domingo, 3 de maio de 2015

Paternalista


Algumas frases têm que serem repetidas para que funcione como aquela gota de água que tanto bate até que fura. É o caso de uma frase do Cardeal Richelieu: Fazer uma lei e não velar pela sua execução é o mesmo que autorizar aquilo que queremos proibir.
Além de Cardeal também foi Primeiro-ministro do Rei Luís XIII. Quem leu o romance de Alexandre Dumas – “Os Três Mosqueteiros” – tem uma pequena ideia de quem foi o Cardeal. Repetindo o que os historiadores dizem, o Cardeal Richelieu foi o arquiteto do absolutismo na França. Embora eu não tenha nenhum apresso pelo absolutismo, sua frase continua oportuna e aplicável, não só para o cenário nacional como também para as células do poder que são os municípios.
Para que se mantenham no poder, os políticos se valem de todas as armas possíveis. Nem precisar citar os episódios do “Mensalão” e “Petrolão” e na célula Biriguiense a compra de votos. Tudo começou lá no Estado Novo com a tomada de poder por Getúlio Vargas. O Pai dos Pobres, como era chamado por ter criado uma série de leis paternalista. Certamente o propósito não era o benefício do povo, mas agradar o povo e consolidar-se no poder. E assim se sucedeu até ser deposto. Tanto era o seu populismo que voltou ao poder, desta vez pelo voto.
Os entulhos da Era Vargas continuam até os dias atuais. Voz do Brasil um programa que não serve par nada. A Consolidação das Leis Trabalhistas é um bom exemplo destes entulhos. As leis devem existir porque elas são coercíveis, isto é, podem reprimir ou coibir ou conter excessos.
O Imposto Sindical é um bom exemplo do entulho que a CLT conserva na sociedade que mais paga imposto em todo o planeta Terra. “Brasil – o país dos impostos”. Slogan de uma emissora de rádio da Cidade de São Paulo. O Imposto Sindical é uma contribuição anual, embora seja classificada como contribuição, ela é compulsória e o contribuinte não escolhe o valor a ser recolhido. O valor equivale a um dia de trabalho, que o trabalhador, empregado ou patrão, filiado ou não, dá por ano ao sindicato de sua categoria. Ninguém pode recusar. É imposto e descontado em folha de pagamento.
Se os sindicatos são entidades independentes, por que receber dinheiro público e não prestar contas ao Tribunal de Contas da União? Deve-se inverter o conceito da frase do Cardeal Richelieu, porque neste caso Estado mantém a lei, mas não vela para que fim os recursos foram utilizados. Imposto que faz falta para muitos empregados e que ninguém quer cumprir esta obrigação. Pagar um imposto que não trás benefício algum para a sociedade.
Publicidade é um recurso que os meios de comunicação utilizam para mostrar aos consumidores a qualidade de um produto. Quando se lê, vê ou ouve uma peça de publicidade de algum órgão público, certamente não se trata de publicidade e sim de propaganda.
Com atitudes semelhantes a Hitler, Getúlio criou o Departamento de Imprensa e Propaganda, cujo objetivo era censurar a imprensa, o teatro, o cinema e todos os órgãos de comunicação e incutir no povo a doutrina política do novo governo. Getúlio Vargas assumiu a Presidência sem pertencer a nenhum partido político.
O paternalismo não desapareceu com a morte de Getúlio. Continua atual. Meia entrada para estudante, passagem gratuita para idosos, seguro desemprego, minha casa minha vida, bolsa família, passe livre nos ônibus urbanos, estatuto da criança e do adolescente, estatuto do idoso, auxílio reclusão, etc. O bom pai não dá o peixe. Dá a vara para pescar.
Infelizmente existem muitos atos paternalistas, não só os elencados neste artigo e não há espaço para explicar o porquê de serem paternalistas. É só refletir.