sábado, 9 de março de 2013

Imensurável


É impossível medir algumas coisas. Como mensurar a dor que um paciente está sentindo? Lembrei-me de tentar medir estas coisas abstratas, mas que não deixam de ser concretas nos melhores e piores momentos de nossas vidas, quando um amigo sofreu queimadura em boa parte de seu corpo. Dizem os médicos que a dor de queimadura é muito intensa. Aos familiares, uma dor que não queima na pele, mas na alma.
Felicidade é o oposto do amargor. As pessoas sofrem por alguma enfermidade ou perda de entes queridos. Também não é possível medir o quilate da felicidade, mas ela é sempre menor do que a do vizinho.
Tolice é o oposto de sensatez. Da mesma forma não dá para mensurar o quanto uma pessoa ou um grupo de pessoas são tolas, também não é possível quantificar o quanto uma pessoa ou um grupo são sensatos.
O fanatismo pode mudar o rumo de muita gente. Mesmo que seja uma mudança de fachada. Há quem diga que presidiários se converteram em fervorosos seguidores da doutrina evangélica. Fervorosos seguidores pode ser fanatismo. Neste caso, pode ter servido para tirar uma pessoa do mundo do crime. Melhor seria se todos os fanáticos fossem clientes do Dr. Simão Bacamarte.
Fiéis de uma torcida foram à Bolívia assistir um jogo de futebol. No dia seguinte apenas uma nota no rodapé da primeira página do jornal El Deber de Santa Cruz de La Sierra, “SAN JOSÉ EMPATA ANTE El CAMPEÓN”. Aparentemente a morte do garoto boliviano só repercutiu no país dos impostos, carnaval, futebol e corrupção.
O ato inconsequente de um delinquente juvenil pode ter sido motivado por lideranças, mas o fato mais importante e também imensurável foi o desprendimento da mãe do fiel seguidor de futebol. A mãe exigiu que seu filho fosse à Polícia. Caso ele não fosse ela iria fazer a denúncia.
Durante oito anos a Folha da Região permitiu que eu informasse à população atos que estavam acontecendo na administração pública em Birigui. Como disse Martin Luther King: “Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa”. Alguns jornalistas da Folha da Região foram hostilizados por informar o fato como o fato foi. Foram obras desnecessárias por um lado, parcos recursos para a saúde por outro. Desvios de verbas de uma rubrica para outra caracterizando fraude contábil. Por estes fatos e por tantos outros, foram ajuizado ações contra os administradores da Prefeitura. Até o fechamento desta matéria não havia informação de sentença transitada em julgado condenando os réus.
Na Eleição passada o prefeito teve grande participação na campanha e conseguiu que seu candidato fosse eleito. O que ninguém esperava é que surgisse suspeita de compra de votos. A Justiça analisou o processo e cassou o mandato do prefeito eleito e já empossado.
Surgiu um movimento, inicialmente nas redes sociais, com característica de pessoas inconformadas com a cassação que Sentença da Justiça aplicou ao prefeito. Não sei se existe um líder, se existe ele não está muito bem informado. O Juiz condena segundo a legislação. Praça pública não é o fórum apropriado para discordar da sentença. Manifestação em praça pública com a intenção de jogar a população contra o Juiz é subverter a Ordem Judicial. É insubordinação.
Da mesma forma que um desavisado fanático disparou um sinalizador contra um garoto boliviano, um suposto líder está arregimentando uma turba para se manifestar contra o Juiz. Vale lembrar que o Regime Militar endureceu por causa dos ataques terroristas. Não o contrário. Terrorista pode ser do tipo que a Dona Presidente foi ou pôr tolice na cabeça do povo medíocre, que forma o colégio eleitoral do nosso país.
Insanidade é imensurável. Como medir as consequências destes atos contra o Juiz?
Tolice é o oposto de sensatez.