sábado, 28 de junho de 2008

Bandido

O que leva uma pessoa a se tornar um bandido? Não me refiro aos tolos que passeiam pela cidade mostrando suas tatuagens como se fosse identificação do posto na hierarquia do submundo. Nem das garotas, cujo cachê pode ser calculado pela qualidade da tatuagem. Refiro-me ao bandido que ninguém sabe quem é. Não plantou, mas a colheita foi farta e desfruta das benesses da riqueza adquirida.

Quem costuma freqüentar rodeios, torce para o Bandido ou para o peão? Muita gente torce pelo Bandido. Um touro indomável. Não permite que lhe monte para ser conduzido como um carneiro. Qual será a razão do Bandido ser tão rebelde? Não paga aluguel. Não precisa ir ao supermercado comprar alimento. Não paga IPTU, IPVA, taxa de iluminação pública, taxa de bombeiro. Deve ser porque é um bandido.

Na sociedade, bandido é tido como uma pessoa que rouba, assalta. Um bandoleiro. Nos filmes de faroeste havia muitos bandoleiros. Nos filmes de faroeste a vida é diferente da vida real. O xerife vence e o bandido morre. O juiz julga e o bandido vai preso e fica preso.

Existem bandidos heróis. Robin Hood era um herói. Roubava dos ricos e doava o produto do delito aos pobres. Tem gente que acha que era um ato de nobreza. O que realmente estava por trás? Folclore ou não, o poder.

Nos dias atuais existe ago semelhante. Os impostos que as pessoas que têm maior rendimento pagão imposto mais caro. É uma forma de subtrair, para não dizer roubar, dinheiro do povo.
Virgulino Ferreira, o “Rei do Cangaço”, era herói para alguns e bandido para outros. Seus feitos eram cantados em prosa e verso. A imprensa francesa o tratava como o Imperador do Sertão. Fica a dúvida se era realmente um bandido. Do ponto de vista da definição Lampião era um bandido. Um bandoleiro de nossas terras.

As pessoas que ocupam cargo no governo se julgam acima de qualquer suspeita. O governo Getúlio Vargas concedeu a Lampião o posto de capitão do Exército. O governo precisava de cabra macho para combater a Coluna Prestes. Pela que diz a lenda Lampião não deu nenhum um passo em direção à Coluna dos Comunistas.

O governo nomeia um grupo fora da lei para combater outro grupo também considerado fora da lei. Assim são as pessoas quando estão no poder. Ignoram a lei e passam a administrar segundo seus próprios desejos ou doutrinas políticas.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu a dissolução do Movimento dos Trabalhadores sem Terra, porque a Promotoria, em seu relatório, concluiu que o MST usa tática de guerrilha em suas atividades, que é invadir terras dos outros.

Parece que o governo não sabe que existe este movimento. Como a história se repete de ciclos em ciclos, só falta o governo ignorar a lei e nomear o Primeiro Comando da Capital para combater os guerrilheiros sem terra.

Como toda moeda tem dois lados, o lado dos invasores tem outra versão, que logicamente não é a mesma da Promotoria. O coordenador do movimento no Rio Grande do Sul disse que o relatório apresentado pelo Ministério Público é uma paranóia e atende a interesses ideológicos e políticos. “O que está ocorrendo no Rio Grande do Sul é uma articulação, que, no nosso entendimento, é uma das maiores desde a ditadura militar, que pretende acabar com as organizações sociais. O Ministério Público Estadual, a Brigada Militar, o governo do Rio Grande do Sul, articulados com grandes empresas, que estão querendo impedir a mobilização dos trabalhadores. A luta pela reforma agrária é, sobretudo, uma luta política, no sentido de que a conquista da terra é uma luta política. As denúncias do Ministério Público são infundadas”. Foi o que disse Cedenir de Oliveira.
A norma estabelecida tem que prevalecer. Bandidismo é muito bonito em enredo de cinema ou novela, tema de romance de cordel e folclore para os ingleses ver.

O touro Bandido é que está certo. Ninguém monta em seu lombo. O povo, por sua vez, não se espelha no Bandido. Prefere esperar que alguém tome providência para que o povo não tenha que pagar tanto imposto e nada receber em troca. Preferem carregar no largo lombo o peso de um governo tendencioso e que administra a coisa pública em benefício próprio. Inclusive nos municípios.

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