sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ordenação


Quando se fala em ordenação, logo nos lembramos das Ordenações Manuelinas. Quem não faltou à aula de história sabe do que se trata. Relembrando, Dom Manuel era o rei de Portugal quando Pedro Álvares de Cabral veio descobrir o Brasil. Portugal deixou de ser um simples reino e estava se tornando um império. Tinha leis demais, razão por que Dom Manuel pediu a ordenação das leis.
Não há registro na história que algum torneiro mecânico tenha se tornado rei. Todos os reis são educados para conduzir a nação. Nem sempre são responsáveis pela administração do Estado. Era o caso do Império do Brasil, que foi o décimo primeiro maior império da história e também era uma monarquia constitucional parlamentarista. Se ocorrer uma ordenação das leis, o parlamentarismo será uma ótima opção para o regime político, mesmo sem ter um rei educado.
Embora eu já tenha escrito aqui na Folha da Região, sobre a extinção dos partidos políticos, está proposta está tomando corpo. Não porque eu escrevi, mas porque é óbvio. Para que existir partido se são pessoas que ocupam os cargos? Se os partidos forem extintos, com absoluta certeza pessoas de conduta ilibada teriam coragem de se candidatarem a cargos eletivos. A sociedade ganharia muito com esta nova proposta. Se a pessoa não tem o dever de cumprir a cartilha dos partidos, decidirá segundo suas próprias convicções.
As ordenações das leis não podem ser executadas por políticos. Nenhum político acabará com partidos, pois o partido seleciona o candidato. Seja por conveniência política ou pela conta bancária do aspirante a candidato. Neste caso, o valor cobrado é alto. Elas devem ser executadas por juristas.
Algum vereador das cidades de nossa região entraria com um projeto na Câmara, para limitar seus vencimentos em apenas um salário mínimo? Algum prefeito faria uma reengenharia na administração pública, eliminando secretarias desnecessárias e estabelecendo normas regulamentares para impedir a contratação dos apadrinhados? Não. Só um jurista ordenando as leis faria isto.
Caso ocorra uma ordenação, os juristas deveriam ouvir os leigos. A inocência e a ignorância do leigo podem abrir portas para mudanças, que, às vezes, os técnicos não percebem. É justo a existência do Tribunal do Júri? Os argumentos dos profissionais de direito são contundentes e justificam que é a sociedade que está julgando o crime de um cidadão. Um bom advogado ludibria qualquer um. Menos o Juiz. Por que não o Juiz julgar? É hora de quebrar paradigmas.
Há alguns anos, policiais no seu efetivo exercício de trabalho, por ordem do Estado, entraram na Casa de Detenção para debelar uma rebelião de bandidos. Caíram numa armadilha armada pelos presidiários. O crime organizado e os políticos venceram. Após alguns anos os policiais foram condenados. Além do Supremo Tribunal Federal, no caso do Mensalão, agora o Tribunal de São Paulo também é desmoralizado. Ponho em dúvida se, neste caso, o Tribunal do Júri é eficaz e justo.
Nesta semana também foi criado o Estatuto da Juventude. Pouco importa do que se trata este estatuto. Só uma coisa chama a atenção e ninguém vai propor mudança. Meia-entrada para estudantes é clientelismo. O estudante paga metade. A outra metade que paga é você. É justo?
Se houver uma ordenação, seguramente todos os estatutos, criados para servir como cabresto eleitoral, serão extintos.