sábado, 26 de março de 2016

Luzes



Quando o espetáculo acaba, as luzes do palco se apagam. O palhaço tira sua maquiagem, troca a fantasia pelo pijama e sua vida continua no anonimato. Não é mais o centro das atenções no picadeiro. Assim deveria ser o político quando deixa o cargo.

Parece contraditório, mas é no passado que se alicerça o futuro. As luzes se acenderam no século que se seguiu à idade das trevas. A Idade Média cedeu lugar ao Século das Luzes. Ninguém pode negar que o Iluminismo, como o próprio nome define, iluminou o pensamento de grandes escritores, políticos e filósofos. Uma revolução intelectual que motivou mudanças na política, na economia e na sociedade.

No Brasil, as luzes influenciaram a Inconfidência Mineira. Foi neste período que surgiu uma expressão tipicamente mineira: UAI. Segundo historiadores mineiros, boa parte dos inconfidentes eram maçons. Como se diz por aí, eles têm seus segredos. As reuniões dos inconfidentes também eram secretas. Para entrar no recinto combinado, o inconfidente batia na porta de certa maneira. Do lado de dentro perguntava-se: Quem vem lá? A resposta deveria ser UAI, que era a senha. UAI são as iniciais de União, Amor e Independência.
Nas colônias britânicas, o maior acontecimento sob a influência das luzes foi a independência dos Estados Unidos da América.

Foi na França que a luzes marcaram sua real presença culminando com a Revolução Francesa, cujo lema era Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Frase do iluminista Jean-Jacques Rousseau. Embora a revolução tenha aniquilado o absolutismo monárquico, tornou-se, posteriormente, um flagelo para a sociedade francesa.

Para os iluministas, o homem é naturalmente bom, mas é corrompido pela sociedade com o passar do tempo. O mesmo acontece com pessoas que assumem o poder. Assim foi com os revolucionários. Derrubaram o absolutismo, criaram a Declaração dos Direitos do Homem e mergulharam, em seguida, a França numa ditadura sangrenta.

Voltaire era monarquista e deísta. Ele afirmava que para chegar a Deus não era preciso passar pela Igreja e sim usar a razão. Deísta é a pessoa que considera a razão como a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus. Evidentemente rejeita qualquer religião. Como nem todos são iluministas, melhor seguir uma religião.

Pouco importava aos iluministas se a pessoa era monarquista ou republicana. O que importava era tornar o mundo melhor. Também não admitiam falta de cultura entre os dirigentes públicos. Razão porque alguns deles se mantiveram monarquistas, pois os monarcas eram educados para exercer o cargo. Na república não precisa estudar e nem ter cultura.

O governo está veiculando uma propaganda onde tentam incutir na mente dos brasileiros sem cultura, que o Brasil é uma pátria educadora. Como pode ser educadora se prega o protecionismo. Protege algumas pessoas por causa de sua raça. Esquecendo que todos são brasileiros iguais e têm os mesmos direitos. As cotas raciais se opõem à meritocracia. Estudantes que estudam, são obrigados a ceder seus lugares na faculdade a alguém que não tem o mérito de ocupá-lo.

Não bastasse o acordo ortográfico, que foi assinado por políticos e não por acadêmicos, o governo está propondo algumas alterações no ensino das disciplinas Língua Portuguesa e História. Nesta proposta não estudaremos mais literatura portuguesa. Tudo indica que faz parte do populismo do atual governo agir de forma ideológica, ao querer privilegiar a cultura indígena, por exemplo, tentando nos fazer esquecer a cultura europeia, que nos colonizou.

Duas frases de Voltaire que continuam atuais: Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la. A outra: É difícil liberar os tolos das correntes que eles veneram.