domingo, 6 de julho de 2008

Afronta



Afronta é o que não falta no cotidiano das pessoas em nosso país. Não é de hoje que somos afrontados por minorias, mas poderosas. Não faz muito tempo, os militares determinaram que a velocidade máxima permitida em uma rodovia era de 80 quilômetros por hora. Acreditem ou não eu conheço um sujeito que tinha um Maverich V8 e andava a 80 por hora.

O governo justificou esta medida dizendo, que estava havendo uma crise de abastecimento de petróleo e era preciso economizar combustível. Quase todo mundo engoliu. Poucos não. Para alguns era um abridão colocado na boca do povo, para que o poder constituído pudesse conduzir o povo para onde o grupo que estava no poder quisesse. Quem gosta de montar sabe, que para dirigir a montaria, é preciso colocar na boca do cavalo um freio, de onde sai as rédeas que possibilita conduzi-lo. Abridão é um tipo de freio colocado na boca de cavalo rebelde, que não obedece aos freios comuns. Ele machuca mais, por isto o animal obedece. O povo obedeceu. Quase todos andavam a 80 por hora.

Esta semana aconteceu um fato interessante. Um cidadão brasileiro se deu o luxo de almoçar em um restaurante. Como fazia tempo que não almoçava fora, pediu uma cerveja para comemorar a vitória da Espanha na Copa da Europa. Aí surgiu um fato novo. Seu carro tinha pouco álcool. Para abastecer teria que ir ao centro da cidade. O carro sem álcool e ele com um pouco de álcool. A Polícia não pegava cidadão honesto. Agora pega. Na dúvida deixou o carro e voltou a pé para o trabalho.

Andava calmamente e descontraído à beira do muro, quando levou um tremendo susto. Um cachorro por pouco não morde algum ponto de sua cabeça. Isto mesmo. O alvo era a cabeça. O muro tinha cerca de 1,70 metros do lado da rua, mas no quintal cerca de 50 centímetros. O cachorro não era de uma raça pura. A cor era amarela com listras pretas. Não se sabe se era Fila. Estava mais para Tigre de Bengala. O focinho era de Bulldog. A boca de Pitt Bull. O dono é brasileiro. Brasileiro que tem o direito de ter o cachorro que quiser em sua casa. Também pode sair com seu cão sem focinheira a passear pela rua, porque a Polícia não pega. Nem o cachorro e nem o dono.

Que afronta, ultraje, vexame este cidadão foi submetido. Susto é uma forma de agressão. Se realmente tivesse sido agredido, não teria como se defender. O cidadão não poder portar arma. “Arma não mata. Quem mata, são as pessoas”. Entretanto é permitido morrer por não poder portar arma para se defender.

O que mata não é a arma. O que causa acidente no trânsito não é o álcool. São as pessoas. Um mal súbito poderá provocar um acidente de trânsito. Totalmente involuntário, mas o condutor será preso, se ele tiver ingerido bebida alcoólica horas antes do acidente. Não há como provar que a causa não foi o álcool. A máxima do direito: “Na dúvida pró réu” foi para o beleléu. Deu rima, mas não vai dar samba. Não existe mais o estado de direito.

Se o acidente envolver autoridades, a imprensa televisiva dá a maior atenção. A razão é lógica: Televisão e rádio é concessão. É preciso agradar o patrão, eméticos clientes que pagam as publicidades da Prefeitura, do Estado e da União. Se os envolvidos forem procuradores ou promotores o alarido é maior. São estes profissionais que põem na cadeia políticos corruptos. Reformulando a frase: São estes profissionais que propõem ações contra políticos corruptos, que mesmo condenados não ficam presos.

Se um cidadão, com dois metros de altura, cento e vinte quilos de massa, beber duas cervejas e for detido numa batida da polícia, ele será preso. Se um magricelo, com um metro e setenta centímetros de altura, tiver cheirado toda a cocaína que pôde e for parado numa batida da polícia, não acontecerá nada. O PCC é um partido forte e atuante. Eles não vendem álcool. Vendem droga.

Há séculos a Igreja Católica tem no seu ritual o vinho como o sangue de Jesus. Nesta semana um padre modificou o rito. Não sei o que ele bebeu como o sangue de Jesus. Vinho não foi, porque ele ficou com medo de ser preso. Seria um vexame um sacerdote ser preso por ter bebido o sangue de Jesus. Será que existe padre alcoolista?

Estes são os nossos dirigentes. Criam polêmicas para desviar as atenções de fatos que podem modificar a conjuntura política.

Se os procuradores e os promotores continuarem neste ritmo de trabalho propondo ações contra políticos corruptos e se não houver cartas marcadas nos Tribunais, a farra vai acabar.

Transformar acidentes de trânsito em crime é uma alternativa para eliminar, legalmente, inimigos dos ocupantes do poder.

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