem para onde desejarem é um ato legal. Também é legal conceder passagens a seus familiares, apadrinhados e se quiser pode vender os bilhetes. Deputados e senadores são escolhidos pelo povo. Poucas pessoas têm coragem de dizer algumas verdades sobre o comportamento do povo que mora no Brasil. Arnaldo Jabor disse algumas destas verdades que o povo deveria ouvir todos os dias.

Felizmente não é só joio. Há trigo nesta plantação. Nem todos utilizam de privilégios que tem direito. Um exemplo que prova que existe no meio desta população que gosta de receber benesses do governo são algumas pessoas com mais de sessenta anos. Um senhor deste grupo estava aguardando sua vez para ser atendido no caixa normal de um banco. Perguntado por que não estava na fila com atendimento prioritário ele disse: imagino que seja para uma pessoa que necessite de cuidados especiais. E acrescentou mais. Disse que não usa transporte gratuito, porque alguém está pagando por estas vagas disponíveis aos idosos. Também imagino que estas vagas sejam para idosos que não dispõe de recursos financeiro e precisam viajar. Deveria ser vetado a passeios turísticos. Moralidade é isto.

O voto do presidente da República, que voa pelo mundo todo vendendo ilusões, o voto do deputado que tem cota para ir e vir tem o mesmo valor deste senhor que não aceita privilégios do Estado que ceva o povo para manter-se no poder. Moralidade é a honra acima do privilégio.