sábado, 22 de novembro de 2008

Droga

Tenho um amigo que tem por hábito ver novelas. Não assiste todas. Só as globais. As melhores são as da seis. São puras e singelas. A maldade maior é quando um malfeitor rouba o doce de uma criança. Novelas não são romances. São momentos de descontração ao cair da tarde. Quanto menos desgraças houver, melhor para se ver.

Este meu amigo reprova o lado errado. Ciranda de Pedra foi a última novela das seis. O prefixo da novela foi uma música gravada por Elis Regina. Ninguém pode negar que era uma excelente cantora. Entretanto, quando entrava o prefixo, este meu amigo tirava o som. Em hipótese alguma ele ouve Elis Regina, Raul Seixas e Tim Maia. Pessoas que fomentavam o crime, usando drogas. Cazuza? Nem pensar.

A história diz que Cazuza, além de usuário era traficante. Esta é uma afirmação de sua mãe. Traficante é traficante. Não importa se nasceu na zona sul ou na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Um amigo, que já não vive mais neste plano, tinha uma farmácia. Nunca me esqueço de sua frase: remédio não é para se tomar. É para vender. Se Cazuza soubesse desta frase, certamente estaria preso, como o Fernandinho Beira-Mar, e não morto.

O sucesso de vendas de uma padaria é o seu produto. Pães deliciosos, doces saborosos e um bom atendimento. O outro fator do sucesso é o consumidor. Sem o consumidor não há sucesso de vendas.

Sodoma ainda vive. Lot lavaria as mãos. A cidade do Rio de Janeiro paga o preço por não ter separado o joio do trigo. Em décadas passadas o povo ia a praia com um apito. Quando uma patrulha policial entrava nas areias da praia, o povo começava a apitar. Este era o alerta, para que os consumidores de drogas as escondessem. Matéria do Jornal Nacional sobre a origem dos arrastões nas praias cariocas.

O povo é culpado? Penso que não. Tanto os usuários como os traficantes são minorias. A culpa é dos governantes e dos defensores dos direitos humanos.

Quando uma padaria deixa de ter sucesso de vendas? Quando o consumidor desaparece. Se não houver consumidor de drogas, não haverá trafico. Tão fácil assim? Evidente que não. Mas este é o princípio.

O meu amigo, do começo deste texto, deixou de assistir a novela das seis. Só voltará a assisti-la quando o ator Fábio Assunção deixar de aparecer na trama de Miguel Falabella. Coincidência ou não a novela Ciranda de Pedra não teve o sucesso esperado. Ficou com média de 22 pontos de audiência. Negócio da China tem média de 24 pontos. O que ambas tem em comum? Os protagonistas de Ciranda de Pedra e Negócio da China são consumidores de drogas. São eles, respectivamente, Marcello Antony e Fábio Assunção. Seria uma egrégora irradiada pelo meu amigo?

Quem fomenta o crime também é criminoso. Quantos comerciantes são presos por ter no estoque de suas lojas produtos roubados? Por que o consumidor de drogas não é considerado receptor de produto do crime organizado? Razões existem.

Se algum dia a Polícia deixar de receber ordem de políticos. Se algum dia deixar de sofrer pressão por parte dos defensores dos direitos humanos e ser independente, como é o Ministério Público, muita coisa vai mudar. Seguramente o delegado Protógenes Queiroz seria condecorado e não afastado da Operação Satiagraha, policiais não seriam presos por cumprir seu dever e nem receber tratamento psicológico por atirar num bandido.
Governante que quer se perpetuar no poder não faz acordo com o povo. Faz acordo com o crime organizado. O povo paga imposto. O crime paga propina.